quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

Hat Trick - A dinastia de Halo




Hat Trick


Hat Trick, fam. 1-o, nasceu em 2001 na Oiwake Farm, Japão. Por sua campanha pode ser considerado um excelente milheiro com sobras para chegar bem aos 1800 metros. Enfrentou nas pistas elementos da qualidade de Deep Impact, Daiwa Major, Lohengrin, Asakusa Den'en, Balance of Game entre outros, e sempre produzindo boas apresentações. Saiu em pistas 21 vezes, para obter 8 vitórias, seu principal feito foi levantar a importante Mile Championship, Gr.1 nos 1600 metros da grama do Kyoto Racecourse. Quando derrotou no excepcional tempo de 1:32.1 - o segundo melhor desde 2005 até 2019 - animais da envergadura de Daiwa Major, Rhein Kraft, Dance in The Mood, Durandal, Kinetics, etc. Em 2005 recebeu o importante título pela JRA Award de Melhor Milheiro do ano. 

Tricky Code, a mãe de Hat Trick é uma filha de Lost Code. Tricky Code foi vencedora aos 2 e 3 anos e correu até os 6 anos quando foi terceiro no Yerba Buena Handicap, Gr3. Venceu aos 2 anos o Miesque Stakes (US$ 250.000) e foi terceiro na Oak Leaf Stakes, Gr1. Aos 3 anos venceu o Gr2 Santa Ynez Breeder's Cup e fez segundo no Fair Grounds Oaks, Gr3. Aos 5 anos foi segundo nos Gr3 Miss America Handicap e Rancho Bernardo Handicap. Era uma égua dura e resistente que ganhou US$ 603.981, tinha velocidade e corria tanto na grama como no dirt. Seu pedigree extendido é formado por corredores antigos e raros de serem encontrados nos pedigrees modernos. É uma família materna tipicamente norte-americana.

Lost Code, foi um destacado corredor em sua época. Venceu o Arlington Classic (Gr.1), Oaklawn Handicap (Gr.1), Ohio Derby (Gr.2), Razorback Handicap (Gr.2), Massachusetts Handicap (Gr.2), Michigan Mile and One-Eight Handicap (Gr.2), National Jockey Club Handicap (Gr.3), St. Paul Derby (Gr.3); segundo no Pegasus Handicap (Gr.1), Pennsylvania Derby (Gr.2); terceiro no Haskell Invitational Handicap (Gr.1), Philip Handicap (Gr.1), Iselin Handicap (Gr.1), etc. Stakes record: 18-12-3-2 e US$ 2.085.386. Lost Code venceu cavalos como Cryptoclearance, Gulch, Afleet, Bet Twice, Waquoit, Demons Begone... portanto está muito longe de ser o animal inferior, como os "especialistas" de plantão apregoam ao comentarem sobre a linhagem de Hat Trick.



                                       Campanha

3 anos

1. Three-Year-Old Maiden, 1600m, grama, Tokyo,
1. Botan Sho, 1600m, grama, Tokyo,
9. Radio Tampa Sho, G3, 1800m, grama, Fukushima,
1. Narita Brian Memorial, 1800m, grama, Kyoto,
1. Kiyomizu Stakes, 1600m, grama, Kyoto, 

4 anos

1. Sports Nippon Sho Kyoto Kimpai, G3, 1600m, grama, Kyoto.
1. Tokyo Shimbun Hai, G3, 1600m, Tokyo,
9. Yomiuri Milers Cup, G3, 1600m, grama, Hanshin,
15. Yasuda Kinen, G1, 1600m, grama, Tokyo,
9. Mainichi Okan, G2, 1800m, grama, Tokyo,
7. Tenno Sho (Autumn), G1, 2000m, grama, Tokyo,
1. Mile Championship, G1, 1600m, grama, Tokyo,
1. Hong Kong International Mile, G1, 1600m, grama, Hong Kong,

5 anos

11. Nakayama Kinen, G2, 1800m, grama, Nakayama,
12. Dubai Duty Free, G1, 1777m, grama, Dubai,
13. Yasuda Kinen, G1, 1600m, grama, Tokyo,
7. Takarazuka Kinen, 2200m, grama, Kyoto,
12. Maninichi Okan, G2, 1800m, grama, Tokyo,
8. Tenno Sho (Autumn), G1, 2000m, grama, Tokyo,
8. Mile Championship, G1, 1600m, grama, Tokyo,

6 anos

6. Yomiuri Milers Cup, G3, 1600m, grama, Hanshin,




Hat Trick quando de seu shuttle para a Argentina.


