segunda-feira, 21 de março de 2022

Pedigrees "terra" ou pedigrees "grama"?

 



As corridas norte-americanas diferem das brasileiras e da maioria do resto do mundo do turfe em três aspectos: a) padronização das pistas - totalmente planas desprovidas do menor gradiente e com curvas fechadas – muitas vezes descritas como "torniquetes", somadas a retas curtas, b)  autorização de certas substâncias consideradas por quase 100% dos turfes civilizados como "doping" e c) um programa clássico focado em duas superfícies diferentes, terra e grama. Sem comentar o PSF ou outros polytracks que, uma vez na moda, foram sendo gradualmente desmontados na maioria dos hipódromos. Na Europa eles restam em alguns como opção para condições especiais.

Por resultado, a criação norte-americana especializou a sua produção voltada majoritariamente para a terra, a sua superfície mais popular. Uma dicotomia que se acentua de ano para ano, basta abrir um seu catálogo de vendas para notar que a proporção de cavalos com genética mais adaptada às corridas na grama tornam-se cada vez mais raros.

Se os pedigrees diferem, o mesmo acontece com a genética. Os genômicos norte-americanos de fato revelaram diferentes sequências genéticas de acordo com as aptidões para terra ou grama. Uma confirmação científica do que vemos á muito tempo, com linhas masculinas ou famílias maternas às vezes orientadas exclusivamente para a terra. Assim, os potros que não apresentam bom desempenho nesta superfície são testados na grama, como na Europa os corredores com modestos desempenhos no plano migram para as corridas de obstáculos. Como consequência, o programa de seleção para grama nos EUA praticamente não cumpre mais o seu papel.

Os resultados do calendário clássico dos EUA para grama e o desempenho dos animais norte-americanos que se aventuram na Europa falam por si.

Deixamos que você faça suas análises de pedigree. Mas é importante ressaltar que determinadas "misturas" procurando novas compatibidades genéticas são fundamentais para o avanço da raça, como já se mostrou no passado.

Abaixo o pedigree de TUMBLER, um exemplo desse enfoque e que, ao que parece, pode vir a se tornar a nova jóia Wertheimer.






Tumbler vencendo o Prix As d'Atout, sua única apresentação até o momento.