quinta-feira, 13 de agosto de 2020

Shuttles desprezados - Final






Após recebimento de mensagens lamentando a incapacidade de importante parcela de nossa criação em ter um entendimento mínimo razoável sobre a gravitação genética do PSI no turfe mundial, daremos por fim a série "Shuttles desprezados". De fato, ela deprime aqueles que possuem uma melhor compreensão técnica do assunto.

Mas colocaremos a título de encerramento, alguns garanhões que serviram no Brasil listados na estatística europeia de avôs maternos. Todos, sem exceção, tiveram suas filhas desprezadas pela criação brasileira.


1 - SINNDAR

Sinndar vencendo o Prix de L'Arc de Triomphe.


Sinndar vencendo o Derby de Epsom.

 




2 - TREMPOLINO

Trempolino vencendo o Prix de L'Arc de Triomphe.

 

 


3 - PEINTRE CÉLÈBRE

Peintre Célèbre vencendo o Prix de L'Arc de Triomphe.







5 - SHIROCCO e MANDURO

Shirocco vencendo a Breeder's Cup Turf.


Manduro.

 





Essas estatísticas nomeiam os 100 principais avôs maternos do turfe na Europa e as analisando podemos ver em qual patamar de garanhões os DESPREZADOS por nossa criação se situam. É incompreensível que as filhas desses mesmos garanhões produzem com sucesso na Europa e as nascidas aqui raríssimas vezes recebem oportunidade na reprodução. A nossa seleção genética é assim tão superior a europeia para se dar ao luxo desses descartes?

Ainda temos genéticas de primeira qualidade oriundas de diversos shuttles e que são respeitadas internacionalmente, certamente esses garanhões se credenciarão como bons avôs maternos. É evidente ser necessário separar o joio do trigo, muitos elementos inferiores que por aqui aportaram e não foram bem na reprodução, quase com certeza também confirmarão serem avôs maternos de baixo calibre.  

Ao pensarmos em grandes performers na reprodução que não alcançaram maior êxito através de seus filhos, jamais devemos nos esquecer do exemplo de SECRETARIAT, um mediocre pai de ganhadores e alçado a chef-de-race pela utilização massiva de suas filhas.
















segunda-feira, 10 de agosto de 2020

Shuttles desprezados - GIANT'S CAUSEWAY






Novamente nos confrontamos com outro SURPREENDENTE equívoco da criação brasileira, a não valorização da produção de GIANT'S CAUSEWAY.

A constatação no ambiente técnico internacional, do pouco aproveitamento da descendência de GRANDES cavalos que serviram no Brasil é um aspecto que pesa de  forma muito negativa contra o nosso turfe.

O atual baixo desempenho de nossa produção quando confrontada no turfe norte-americano, que hoje parece ser o nosso principal alvo de exportação, evidência que o entendimento quanto a qualidade de indivíduos importados e a efetiva valorização dos bons elementos nacionais deve ser revisto com urgência. Também não devemos esquecer a descendência daqueles garanhões importados residentes, que mesmo com muito boa produção foram relegados ao ostracismo, SILENT TIMES, NEDAWI, CRIMSON TIDE e VETTORI. 

É necessário reconhecer que os haras brasileiros possuem staffs de primeiríssima qualidade, que entregam yearlings em condições invejáveis de criação quando comparados aos animais europeus e norte-americanos. Infelizmente, essa qualidade de trabalho não recebe adequada resposta nas pistas em razão de importante parcela desses yearlings serem frutos de cruzamentos equivocados e/ou descendentes de mensageiros de sofrível categoria

Mas, é importante ressaltar que no Brasil ainda existe alguma genética de primeíro escalão, que apenas aguarda as combinações adequadas para produzir animais de melhor categoria e consequentemente com maiores chances de oferecer resultados mais expressivos quando levados ao exterior.

GIANT'S CAUSEWAY em pistas foi um indiscutível craque, correu 8 consecutivas provas de grupo 1, venceu cinco e ficou em segundo lugar nas outras três. Suas principais vitórias foram o St. Jame's Palace Stakes, ENG-Gr.1; Eclipse Stakes, ENG-Gr.1; Champagne Sussex Stakes, ENG-Gr.1; Juddmonte International Stakes, ENG-Gr.1 e Irish Champion Stakes, IRE-Gr.1. 

