segunda-feira, 29 de abril de 2019

Persian King - Poule d'Essai des Poulains





A temporada clássica na França  inicia-se com as provas preparatórias que credenciam para as Poules. Iremos analisar vencedores dessas provas à luz de seus pedigrees. 

PERSIAN KING (Irlanda)

Prix de Fontainebleau - G3, 1.600m, grama, 3 anos inteiros, E$ 80.000, Longchamp. Pista intermediária com alongamento à direita.

Carta de Longchamp. 



Persian King traz na estruturação de seu pedigree o que se chama equivalência genética, ou seja, a duplicação de parentes próximos - irmãos inteiros, meio irmãos ou primos. Esses inbreedings de ancestrais com pedigrees similares apresentam a possibilidade de se buscar endogamia sem alterar de forma significativa o coeficiente de consanguinidade, o que teoricamente pode permitir algum tipo de vigor híbrido.

Ele é filho de Kingman, por Invincible Spirit que é um Green Desert sobre uma Kris e de uma Dylan Thomas, que por sua vez é um Danehill sobre uma Diesis. Sendo que Diesis e Kris são irmãos inteiros. Também potencializando muita força por via masculina alta sobre Danzig, já que Green Desert e Danehill são seus filhos. Invincible Spirit e Dylan Thomas possuem uma equivalência de 50%.






Esse cruzamento equivalente, envolvendo linhagens específicas, demonstra ser hoje uma alternativa com enorme possibilidade de sucesso no planejamento das coberturas, outros exemplos dele que podem ser citados são os G1:

Shalaa




Vale of York



O cruzamento que gerou Persian King demonstra claramente as decisões que as grandes corporações criadoras, em seu caso Dayton Investments,  estão tomando para aumentarem as chances de sucesso dos seus produtos nas pistas, ou seja, utilizando os serviços de consultorias especializadas no planejamento pedigrístico para elaboração de suas "Cartas de Monta". Na moderna indústria do turfe não cabe mais cruzamentos no modo aleatório, por simpatias ou de pretensa técnica, em razão do concorrente poder do outro lado estar utilizando o trabalho de especialistas. A criação do PSI é igual a qualquer outra indústria e os seus riscos devem ser minimizados a todo custo, seguramente o ponto basal é a escolha de cruzamentos apropriados. A modernidade hoje abriu a todo criador a opção de adquirir as coberturas mais adequadas as suas éguas, e elas podem estar em qualquer garanhão disponível no mercado.






























sábado, 20 de abril de 2019

O Aga Khan IV




O Aga Khan IV com a rainha Elizabeth II no castelo de Windsor em março de 2018.


Não fuma, não bebe e aos 81 anos, celebra 60 como líder espiritual dos ismaelitas, uma comunidade com cerca de 15 milhões de fiéis espalhada por todo o mundo. Quem é então o atual Aga Khan, o quarto a deter o título? 

Nasceu príncipe, mas não Aga Khan. A 13 de dezembro de 1936, nascia o primogênito do príncipe Aly Khan. O nome? Shah Karim Al Hussaini. O título Aga Khan IV demoraria 20 anos a juntar-se ao seu nome. O príncipe Karim, que tem cidadania britânica, passou a infância em Nairóbi, Quênia, onde foi educado por um tutor escolhido pelo avô. Tinha 13 anos quando seus pais se divorciaram. A separação de Aly Khan e de Joan Yarde-Buller, a princesa Tajuddawlah, aconteceu em razão do príncipe - que deveria herdar o título de Aga Khan IV quando seu pai morresse - ter conhecido a estrela de Hollywwod Rita Hayworth em 1949, com a qual casou-se no mesmo ano, sendo que ela jamais se converteu ao islamismo como a tradição exigia, tornando-se assim o seu terceiro marido.

Em 11 de julho de 1957, o Aga Khan III, que detinha o título desde os 7 anos morreu aos 79 anos de idade.
O príncipe Karim tinha 20 anos e estava em seu primeiro ano de estudos universitários em Harvard, todos esperavam que o seu pai se tornasse o 49. imã dos ismaelitas. Mas, a vontade do imã era outra e o testamento do Aga Khan III dizia:

"Desde os tempos do meu antepassado Ali, o primeiro imã, ou seja, durante um período de 1300 anos, foi sempre tradição de nossa família que cada imã escolhesse o seu sucessor sem restrições, entre qualquer um dos seus descendentes, sejam eles seus filhos ou não. Nestas circunstâncias, e tendo em conta as alterações no mundo nos anos recentes, estou convencido que é do melhor interesse para a comunidade muçulmana xiita ismaelita que eu seja sucedido por um jovem, criado e educado na nova era, e que, por isso, traz consigo uma nova perspectiva de vida para o seu ofício de imã. Por estas razões, nomeio o meu neto Karim, filho de meu próprio filho, Aly Salomone Khan Al Hussaini, para me suceder no título de Aga Khan e como imã de todos os seguidores xiitas ismaelitas."

A decisão era inédita. Nunca, em 1300 anos de história, o título tinha saltado uma geração e o príncipe Karim passou a ser o Aga Khan IV, o quarto de sua linhagem, e líder espiritual de mais de 20 milhões de seguidores, espalhados por 25 países, a maioria vivendo em nações asiáticas e africanas, como Paquistão, Afeganistão, Irã, Índia, Bangladesh, Jordânia, Síria, Iêmen, Tajiquistão, Omã, Bahreim, Quênia, Tanzânia e Moçambique. Nos Estados Unidos, Canadá e Reino Unido há também grandes comunidades ismaelitas. Inclusive no Brasil existe uma comunidade de cerca de 8.000 ismaelitas.

