quinta-feira, 7 de maio de 2020

Barolo, uma chance de renascimento da criação no RJ






Barolo, Fam. 8-c, castanho, PR, 2010, por Northern Afleet em Offshore por Vettori, de criação e propriedade do Haras Santa Rita da Serra. Correu dos dois aos quatro anos de idade, 18-4-3-4 e venceu dos 1500 aos 2400 metros, tanto na grama como na areia. Tendo demonstrado ser um dos importantes elementos de sua geração, a sua vitória no Grande Prêmio Brasil foi o ápice de sua carreira



Northern Afleet



Seu pai Northern Afleet foi um corredor de categoria intermediária, 21-5-3-5 com U$S 626.670 em prêmios, sendo suas vitórias aos 4 anos nos San Fernando Breeder’s Cup Stakes, G2, 1800 m; San Carlos Handicap, G2, 1400 m e San Diego Handicap, G2, 1700 m seus melhores resultados. Mas, foi na reprodução que Northern Afleet se destacou como um excelente semental, serviu no Brasil em regime de shuttle por 3 temporadas tendo atingindo o expressivo índice de 12,73% em vencedores de "Provas Principais", onde podemos destacar além de Barolo, a Que Fenômeno, Victory is Ours, Que Espetáculo, Vôo Livre, I Say You Stay, Beach Dance, Olympic Bullet, Baccelo, Quality Control, Montardon, Rava, Vitória Olímpica,  Bom de Bola, etc. Com toda certeza Northern Afleet pode ser considerado como um dos melhores “shuttles” que adentraram no Brasil. Nos EUA é pai de 14 vencedores Gr 1, 32 vencedores de Graded Stakes e 8 ganhadores de mais de US$ 1 milhão, destacando-se,  Afleet Alex (Preakness Stakes, G1 e Belmont Stakes, G1), World Approval (Breeder’s Cup Mile, G1, Woodbine Mile, G1 e Fourstardave Handicap, G1), Amazombie (Breeder’s Cup Sprint, G1), Denman’s Call (Triple Bend Stakes, G1), Big City Man (Gr 1 e US$ 1.521.505), Teaks North (Gr 1 e US$ 1.302.174), Evening Jewel (Gr 1 e US$ 1.221.399), Leeman (Gr 1), War Story (US$ 2.234.305), Kaigun (US$ 1.441.243), etc. 




Offshore, a sua mãe, pertence a uma família introduzida pelo Haras São José & Expedictus e remonta a respeitada sequência Herringbone - Schiaparelli, uma linha formada por Lord Derby, que ofereceu ao Brasil o excepcional garanhão Swallow Tail. Sua avó materna Licena foi égua que frequentou a esfera clássica com algum sucesso, 2. GP Antonio Carlos Amorim, Gr.3; 4. GP Duque de Caxias, Gr. 2 e 5. GP Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Gr.3. 

Esse é um ramo familiar que vinha produzindo de forma sistemática vencedores. Licena em 10 produtos gerados teve 8 que correram e venceram, sendo 2 em Provas Principais. Quanto a Offshore com 8 produtos em idade de corrida, 7 correram e 5 venceram, dentre eles Barolo - um vencedor do Grande Prêmio Brasil, a prova mais importante do nosso calendário clássico.

Barolo responde ao raciocínio de ramos maternos em "hibernação clássica". Ou seja, aquelas fêmeas que vem produzindo de forma continuada alto percentual de ganhadores, em relação as suas produções e que apenas aguardam o cruzamento correto para "explodir" classicismo.  




Vettori



Seu avô materno Vettori foi um corredor de muito bom padrão, 5-2-0-1, sendo sua vitória na Poule d'Essai des Poulains, FR-G1, 1600 metros, seu mais notável feito, tendo derrotado importantes cavalos como Atticus e Petit Poucet; obteve terceiro no seletivo St. James Palace, INGL-G1, 1600 metros e pode ser considerada sua sexta colocação no Derby de Epsom a 3 1/2 corpos de Lamtarra, em um campo com 15 competidores. Como reprodutor, entre nós, produziu os G1 Vettori Kin (GP Derby Paulista, GP Linneo de Paula Machado e Louisville Handicap, EUA-G3), Do Canadá (GP JA de Almeida Prado - Taça de Prata), Meu Rei (GP Ipiranga e GP Jockey Club de São Paulo), Imortelle (GP Diana), Joe Bravo (GP Estado do Rio de Janeiro) e Serata Bella (GP Barão de Piracicaba), os G2 Out Of Control (American Invitational Handicap - EUA), L'Azurra (GP Oswaldo Aranha), Friends of Gold (GP Presidente Antonio Grisi Filho) e os G3 Knowledge (GP Julio Cápua), Ontemhojeesempre (GP Mariano Procópio), Pretty Carolina (GP João Adhemar e Nelson de Almeida Prado), My Majesty (GP Protetora do Turfe) e Portuga (GP Nestor Jost). Como avô materno o é também de Lope de Vega, um dos reprodutores líderes e mais valorizados da Europa.