Recebeu os seguintes títulos: 2000 European Horse of the Year; 2000 European Champion 3-year-old male; 2000 English Highweight 3-year-old male 9.5-11F; 2000 Irish Highweight 3-year-old male 7-9F e 9.5-10.5F e 2002 European Iron Horse.

Como garanhão GIANT'S  CAUSEWAY é simplesmente um chef-de-race.  Venceu a estatística geral norte-americana de pais em 2009, 2010 e 2012. Foi segundo colocado em 2008 e 2014. Terceiro em 2006 e 2013. Quarto em 2007, 2011 e 2019. Em novembro de 2019 The BloodHorse o creditou com 190 diferentes vencedores de provas de grupo. É pai de SHAMARDAL, Bricks and Mortar, Footstepsinthesand, Brody's Cause, First Samurai, My Thypoon, Maids Causeway, Ghanaati, etc.



Estátua em homenagem a Giant's Causeway no Coolmore Ashford Stud.


Como avô materno, nesse momento Giant's Causeway é apenas o SEGUNDO colocado nas estatísticas norte-americanas por SOMAS GANHAS, G1 STAKES WINNERS, G1 STAKES HORSES, GRADED STAKES WINNERS, BLACK TYPE WINNERS e BLACK TYPE HORSES.

Abaixo estatística por Somas Ganhas.





Mesmo tendo servido em shuttle na Argentina, Giant's Causeway possui 72 filhos registrados em nosso StudBook, dos quais 41 são fêmeas. Dessas 41 filhas somente 16 estavam ativas, considerando temporada de monta a partir de 2017.

Sendo que o principal contingente dessas filhas de Giant's Causeway encontra-se servindo no Haras Santa Maria de Araras. E curiosamente esse mesmo haras possui em seu plantel de sementais a CATCH A FLIGHT, o único representante masculino de Giant's Causeway na criação brasileira.  

Não é privilegiando o amadorismo na seleção de plantel e falta de planejamento em seus cruzamentos que o élevage Bozano domina a décadas o turfe brasileiro.



















sexta-feira, 7 de agosto de 2020

Shuttles desprezados - HOLY ROMAN EMPEROR



HOLY ROMAN EMPEROR, chegou ao Brasil para servir na temporada de 2012, trazendo em seu cartel o título de "Champion European 2YO 2006". Venceu quatro de suas sete apresentações, aos 2 anos levantou o Prix Jean-Luc Lagardere / Grand Criterium (FR-Gr.1), 1400 metros; Phoenix Stakes (IRE-Gr.1), 1200 metros; Railway Stakes (IRE-G2), 1200 metros; segundo no National Stakes (IRE-Gr.1), 1400 metros e Dewhurst Stakes (GB-G1), 1400 metros. 

Em sua primeira geração, nascida em 2008, se sagrou líder na estatística europeia para produtos de 2 anos, e repetiu o feito em 2012. É considerado pelo Timeform como o melhor 2 anos de DANEHILL.

Seus melhores filhos incluem Romanised (Irish 2.000 Guineas-Gr.1, Prix Jacques le Marois-Gr.1); Homecoming Queen (1.000 Guineas-Gr.1); Morandi (Criterium de Saint-Cloud-Gr.1); Well Timed (German Oaks-Gr.1); Designs On Rome (Hong Kong Classic Cup-Gr.1, Hong Kong Gold Cup-Gr.1 (x2)); Beauty Only (The Hong Kong Classic Mile-Gr.1, Rich Tapestry (Santa Anita Sprint Championship-Gr.1); Sheidel (Oakleigh Plate-Gr.1); Glorious Empire (Sword Dancer Stakes-Gr.1); Mongolian Khan (NZ Derby-Gr.1, Australian Derby-Gr.1, Caulfield Cup-Gr.1); Rollout The Carpet (NZ 1.000 Guineas-Gr.1), os Grupo 2 - Banimpire, Mango Diva, Rich Legacy, Parvaneh, etc. 