Como garanhão iniciou seus serviços nos EUA na Walmac Farm entre 2008 - 2011, período no qual foi enviado em shuttle para a Austrália e Argentina. Posteriormente serviu na Gainesway Farm de 2012 a 2017. Faz muito que Walmac e Gainesway, não são considerados campos de criação de primeira grandeza, inclusive Walmac foi solucionada a tempos e Gainesway Farm vive hoje exclusivamente de Tapit.

Obs. Quando de seu shuttle para a Austrália, Hat Trick suportou importante problema de saúde e quase não padreou, produzindo  pouco mais de 10 filhos registrados.

Em 9 gerações de três anos completas, produziu 17 individuais vencedores em provas de grupo, sendo que 7 venceram grupo 1 e são: Dabirsim (Grand Criterium - Fr, 1400m) garanhão na FrançaHat Puntano (GP 2000 Guineus - Arg, 1600m e GP Gran Criterium - Arg, 1600m) garanhão na África do SulKing David (Jamaica Handicap - USA, 1800m), Zapata (Cl. Raul y Raul E. Chevalier - Arg, 1400m), Giant Killing (GP Dardo Rocha - Arg, 2400m), Big Trick (Kabardino-Balkarian Derby - Rus, 2400m) e Hat Mario (GP Joaquin S de Anchorena - Arg, 1600m). Em grupo 2 temos Secret Message (USA)Bright Thought (USA), Try Twice (Arg), Hat Ninja (Arg) e em grupo 3 a Peace In Motion (Ger), Three Hearts (USA), Tricky Escape (USA), Dressed In Hermes (USA), Howe Great (USA) e Hat Dolar (Uru). 

Hat Trick apresenta pedigree outbred até a sexta geração, sendo livre de Mr Prospector e Northern Dancer. A ausência desses dois excepcionais chefs-de-race em seu pedigree, proporciona uma janela onde essas duas genéticas poderão entrar em forma "pura", gerando assim novas combinações livres de inbreeding sobre elas. O que trás o mesmo vigor do choque inicial quando de suas entradas na raça. Por tal razão, Hat Trick apresenta comprovada afinidade com filhas de garanhões do veio masculino de Mr Prospector e Northern Dancer. Sangues extremamente abundantes entre nós e que por essa disponibilidade, acreditamos, potencializará em nosso ambiente a produção de Hat Trick. O pedigree de Hat Trick é uma raridade dentro da raça PSI.





Não podemos deixar de destacar que Hat Trick é pai de Dabirsim, garanhão líder entre os pais de 2 anos na França em 2017 e com preço recorde da venda de yearlings outubro 2019 - Arqana.




Dabirsim no Haras de Grandcamp, França.



                                              




Hat Puntano no Summerhill Stud, África do Sul.





Parabéns ao consórcio formado pelos Haras Santa Rita da Serra e Springfield, por essa excelente aquisição. É com garanhões desse patamar que a criação nacional pode almejar vôos mais altos.















terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

Agnes Gold - A dinastia de Halo




Agnes Gold


Agnes Gold, fam.16-a, nasceu em 1998 na Shadai Farm, Japão. Um típico milheiro alongado, que apresentou campanha de bom padrão dos 2 aos 3 anos, dentro de um ambiente extremamente competitivo como o do turfe japonês, 7-4-1.

                                    Campanha

2 anos

1. Two-Year-Old Newcomer, 1600m, grama, Hanshin,

3 anos

1. Wakagoma Stakes, 2000m, grama, Kyoto,
1. Hisaragi Sho (NHK Sho), G3, 1800m, grama, Kyoto,
1. Fuji TV Sho Spring, G2, 1800m, grama, Nakayama,
8. Kobe Shimbun Hai, G2, 2000m, grama, Hanshin,
8. Kikuka Sho (Japanese St.Leger), G1, 3000m, grama, Kyoto,
3. Naruo Kinen, G3, 2000m, grama, Hanshin.

Após breve campanha como garanhão nos EUA, foi adquirido em 2008 pelo Haras Estrela Energia - Paraná, hoje pertence a um condomínio e está baseado em Bagé. Agnes Gold possui 9 gerações em idade de corrida e atingiu o índice de 7,6% de ganhadores em provas black-type, o que o credencia como um dos mais relevantes garanhões a serviço do turfe brasileiro. São seus filhos os grupo 1: Mais Que Bonita, Silence Is Gold, Antonella Baby, Energia Fribby, Abidjan, os G2 Bavaro Beach, Ilustre Senador, Hard Trick, Dalheconquistadora, Energia Garoa, Little Bad Girl, Tanto Riso, Energia Elegante, Bom Gosto e os G3 Pixilim, Ouro da Serra e Energia Gstaad. 