Barolo no Posto de Fomento, foto de Elmo Correa - Haras Samurai da Serra, RJ.



Barolo em sua vitória no Grande Prêmio Brasil.





                                                        Campanha 


2 anos

8. Prêmio Banhado Grande, 1300 m, AP, Gávea,

3 anos

3. Prêmio Jimwaki, 1500 m, GP, Gávea,
2. Prêmio Tenente-General Carlos Antonio Napion, 1400 m, GL, Gávea,
3. Prêmio Rua Major Rubens Vaz, 1500 m, GL, Gávea,
2. Prêmio Edição, 1600 m, AP, Gávea,
1. Prêmio Zoroastro, 1500 m, GP, Gávea,
1. Prêmio Mensageiro Alado, 1600 m, GM, Gávea,
4. Grande Prêmio Estado do Rio de Janeiro, G1, 1600 m, GL, Gávea,
6. Grande Prêmio Linneo de Paula Machado, G1, 2000 m, GL, Gávea,
4. Grande Prêmio Cruzeiro do Sul, G1, 2400 m, GL, Gávea,

4 anos

3. Prêmio Mate Bueno, 1600 m, GM, Gávea,
2. Pesos Especiais GP Brasil Zoroastro, 1500 m, GL, Gávea,
7. Clássico Luiz Rigoni, L, 1600 m, GL, Gávea,
2. Prova Especial Lohengrin, 2000 m, GM, Gávea,
1. Prêmio Villeron, 1900 m, AP, Gávea,
3. Clássico Escorial, L, 2400 m, GM, Gávea,
7. Grande Prêmio São Paulo, G1, 2400 m, GM, Cidade Jardim,
1. Grande Prêmio Brasil, G1, 2400 m, GP, Gávea.



Parabenizamos aos titulares do modelar Haras Santa Rita da Serra, pela cessão de Barolo ao Posto de  Fomento da ACPCCRJ. Com certeza um grande incentivo a todos aqueles que querem criar no RJ.

A trajetória da criação no Rio de Janeiro deve ser compreendida para que seja refutada a falsa idéia de que os vales da região da Serra dos Órgãos  não são adequados para criação do PSI. Os exemplos de grandes cavalos por lá nascidos são inúmeros, podemos citar: Hyperio, Sabinus, Daião, Old Master, Serradilho, Hula Hoop, Latino, Leonino, Ribol, Parnaso, Polyway, Robie, Barinez, Sparkie, Byzantine, Scipion, Cambrinus, Nagami, Homard, Carrara Marble, Freddy Boy, Caelum, etcoutros por lá recriados como Juanero, Daily Double, Astro Grande, Waladon, Salamalec, Cumberland, etc.
Esses haras foram iniciados como hobby de turfistas, que compraram sítios nessa região serrana e aproveitando seus pequenos vales exerciam ali, o prazer da atividade da criação de cavalos para defenderem suas cores. Na década de 80 houve uma enorme expansão do turfe e esses criadores, em sua imensa maioria, aumentaram o número de matrizes nas propriedades. E esse foi exatamente o início do fim da criação fluminense.

Havia o pressuposto de uma "regra de ouro", que dizia que um haras tinha que ter, pelo menos, 20 éguas em reprodução e 99%, para não dizer 100% desses pequenos campos de criação não comportavam essa lotação. 

Existia 3 caminhos a serem seguidos, o da expansão dentro da conformidade técnica e o Haras Santa Maria de Araras, Haras Santa Rita da Serra, Haras Pemale, Haras Nacional, Haras São José da Serra e Haras Tijucas do Sul (Leonídio Ribeiro) optaram por essa direção e partiram para criar no Paraná e Rio Grande do Sul.

