“A parte mais fraca de qualquer pedigree geralmente está na parte inferior.” Frederico Tesio ... "É sempre a mãe que melhora o pai, e não o pai que melhora a mãe." Jean-Joseph Vuillier
segunda-feira, 3 de agosto de 2020
Shuttles desprezados - ROCK OF GIBRALTAR
Após um breve aparte onde expomos informações e a nossa interpretação quanto a seletividade do turfe norte-americano, retornamos a série de artigos "Shuttles desprezados" e trataremos de outro garanhão amaldiçoado pela criação brasileira:
ROCK OF GIBRALTAR, um tremendo performer que venceu em forma juvenil a sua primeira prova de Grupo 1 e posteriormente levantou outras seis provas também de Grupo 1, tornando-se o único cavalo no turfe mundial a vencer sete consecutivos Grupo 1. Suas vitórias foram no St Jame's Palace Stakes, 1600m - a nosso ver a mais seletiva milha do turfe internacional; English 2000 Guineas, 1600m; Irish 2000 Guineas, 1600m; Sussex Stakes, 1600m; Prix du Moulin de Longchamp, 1600m; Dewhurst Stakes, 1400m; Grand Criterium, 1400m, Gimcrack Stakes, 1200m e Railway Stakes, 1200m, foi considerado pela ROA como o "Horse of the Year 2002".
Como garanhão é pai de mais de 130 SW's incluindo os vencedores de Gr.1 - GIBRALTAR POINT (Brasil), Quarteto de Cordas (Brasil), Prince Gibraltar, Samitar, Society Rock, Mount Nelson, Diamondrella, Varenar, Eagle Mountain e Alboran Sea, os vencedores de Gr.2 - Karol King (Brasil), Kitty Matcham, Ajaxana, Raydara, Ziyad, Jessy Belle e Gibraltar Blue e os vencedores de Gr.3 - Yellowstone, Genuine Devotion, Sweeter Still, Rock of Rochelle, Theann, Utrecht, Unilateral, Jallota, Wordless, Kastasa e High Rock.
Mesmo não tendo entre nós o resultado esperado como pai de ganhadores dentro da esfera clássica, produziu além dos 3 vencedores de grupo acima citados, a Juan Manuel Fangio - 2º GP Conde de Herzberg, G2; Jolie Mabi - 2º GP Roger Guedon, G3; Bishop Quest - 3.ºGP Adhemar e Roberto Gabizo de Faria, G3 e Little Querubin - 5º GP Pres. José Bonifácio Coutinho Nogueira, G2, além de diversos vencedores e/ou colocados em Listeds.
É compreensível a frustração de nossos proprietários de haras, que após enorme investimento para trazerem animais de PRIMEIRÍSSIMA GRANDEZA, não receberam a esperada resposta deles como pais de ganhadores clássicos na escala desejada.
O que infelizmente falta em nossa criação é a cultura de SEMEADURA, muito bem compreendida em turfes mais evoluídos. Ou seja, o garanhão que foi um notável elemento de pistas e cuja produção não correspondeu plenamente na esfera clássica NÃO pode ter as suas filhas automaticamente descartadas para reprodução. Vamos ser repetitivos e novamente citar o exemplo de SECRETARIAT, notável corredor e um DESASTRE como pai, mas, alçado a chef-de-race através da utilização massiva de suas filhas no élevage.
Hoje Rock of Gibraltar é, apenas, o OITAVO colocado, em somas ganhas, na estatística européia de avôs maternos.
Rock of Gibraltar deixou entre nós o reduzido número de 61 filhas registradas. Quantas ainda estão acessíveis? É óbvio que essas filhas são frutos das melhores éguas que cada haras tinha para oferecer a Rock of Gibraltar. Consequentemente, os staffs responsáveis pela direção e seleção genética dos nossos campos de criação as deviam garimpar e tratá-las como verdadeiros diamantes que são.
O aproveitamento das filhas de cavalos como Rock of Gibraltar na reprodução, é de fundamental importância para que a criação de PSI no Brasil possa almejar respeitabilidade no cenário internacional.