quarta-feira, 6 de maio de 2020

Esquimalt, um fenômeno a ser lembrado




Esquimalt



Um castanho nascido na Inglaterra em 1942, Esquimalt em sua campanha nas pistas venceu seis provas entre a milha e os 2400 metros. Sua principal vitória foi aos 3 anos de idade no Bessborough Stakes, 2400 m, Ascot - listed rebatizado como Duke of Edinburgh Stakes. 

Lighthouse, seu pai, criado no haras francês de Lord Derby, foi apresentado na França, onde em seis apresentações obteve duas vitórias. Venceu a Poule des Deux Ans, posteriormente denominada Prix de La Salamandre, G1, 1400 metros. O Prix de La Salamandre sempre foi reconhecido por seus grandes vencedores, modernamente Miesque, Machiavellian, Arazi, Zafonic, Xaar e Giant's Causeway. 
Muito pouco aproveitado na Inglaterra, foi exportado para a Austrália, onde se tornou útil garanhão. Sailors Guide foi seu melhor filho e vendido como reprodutor para os EUA.





Lighthouse 



Esquimalt foi importado em 1949, via Walter Noble, para o Haras Bela Vista, propriedade de Dante e Olympia Marchione. Vindo a se transformar, no garanhão com melhor desempenho reprodutivo que já serviu no Brasil. 

Produziu 4 diminutas gerações, que totalizaram 38 produtos. Sendo que desses, 35 correram e 19 atingiram a esfera clássica com vitórias, um inacreditável indíce de 54,24 % de filhos vencedores em Provas Principais. Dos 35 que correram, 94,29% venceram.

Esquimalt é em toda a história moderna do turfe brasileiro, o garanhão que atingiu o maior percentual de filhos clássicos em relação a produtos nascidos. Acreditamos, que não exista no turfe mundial nenhum garanhão com o percentual de classicismo demonstrado por Esquimalt através de sua produção.

Para termos noção da enormidade desse número 54,24%, hoje o garanhão em serviço no Brasil, com melhor indíce de aproveitamento é Drosselmeyer, e ele possui 8,90% de filhos vencedores nessas mesmas Provas Principais. Esquimalt foi o garanhão líder das estatísticas brasileiras em 1956 e 1957.






Produção:

1950

Ginestra, f, vencedora.
Guimalte, m, vencedor.
Guimara, f, sem campanha, reservada para a reprodução.

1951

Haifa, f, vencedora e colocações clássicas.
Harpavi, f, GP João Cecilio Ferraz.
Hedra, f, vencedora.
Heranger, f, Clássico Cândido Egydio.
Heuxal, f, vencedora.
Horimond, m, Clássico Tiradentes.
Huapi, f, Clássico Euletério Prado.
Campanhola, f, sem vitória.
Esquimar, f, vencedora.

1952 

Irajan, f, morta em 1953.

1953


Jackmar, m,  Clássico Santos Dumont.
Jaganah, m, Prova Especial Cidade de Santos.
Jambolaio, m, GP Presidente da República, GP Presidente do Jockey Club e GP Independência.
Jappe, f, vencedora.
Jarinu, m, GP Outono.
Jarussi, m, GP Conde de Herzberg, GP Linneo de Paula Machado, GP Presidente Vargas e GP Distrito Federal.
Jazão, m, GP Ipiranga.
Jackinto, m, morto aos 2 anos, inédito, em acidente de treinamento.
Jolinger, m, vencedor.
Jambagê, m, vencedor.
Jotak, m, sem vitória.
Jazarie, m, GP Antonio Prado, GP Almirante Barroso e GP Jockey Club de Londrina.
John Araby, m, GP 16 de Julho, GP Antonio Prado, GP Imprensa, GP Governador do Estado e Clássico Paul Maugé.
Johnny Reed, m, GP Antenor de Lara Campos, GP Juliano Martins, GP Ministério da Agricultura e GP Campinas.
Apalucespe, f, vencedora.
Biltre, m, vencedor.
Buru, m, GP Gervásio Seabra e GP Almirante Marquês de Tamandaré.

1954

Karé, m, GP Juliano Martins.
Kaisul, m, GP Raphael de Barros Filho.
Kalaus, m, GP Antenor de Lara Campos.
Kaichek, m, sem vitória.
Kamuro, m, sem vitória.
Keliana, f, Prova Especial Sesquicentenário da Polícia do Distrito Federal.
Kopie, f, vencedora.
Kraus, m, GP Linneu de Paula Machado, GP Conde de Herzberg, GP Salgado Filho, GP Governador do Estado, GP Distrito Federal e GP Raphael de Barros Filho.









Acima vemos o pedigree de Esquimalt até a sua sétima geração. Onde é possível destacar o inbreeding tipo "Fórmula 1" sobre Lock and Key em um 5x5 - geração considerada ideal por muitos estudiosos do PSI, para esse tipo de endogamia. Segundo estudos científicos, essa  duplicação mitocondrial possibilita um maior vigor genético a seus portadores e esse pode ser um dos motivos pelo estrondoso sucesso de Esquimalt na reprodução. Lock and Key foi uma boa mãe, tendo também produzido a Keystone - Oaks Stakes, Coronation Stakes, Liverpool St Leger Stakes e Sandown Produce Stakes.

Cabe notar, entre outras consanguinidades presentes, St. Angela por dois distintos veios, o de seu filho St. Simon e seu neto Orme via Angelica. Nos pedigrees clássicos do passado é uma constante a presença de inbreedings sobre Galopin, aqui o vemos através de Vampire = Flying Fox , Angelica = Orme mais Donovan e St. Simon - seus filhos diretos.



Obs:

1 - Em razão das campanhas e outros filhos de Esquimalt não constarem no repositório online de nosso Studbook, utilizamos arquivos pessoais e outras fontes da internet para esse levantamento. Ao encontrarmos a primeira vitória clássica de algum produto, encerramos nossa busca, pois já estava concluído nosso objetivo de localizar vencedores de "Provas Principais". Não existia, à época, no turfe mundial, as denominações de grupo e listed. Alguns cavalos possuem descrições mais completas quanto a campanha, essas informações constam em nossos catálogos de leilão e portanto foram fáceis de serem obtidas.

2 - Cabe destacar que Esquimalt teve 15 filhas e a exceção de Huapi, morta por acidente de raia e Irajan morta no haras, as demais 13 foram prestigiadas com seus ingressos na reprodução.

3 - De seus 23 filhos, 11 serviram como garanhões: Buru, Jackmar, Jambolaio, Jarinu, Jarussi, Jazarie, Jazão, John Araby, Johnny Reed, Kalaus e Kraus, todos lamentávelmente com poucas oportunidades na reprodução. 
 


Nosso especial agradecimento a Marcelo Augusto da Silva (Stud Figurón & Varanda), que nos possibilitou o acesso online aos arquivos do Estadão.