segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

Phalaris, a fonte da velocidade brilhante




Damos sequência, em nosso blog, a publicação de mais um excelente artigo de autoria do importante hipólogo Thierry Grandsir. 

Desta feita:

PHALARIS, A FONTE DA VELOCIDADE BRILHANTE

No início do século XX, Lord Derby, sétimo de seu nome, se questionou sobre o futuro de sua criação. As corridas eram disputadas inicialmente em várias rodadas de 6.400 m. E então, a distância que passou a ser considerada clássica era muito menor - uma milha e meia (2.400 m) - um percurso que exige uma sutil combinação de "tenue" e velocidade.

Com a assistência de Walter Alston, seu consultor em pedigrees, Lord Derby decidiu injetar velocidade em sua eguada e seguiu nessa direção para adquirir uma égua chamada Bromus. Nascida em 1905, a partir da produção do vencedor de Derby (Gr.1) Sainfoin e de Cheery, uma filha de St Simon de grande porte, Bromus venceu apenas uma corrida aos dois anos em dez partidas, o Seaton Delaval Plate (Gr.3), na distância de 1400 m.

Bromus foi o único vencedor gerado por sua mãe Cheery, mas seu pedigree apresentava uma consanguinidade muito forte em Springfield (2x3), o melhor velocista de seu tempo: dezessete vitórias em dezenove partidas, incluindo o King George Stakes (Gr.2), a July Cup (Gr.1) (duas vezes), Gimcrack Stakes (Gr.2) e a edição inaugural da Champion Stakes (Gr.1), esta acima da sua distância limite de 2000 m.

Após um primeiro e pouco convincente cruzamento com Andover, onde nasceu o modesto Mille Fleurs, Bromus, foi apresentada em 1912 ao garanhão de Lord Derby, Polymelus. Um útil e consistente corredor com onze vitórias, incluindo a Champion Stakes (Gr.1). Como curiosidade, o esqueleto de Polymelus encontra-se hoje na entrada de um famoso colégio de Cambridge e, se você for observador, verá que este cavalo foi dotado de 17 vértebras dorsais (em vez de 18) e 6 lombar (em vez de 5), daí o seu nome (Polymelus = poli-lombar). Isso não o impediu de fazer explendida carreira como garanhão, cinco vezes líder nas estatísticas de pais de vencedores no Reino Unido.

Seja como for, em 16 de maio de 1913, Bromus entregou um potro castanho, por Polymelus, que possuia anteriores abertos, muito grande e desajeitado, e que não atraiu nenhuma atenção. Como prova disso, ele competiu em suas duas primeiras corridas aos dois anos de idade, sem sequer ser nomeado!

Batido em sua estréia antes de vencer as próximas duas partidas, o potro, agora chamado Phalaris, foi colocado em repouso durante o inverno pelo seu treinador George Lambton, em Newmarket, para uma campanha clássica aos 3 anos de idade. Mas, após sua terceira colocação no Craven Stakes (Gr.3), sua campanha foi orientada para handicaps. Onde, venceu três em sequência, com extrema facilidade, sendo então convertido para o sprint, que lhe permitiu vencer sete de suas nove partidas aos quatro anos. Além de 9 outras vitórias no ano seguinte sob cargas pesadas (até 147 libras). Demonstrando assim uma solidez a qualquer teste.

Phalaris teve a má sorte de ser contemporâneo do campeão velocista Diadem, seu companheiro de coudelaria, e muito mais estimado do que ele por Lord Derby. Este, então, decidiu vender Phalaris para seguir carreira como garanhão, mas nenhuma oferta foi apresentada. Ele, então, seguiu ao Cheveley Park Stud, e  oferecido o seu serviço ao preço de 200 Guinéus.

Esse desprezo por Phalaris lembrou o tempo em que seu próprio avô paterno, Cyllene, foi igualmente  desprezado. Vencedor da Ascot Gold Cup (Gr.1), Cyllene havia sido exportado para a Argentina em 1908, antes de obter o título de líder das estatísticas de pais de vencedores na GB em 1909 e 1910. Consciente de seu erro, a Coroa da Inglaterra enviou um cheque em branco ao seu proprietário argentino, sr. Raúl Chevalier - Haras Ojo de Água, para recuperar o garanhão. O cheque foi imediatamente retornado ao remetente com a menção: "Desculpe, Cyllene não tem preço!". E ele ficou na Argentina ...

Com 16 produtos nascidos em sua primeira temporada e com bons resultados nas vendas, Phalaris pareceu agradar aos compradores. Lord Derby então o trouxe de volta ao seu campo de criação, Side Hill Stud e aumentou sua taxa em 50% antes de seus primeiros produtos estrearem nas pistas. Boa intuição, porque Phalaris será classificado líder da lista de pais de 2 anos de 1925 a 1927, inclusive, líder da lista de pais de vencedores no Reino Unido em 1925 e 1928 e três vezes líder da lista de pais de mães !!!

Felizmente, a eguada de Lord Derby era composta por muitas éguas de Chaucer, um filho de St Simon, que teve uma boa carreira em corrida, apesar de sofrer periódicas oftalmias. E o cruzamento entre Phalaris e as filhas de Chaucer se tornou um dos nicks mais famosos da história da criação inglesa. Como ilustrações principais podemos citar, Caerleon, Colorado, Fair Isle, Fairway, Pharamond II, Pharos e Warden of the Marches, todos vencedores no mais alto nível.

Transmitindo classe e impulso, às vezes também joelhos um pouco frágeis, Phalaris produzia cavalos sempre honestos e de qualidade, suas fêmeas geralmente eram inferiores aos machos. 

Phalaris formou a base de uma linha masculina que levou a Northern Dancer, Mr Prospector, Nasrullah, Hail to Reason, Buckpasser e tantos outros ...

A dinastia Phalaris se distingue pela transmissão, geração após geração, de um influxo excepcional, mesmo que às vezes combinado com um certo nervosismo. Hoje é impossível encontrar um pedigree que não tenha várias vezes o nome de Phalaris !!!


Thierry Grandsir - DNA Pedigree
Tradução do francês: Ricardo Imbassahy