Ao examinarmos o pedigree de Agnes Gold, apenas até a sua quinta geração, é possível perceber a quantidade de distintos chefs-de-race quality chefs  que o compõe: Sunday Silence, Halo, Northern Taste, Hail to Reason, Northern Dancer, Caro, Turn-To, Promised Land, Victoria Park, Nearctic, What A Pleasure, Royal Charger, Mahmoud, Gulf Stream, Nearco, Native Dancer, Hyperion, Grey Sovereign, Bold Ruler e Dr Fager - 20 no total. Esse é um importante diferencial para os criadores que são adeptos a utilização de consanguinidade por distintas vias. 

Por essa linha de entendimento também cabe notar que Agnes Gold possui a matriarca Almahmoud através de suas duas notáveis filhas Natalma e Cosmah, o que também pode possibilitar interessantes combinações. Se formos um pouco mais além, sétima geração, veremos a presença de duplicações nas matriarcas Selene via  Hyperion e Pharamond II e Mumtaz Begum por Nasrullah e Sun Princess = Royal Charger; além de grandes nomes em inbreeding como os de Nearco, Hyperion, Pharos, Mahmoud, Phalaris, Gainsborough e Solario. 

Com toda certeza, Agnes Gold possui um pedigree bastante credenciado para utilização em trabalho de consanguinidade além de sua quinta geração. O que é bastante interessante, pois possibilita um maior refrescamento de sangue, que inegavelmente ajuda a proporcionar o perdido e hoje tão almejado vigor dentro do PSI.

Apresentaremos o pedigree da craque Mais Que Bonita, um cirúrgico exemplo de como proceder cruzamentos com Agnes Gold. 




Mais Que Bonita. Foto: Gerson Martins.


Uma combinação quase outbred, apenas um 3x5 sobre Halo, e a partir da quinta geração uma "puxada" nas grandes matriarcas  Grand Splendor e Almahmoud, além de um retorno ao pensamento tesiano quanto a utilização de inbreedings mais distantes. Nota-se aqui, a moderna tendência dos staffs europeus e que também inicia-se nos EUA, que é a de fugir aos excessos de consanguinidade sobre a combinação Mr Prospector, Northern Dancer e Buckpasser. Essa conjunção de inegável sucesso nas pistas, também foi responsável, em grande parte, pela extrema fragilidade quanto a saúde locomotora, de grande número de indivíduos no PSI moderno. 







 
O fundamento básico para se poder aspirar, com maior possibilidade de êxito, a obtenção de um craque, inicia-se na escolha de uma correta combinação genética.











segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

Phalaris, a fonte da velocidade brilhante




Damos sequência, em nosso blog, a publicação de mais um excelente artigo de autoria do importante hipólogo Thierry Grandsir. 

Desta feita:

PHALARIS, A FONTE DA VELOCIDADE BRILHANTE

No início do século XX, Lord Derby, sétimo de seu nome, se questionou sobre o futuro de sua criação. As corridas eram disputadas inicialmente em várias rodadas de 6.400 m. E então, a distância que passou a ser considerada clássica era muito menor - uma milha e meia (2.400 m) - um percurso que exige uma sutil combinação de "tenue" e velocidade.

Com a assistência de Walter Alston, seu consultor em pedigrees, Lord Derby decidiu injetar velocidade em sua eguada e seguiu nessa direção para adquirir uma égua chamada Bromus. Nascida em 1905, a partir da produção do vencedor de Derby (Gr.1) Sainfoin e de Cheery, uma filha de St Simon de grande porte, Bromus venceu apenas uma corrida aos dois anos em dez partidas, o Seaton Delaval Plate (Gr.3), na distância de 1400 m.

Bromus foi o único vencedor gerado por sua mãe Cheery, mas seu pedigree apresentava uma consanguinidade muito forte em Springfield (2x3), o melhor velocista de seu tempo: dezessete vitórias em dezenove partidas, incluindo o King George Stakes (Gr.2), a July Cup (Gr.1) (duas vezes), Gimcrack Stakes (Gr.2) e a edição inaugural da Champion Stakes (Gr.1), esta acima da sua distância limite de 2000 m.