Entre nós produziu Maraton (GP J.Adhemar de Almeida Prado-Gr.1, GP Farwell-Gr.1); Say It Again (GP Marciano de Aguiar Moreira-Gr.2); Ixquenta (GP Roger Guedon-Gr.3); Ficante (2nd Copa ABCPCC Velocidade Mario Moglia-Gr.3 e GP Adhemar e Roberto Gabizo de Faria-Gr.3); Holy Biblos (2nd GP Pres Antonio Grisi Filho-Gr.2, GP Pres Roberto Alves de Almeida-Gr.3, GP Edmundo de Oliveira Dias-Gr.3); Impeachment (3rd GP Estado do Rio de Janeiro-Gr.1); Smart Face (3rd GP Henrique de Toledo Lara-Gr.2); Friendly's (3rd GP 11 de Julho-Gr.2, 4rd GP Diana-Gr.1); Imbativel Hulk (3rd GP Adhemar e Roberto Gabizo de Faria-Gr.3), etc. No Uruguai a multi-ganhadora clássica Holy Legal... 

Infelizmente HOLY ROMAN EMPEROR não correspondeu em nosso turfe como pai de grandes ganhadores na quantidade esperada e naturalmente foi penalizado por nossa criação com o não aproveitamento adequado de suas filhas na reprodução. Na Europa onde suas filhas foram devidamente prestigiadas, ele encontra-se no DÉCIMO SÉTIMO posto da estatística europeia de avô materno para G1 Stakes Winners.


Estando a frente de respeitados nomes como os de MONTJEU, SINGSPIEL, DANSILI, EXCEED AND EXCEL, INVINCIBLE SPIRIT, MONSUN, MACHIAVELLIAN, GREEN DESERT, FASTNET ROCK, etc.

Nessas últimas semanas HOLY ROMAN EMPEROR brindou o turfe europeu com uma neta vencedora de grupo, a 2 anos SHANA (Frank Conray Silver Flash Stakes, IRE-Gr.3) e o turfe norte-americano com NEWSPAPEROFRECORD, vencedora do Just A Game Stakes, USA-Gr.1, tendo essa levantado aos 2 anos a Breeder's Cup Juvenile Fillies Turf, USA-Gr.1.

A principal crítica para HOLY ROMAN EMPEROR é que produz filhos pequenos e com membros curtos, como se tal fato fosse um inequívoco elemento desqualificador para transmissão de classe. O turfe brasileiro nas últimas décadas foi muito influenciado pela criação norte-americana, conhecida por produzir animais de maior tamanho. E como consequência desse aspecto, aliado a preponderante presença de linhagens transmissoras de fragilidade locomotora, o índice de quebra precoce dos animais portadores da união dessas genéticas é bastante considerável

Em um turfe como o norte-americano, com excelentes prêmios, o critério longevidade não é importante. O foco é precocidade, para se conseguir rapidamente retorno do investimento, não importando o descarte ao final dos 3 ou início dos 4 anos. Acreditamos que esse não seja o perfil de nossos proprietários, que diante de nossos baixos prêmios necessita de animais saudáveis e longevos. Com toda certeza o perfil de importante fração da genética norte-americana é adequado para nossas canchas retas, onde a precocidade e adaptação a terra é fundamental.


Devemos nos lembrar que um yearling PSI não é um boi de corte, portanto não se deve ter como importante critério para sua seleção e compra seu tamanho e/ou peso.

Diante do sucesso de HOLY ROMAN EMPEROR na Europa como avô materno e também pai de MORANDI, um jovem garanhão que inicia-se com muito bom resultado na França, questionamos com a já cansativa pergunta: Por qual razão o que serve para a criação europeia não serve para criação brasileira?

Consequentemente, sugerimos aos responsáveis pela coordenação técnica dos plantéis de nossos haras, uma especial atenção para as raras filhas de HOLY ROMAN EMPEROR que ainda possam existir disponíveis no mercado brasileiro.