Essa comunidade reconhece em quem usa o título hereditário de Aga Khan a autoridade espiritual do profeta Maomé, já que se acredita que é descendente direto do último profeta do Islã. Aga Khan é um título que foi concedido ao 46. líder ismaili Hasan Ali Shah, no século XIX, pelo casamento com a filha do Xá da Pérsia, na dinastia Qajar. A partir, desse momento, o imã passou a ser referido como "Aga Khan". O atual imã Shah Karim, viu o mesmo título ser reconhecido, na altura de sua designação, pela atual rainha da Inglaterra Elizabeth II. E por tal razão que o líder dos ismaelitas é honrado como "Sua Alteza". O círculo social no qual se move é o de toda realeza internacional e por ela considerado como um igual. É efetivamente um príncipe, vêm de uma linhagem reconhecida como nobiliárquica, e é visto como um par sem Estado.

O papel do Aga Khan é diferente de um líder espiritual cristão. As suas obrigações não são apenas as de guiar espiritualmente os ismaelitas. É esperado que tudo faça para melhorar as condições de vida da sua comunidade e daqueles que vivem à sua volta, já que a divisão entre vida espiritual e física não existe no Islã. 





Em 1967 criou a Fundação Aga Khan, com objetivo de minimizar a fome, a pobreza e a falta de saúde nas regiões mais pobres do mundo. Desde então, nasceram as Academias, a Universidade Aga Khan, a Universidade da Ásia Central e a Rede Aga Khan para o Desenvolvimento. Todos os anos são ajudados 2 milhões de alunos nos seus estudos, desde o pré-escolar até a universidade, leva cuidados de saúde a 5 milhões de pessoas e ajuda a fornecer eletricidade a 10 milhões.


Os Cavalos




Harzand, ao vencer o quinto Derby de Epsom para S.A. Aga Khan IV. Somados os resultados de Aga Khan III, a dinastia possui um total de 10 vitórias na mais importante prova do calendário mundial para produtos de 3 anos.



Em 1960, o príncipe Aly Khan morre em um acidente automobilístico nos arredores de Paris. A morte do seu pai trouxe um novo desafio ao Aga Khan.

"Quando meu pai morreu, eu e os meus três irmãos ficamos a braços com uma tradição da família da qual nenhum de nós sabia nada." 

O Aga Khan IV referia-se ao Aga Khan Stud, o negócio de criação de cavalos de corrida, que está na família a mais de um século, e de onde saem alguns dos mais famosos puros-sangue do mundo. 

"Nunca vi interesse naquilo, e o negócio era uma total surpresa", disse a Vanity Fair em 2013. "Foi uma decisão muito difícil a de continuar. A três gerações - Aga Khan II, Aga Khan III e Príncipe Aly Khan - que o negócio era bem sucedido. Se a quarta geração falhasse... era um risco que tinha que correr", explicou então. 

Esse negócio nada tinha a ver com as responsabilidades no imamato, mas o Aga Khan IV decidiu comprar a parte dos irmãos e arriscar-se na gestão do negócio. A aposta correu bem e é hoje uma das principais fontes de sua riqueza - não a única, também detém uma importante cadeia de hotéis e outros negócios, principalmente em tecnologia - a sua fortuna pessoal foi avaliada em 2008 pela Forbes em 800 milhões de euros.





Hoje é habitual ver S.A. Aga Khan IV nas corridas prestigiando seus cavalos. "Acabei por aprender a adorar a atividade. É muito excitante, um desafio constante. De cada vez que me sento para estudar as opções de cruzamento para criar um cavalo, me sinto como a jogar um jogo de xadrez com a natureza."

Mas esta é a sua riqueza pessoal e de onde várias vezes saiu dinheiro para ser injetado na fundação do imamato. Esse é financiado através de dízimos; cada um dos fiéis tem a obrigação de entregar ao imã entre 10 e 12% dos seus rendimentos. Em 1979 em uma entrevista a BBC disse:  "A receita do imamato é entregue pela comunidade ao imã. Ele tem a responsabilidade de gerir essa receita. Eu diria que 98% desses fundos - na verdade, muito mais do que 98%, provavelmente 150% - volta para a comunidade, o imamato gasta muitas vezes mais do que realmente tem." Quanto a sua grande fortuna diz: "Não temos o conceito de que acumular riqueza seja algo mal. A ética islâmica diz-nos que se tivemos a capacidade ou a boa sorte de sermos um privilegiado, então temos uma responsabilidade moral perante a sociedade."

Numa entrevista à revista Elle, diz que não tem tempo para pensar em si: "Qualquer pessoa que enfrente uma situação de grande responsabilidade sente uma certa solidão. Mas os meus dias são ocupados. Não tenho tempo para pensar em mim mesmo. Tenho momentos de cansaço, de preocupação, mas sem sentir abandono. Estou comprometido com o que faço. Tenho de pesar, refletir, tomar decisões que sejam sábias. Mas com os meus conselheiros escapo do isolamento. A responsabilidade é uma tarefa que amamos. Recebi de meu avô pesadas obrigações, mas elas não são um fardo. É um prazer dedicar-me a comunidade, trabalhar para o bem das pessoas."

Condensado de Ana Kotowicz.