O segundo caminho era manter o excesso de lotação, suplementar na cocheira e utilizar as áreas de piquetes como solários, onde a potrada mal podia se exercitar por sua quantidade e exiguidade de espaço. Lamentavelmente, esse foi o caminho seguido pela maioria absoluta dos criadores, que devido aos elevados custos e equívocos desse modelo encerraram as atividades

A terceira opção foi a de respeitar a propriedade e condicionar sua lotação com a capacidade de pastagem e espaço para exercícios na mesma. Essa forma de criar foi o que levou o Haras Vale da Boa Esperança, do saudoso dr. Julio Capua, a se transformar no mais importante campo de criação do estado do Rio de Janeiro em todos os tempos. E esse entendimento, foi seguido pelos poucos haras que continuaram com sucesso na região.

Ainda existe no Rio de Janeiro, nas mãos de herdeiros, propriedades que embora desativadas, ainda sustentam em perfeitas condições, suas antigas instalações de haras. E oxalá, que com essa contribuição da família Burlamaqui, novos ventos possam vir a soprar em direção da criação fluminense.













Edição de Turf e Fomento, julho/agosto de 1983, comemorando a inauguração do Posto de Fomento do Rio de Janeiro. Realização do fundador da ACPCCRJ, dr. Antonio Carlos Amorim - Haras da Brasa, que através de seu empenho junto a prefeitura de Teresópolis, obteve a doação do terreno e na CCCCN conseguiu a verba para construção do mesmo.




Dr. AC Amorim














quarta-feira, 6 de maio de 2020

Esquimalt, um fenômeno a ser lembrado




Esquimalt



Um castanho nascido na Inglaterra em 1942, Esquimalt em sua campanha nas pistas venceu seis provas entre a milha e os 2400 metros. Sua principal vitória foi aos 3 anos de idade no Bessborough Stakes, 2400 m, Ascot - listed rebatizado como Duke of Edinburgh Stakes. 

Lighthouse, seu pai, criado no haras francês de Lord Derby, foi apresentado na França, onde em seis apresentações obteve duas vitórias. Venceu a Poule des Deux Ans, posteriormente denominada Prix de La Salamandre, G1, 1400 metros. O Prix de La Salamandre sempre foi reconhecido por seus grandes vencedores, modernamente Miesque, Machiavellian, Arazi, Zafonic, Xaar e Giant's Causeway. 
Muito pouco aproveitado na Inglaterra, foi exportado para a Austrália, onde se tornou útil garanhão. Sailors Guide foi seu melhor filho e vendido como reprodutor para os EUA.





Lighthouse 



Esquimalt foi importado em 1949, via Walter Noble, para o Haras Bela Vista, propriedade de Dante e Olympia Marchione. Vindo a se transformar, no garanhão com melhor desempenho reprodutivo que já serviu no Brasil. 

Produziu 4 diminutas gerações, que totalizaram 38 produtos. Sendo que desses, 35 correram e 19 atingiram a esfera clássica com vitórias, um inacreditável indíce de 54,24 % de filhos vencedores em Provas Principais. Dos 35 que correram, 94,29% venceram.

Esquimalt é em toda a história moderna do turfe brasileiro, o garanhão que atingiu o maior percentual de filhos clássicos em relação a produtos nascidos. Acreditamos, que não exista no turfe mundial nenhum garanhão com o percentual de classicismo demonstrado por Esquimalt através de sua produção.

Para termos noção da enormidade desse número 54,24%, hoje o garanhão em serviço no Brasil, com melhor indíce de aproveitamento é Drosselmeyer, e ele possui 8,90% de filhos vencedores nessas mesmas Provas Principais. Esquimalt foi o garanhão líder das estatísticas brasileiras em 1956 e 1957.






Produção:

1950

Ginestra, f, vencedora.
Guimalte, m, vencedor.
Guimara, f, sem campanha, reservada para a reprodução.

1951

Haifa, f, vencedora e colocações clássicas.
Harpavi, f, GP João Cecilio Ferraz.
Hedra, f, vencedora.
Heranger, f, Clássico Cândido Egydio.
Heuxal, f, vencedora.
Horimond, m, Clássico Tiradentes.
Huapi, f, Clássico Euletério Prado.
Campanhola, f, sem vitória.
Esquimar, f, vencedora.

1952 

Irajan, f, morta em 1953.