Após um primeiro e pouco convincente cruzamento com Andover, onde nasceu o modesto Mille Fleurs, Bromus, foi apresentada em 1912 ao garanhão de Lord Derby, Polymelus. Um útil e consistente corredor com onze vitórias, incluindo a Champion Stakes (Gr.1). Como curiosidade, o esqueleto de Polymelus encontra-se hoje na entrada de um famoso colégio de Cambridge e, se você for observador, verá que este cavalo foi dotado de 17 vértebras dorsais (em vez de 18) e 6 lombar (em vez de 5), daí o seu nome (Polymelus = poli-lombar). Isso não o impediu de fazer explendida carreira como garanhão, cinco vezes líder nas estatísticas de pais de vencedores no Reino Unido.

Seja como for, em 16 de maio de 1913, Bromus entregou um potro castanho, por Polymelus, que possuia anteriores abertos, muito grande e desajeitado, e que não atraiu nenhuma atenção. Como prova disso, ele competiu em suas duas primeiras corridas aos dois anos de idade, sem sequer ser nomeado!

Batido em sua estréia antes de vencer as próximas duas partidas, o potro, agora chamado Phalaris, foi colocado em repouso durante o inverno pelo seu treinador George Lambton, em Newmarket, para uma campanha clássica aos 3 anos de idade. Mas, após sua terceira colocação no Craven Stakes (Gr.3), sua campanha foi orientada para handicaps. Onde, venceu três em sequência, com extrema facilidade, sendo então convertido para o sprint, que lhe permitiu vencer sete de suas nove partidas aos quatro anos. Além de 9 outras vitórias no ano seguinte sob cargas pesadas (até 147 libras). Demonstrando assim uma solidez a qualquer teste.

Phalaris teve a má sorte de ser contemporâneo do campeão velocista Diadem, seu companheiro de coudelaria, e muito mais estimado do que ele por Lord Derby. Este, então, decidiu vender Phalaris para seguir carreira como garanhão, mas nenhuma oferta foi apresentada. Ele, então, seguiu ao Cheveley Park Stud, e  oferecido o seu serviço ao preço de 200 Guinéus.

Esse desprezo por Phalaris lembrou o tempo em que seu próprio avô paterno, Cyllene, foi igualmente  desprezado. Vencedor da Ascot Gold Cup (Gr.1), Cyllene havia sido exportado para a Argentina em 1908, antes de obter o título de líder das estatísticas de pais de vencedores na GB em 1909 e 1910. Consciente de seu erro, a Coroa da Inglaterra enviou um cheque em branco ao seu proprietário argentino, sr. Raúl Chevalier - Haras Ojo de Água, para recuperar o garanhão. O cheque foi imediatamente retornado ao remetente com a menção: "Desculpe, Cyllene não tem preço!". E ele ficou na Argentina ...

Com 16 produtos nascidos em sua primeira temporada e com bons resultados nas vendas, Phalaris pareceu agradar aos compradores. Lord Derby então o trouxe de volta ao seu campo de criação, Side Hill Stud e aumentou sua taxa em 50% antes de seus primeiros produtos estrearem nas pistas. Boa intuição, porque Phalaris será classificado líder da lista de pais de 2 anos de 1925 a 1927, inclusive, líder da lista de pais de vencedores no Reino Unido em 1925 e 1928 e três vezes líder da lista de pais de mães !!!

Felizmente, a eguada de Lord Derby era composta por muitas éguas de Chaucer, um filho de St Simon, que teve uma boa carreira em corrida, apesar de sofrer periódicas oftalmias. E o cruzamento entre Phalaris e as filhas de Chaucer se tornou um dos nicks mais famosos da história da criação inglesa. Como ilustrações principais podemos citar, Caerleon, Colorado, Fair Isle, Fairway, Pharamond II, Pharos e Warden of the Marches, todos vencedores no mais alto nível.

Transmitindo classe e impulso, às vezes também joelhos um pouco frágeis, Phalaris produzia cavalos sempre honestos e de qualidade, suas fêmeas geralmente eram inferiores aos machos. 

Phalaris formou a base de uma linha masculina que levou a Northern Dancer, Mr Prospector, Nasrullah, Hail to Reason, Buckpasser e tantos outros ...

A dinastia Phalaris se distingue pela transmissão, geração após geração, de um influxo excepcional, mesmo que às vezes combinado com um certo nervosismo. Hoje é impossível encontrar um pedigree que não tenha várias vezes o nome de Phalaris !!!


Thierry Grandsir - DNA Pedigree
Tradução do francês: Ricardo Imbassahy