1953


Jackmar, m,  Clássico Santos Dumont.
Jaganah, m, Prova Especial Cidade de Santos.
Jambolaio, m, GP Presidente da República, GP Presidente do Jockey Club e GP Independência.
Jappe, f, vencedora.
Jarinu, m, GP Outono.
Jarussi, m, GP Conde de Herzberg, GP Linneo de Paula Machado, GP Presidente Vargas e GP Distrito Federal.
Jazão, m, GP Ipiranga.
Jackinto, m, morto aos 2 anos, inédito, em acidente de treinamento.
Jolinger, m, vencedor.
Jambagê, m, vencedor.
Jotak, m, sem vitória.
Jazarie, m, GP Antonio Prado, GP Almirante Barroso e GP Jockey Club de Londrina.
John Araby, m, GP 16 de Julho, GP Antonio Prado, GP Imprensa, GP Governador do Estado e Clássico Paul Maugé.
Johnny Reed, m, GP Antenor de Lara Campos, GP Juliano Martins, GP Ministério da Agricultura e GP Campinas.
Apalucespe, f, vencedora.
Biltre, m, vencedor.
Buru, m, GP Gervásio Seabra e GP Almirante Marquês de Tamandaré.

1954

Karé, m, GP Juliano Martins.
Kaisul, m, GP Raphael de Barros Filho.
Kalaus, m, GP Antenor de Lara Campos.
Kaichek, m, sem vitória.
Kamuro, m, sem vitória.
Keliana, f, Prova Especial Sesquicentenário da Polícia do Distrito Federal.
Kopie, f, vencedora.
Kraus, m, GP Linneu de Paula Machado, GP Conde de Herzberg, GP Salgado Filho, GP Governador do Estado, GP Distrito Federal e GP Raphael de Barros Filho.









Acima vemos o pedigree de Esquimalt até a sua sétima geração. Onde é possível destacar o inbreeding tipo "Fórmula 1" sobre Lock and Key em um 5x5 - geração considerada ideal por muitos estudiosos do PSI, para esse tipo de endogamia. Segundo estudos científicos, essa  duplicação mitocondrial possibilita um maior vigor genético a seus portadores e esse pode ser um dos motivos pelo estrondoso sucesso de Esquimalt na reprodução. Lock and Key foi uma boa mãe, tendo também produzido a Keystone - Oaks Stakes, Coronation Stakes, Liverpool St Leger Stakes e Sandown Produce Stakes.

Cabe notar, entre outras consanguinidades presentes, St. Angela por dois distintos veios, o de seu filho St. Simon e seu neto Orme via Angelica. Nos pedigrees clássicos do passado é uma constante a presença de inbreedings sobre Galopin, aqui o vemos através de Vampire = Flying Fox , Angelica = Orme mais Donovan e St. Simon - seus filhos diretos.



Obs:

1 - Em razão das campanhas e outros filhos de Esquimalt não constarem no repositório online de nosso Studbook, utilizamos arquivos pessoais e outras fontes da internet para esse levantamento. Ao encontrarmos a primeira vitória clássica de algum produto, encerramos nossa busca, pois já estava concluído nosso objetivo de localizar vencedores de "Provas Principais". Não existia, à época, no turfe mundial, as denominações de grupo e listed. Alguns cavalos possuem descrições mais completas quanto a campanha, essas informações constam em nossos catálogos de leilão e portanto foram fáceis de serem obtidas.

2 - Cabe destacar que Esquimalt teve 15 filhas e a exceção de Huapi, morta por acidente de raia e Irajan morta no haras, as demais 13 foram prestigiadas com seus ingressos na reprodução.

3 - De seus 23 filhos, 11 serviram como garanhões: Buru, Jackmar, Jambolaio, Jarinu, Jarussi, Jazarie, Jazão, John Araby, Johnny Reed, Kalaus e Kraus, todos lamentávelmente com poucas oportunidades na reprodução. 
 


Nosso especial agradecimento a Marcelo Augusto da Silva (Stud Figurón & Varanda), que nos possibilitou o acesso online aos arquivos do Estadão.













sexta-feira, 1 de maio de 2020

A roda é redonda?





Todo criador ou consultor técnico possui seu entendimento quanto a interpretações de combinações genéticas que possam sugerir um possível nascimento do craque, que é o objetivo de todos os envolvidos na indústria do turfe.

Recebemos eventualmente pedidos de consultoria solicitando maiores explicações sobre teorias de cruzamentos. A nossa primeira orientação é a de que seja buscada informações na literatura disponível, pois acreditamos que esse  não seja um tema para consultoria, e sim um assunto didático. 

Inclusive, é nossa intenção repassar nesse blog, o que nos foi ensinado por grandes mestres do passado, com os quais tivemos o privilégio de conviver; dr. Roberto Seabra, dr. Francisco Eduardo de Paula Machado, dr. Franco Varola, dr. Reynato Sodré Borges, dr. Henrique de Toledo Lara e senhor Atualpa Soares.

Consequentemente, com o espírito deles herdado em compartilhar conhecimentos, procuramos dentro de nossas limitações, expor os ensinamentos desses notáveis.

Dentre vários artigos do blog que trataram do tema, acreditamos que dois, possam ser considerados como possíveis pontos de partida :

1 - Cruzamentos Boussac e Tesio

2 - O Conceito "Ponto de Força"

                                                                              
Não somos radicais quanto a esse ou aquele caminho no relacionado a cruzamentos, compreendemos filosóficamente que todas as vertentes de pensamento devem ser respeitadas. Mas, a história do turfe é para ser estudada, e a partir dela que cada um tire suas próprias conclusões.

Nomes como os de Northern Dancer e Mr Prospector, combinados através de inbreedings entre si, mais o aporte de algumas específicas linhas de sangue não podem ser desprezados. Pois é inegável que transmitiram e ainda transmitem altíssima qualidade. Mas, também é inegável que dependendo dos mensageiros envolvidos nas combinações, o índice de "quebra" precoce é assustador. 

Para turfes mais dinâmicos e ricos, a "máquina de moer" cavalos não é tão importante. Pois os animais que se destacam aos 2 anos e conseguem chegar bem a Tríplice Coroa, mesmo que por questões de saúde não consigam prosseguir aos 4 anos já trazem a seus proprietários considerável lucro por os levarem para a reprodução. 

E para os cavalos de qualidade normal, que é a quase regra do pequeno ou médio investidor, os prêmios conseguidos pelos studs, mesmo nas provas comuns, pagam de forma invariável seus investimentos. Quando não, também proporcionam algum lucro, que equilibra a atividade de se manter cavalos em corrida. Evidentemente não podem ser considerados os cavalos aos cuidados dos ditos treinadores "estrelares", que cobram valores muito além do mercado.

Uma realidade totalmente distinta de nosso turfe, pois com os prêmios pagos no Brasil possuir um animal longevo e saudável é medida "sine qua non" para que esse prazeiroso hobby não se transforme em um pesadelo.

Retornando ao tema cruzamentos, deixamos para análise de nossos leitores, o pedigree de 3 icônicos craques do passado, que foram contemporâneos: 


1 - Haras Guanabara - Roberto Grimaldi Seabra. Escorial.




2 - Haras Faxina - Henrique de Toledo Lara. Narvik.




3 - Haras Jahu & Rio das Pedras - João A. e Nelson de Almeida Prado. Farwell.




Como contraponto apresentamos um outro lado da moeda, o pedigree do grandíssimo craque ZENABRE, criação do notável José Paulino Nogueira em seu Haras Bela Esperança.





É de conhecimento do mundo turfístico que José Paulino citava Zenabre como exemplo de um "cochilo" que deu certo. Remington foi enviada por engano a Pharas, e após o serviço foi constatado o equívoco técnico de um inbreeding 3 x 3 x 5 sobre Pharos, justamente por questões relativas a fragilidade de joelhos. E Zenabre acabou se transformando em inigualável nome da criação brasileira, mesmo com seus problemas de joelhos...

Essa postagem e seus exemplos, certamente será criticada por aqueles que Nelson Rodrigues chamou de "idiotas da objetividade", por estar estruturada em nomes do passado, que hoje desapareceram da raça. Mas o objetivo é mostrar a estratégia utilizada em cruzamentos que atingiram o patamar dos fora de série. E também que em um mesmo lapso de tempo, diversas linhagens foram utilizadas, e todas com imenso sucesso. Sendo que o aspecto comum a esses cruzamentos, é a utilização de grandes ancestrais em inbreedings marcadamente a partir da quinta geração.

Todos os envolvidos no universo da criação do PSI deve ter em mente que  a qualidade da raça não é um aspecto inerente a apenas dois, três ou quatro indivíduos, seus inbreedings e seus descendentes. Parece ser apropriado admitir que o pool do estoque genético disponível no PSI não se limita a esses indivíduos, consequentemente existem outros genes capazes de produzir um grande cavalo e apenas aguardam os cruzamentos que os façam emergir.





Zenabre