segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Going Somewhere




Going Somewhere, Fam. 10-d, alazão, SP, 2009, por Sulamani em Angel Star por Special Nash de criação e propriedade do Haras Philllipson, é o sexto vencedor brasileiro do Grande Prêmio Carlos Pellegrini, G1, 2400 m, San Isidro - Argentina, sendo este o seu mais notável feito, quando despontou como elemento internacional de boa grandeza, em 2012 foi o cavalo com maior rating na América do Sul, 119 libras-peso, os outros brasileiros contemplados com rating foram Plenty of Kicks - 116 e Didimo - 115.


Foto: Márcio de Ávila Rodrigues.

Levado a Europa e EUA obteve expressivas colocações em importantes provas de grupo. Going Somewhere em pistas foi um muito bom e típico cavalo de distâncias clássicas com alcance de fundo, mas, apresentando forma de correr correta para essas distâncias, a de sempre participar da corrida no pelotão intermediário e vir no final como o fez na pista de grama do Pellegrini, em alucinante pointe de vitesse para vencer essa prova de forma irretocável, impondo 1 1/2 corpo sobre o segundo colocado e marcando o excelente tempo de 2:22.20, o recorde dos 2400 metros em San Isidro é de 2:21.98. Conseqüentemente Going Somewhere em hipótese alguma pode ser considerado um típico galopador ou um “sopeiro”, como os cavalos de espera são designados em nosso turfe.


Sulamani.




Seu pai Sulamani foi um parelheiro de notável campanha, sendo um vencedor do Prix du Jockey Club – Derby francês, FR-G1, 2400 metros à época e segundo colocado no Prix de L’Arc de Triomphe, FR-G1, a prova de comparação mais importante do calendário mundial, outras suas vitórias foram Juddmonte International Stakes, GB-G1, Arlington Million, USA-G1, Turf Classic Invitational Stakes, USA-G1, Dubai Sheema Classic, UAE-G1 e Canadian International Stakes, CAN-G1. 

Trazido ao Brasil em shuttle serviu no Haras Calunga por duas temporadas e se destacou entre nós como um muito bom e consistente reprodutor, seguindo o mesmo padrão de outros garanhões que se destacaram como reprodutores no hemisfério sul apesar de seu pouco sucesso no hemisfério norte, seus índices no Brasil são excelentes, com 9,78% de seus filhos vencedores em provas Black Type e 15,21 % ganhadores e colocados nessas mesmas provas, números que o confirmam como um dos mais importantes garanhões que serviram modernamente na criação brasileira, além de Going Somewhere podemos destacar dentre seus filhos ao excelente parelheiro Ganesh, 1. GP General San Martin, ARG - G1; 1. Cl Chacabuco, ARG - G2; 1. Cl Comparación, ARG - G2; 1. GP Adil - G3; 2. GP Brasil - G1; 2. Charles Wittingham S, EUA - G2; Last Tycoon S, EUA - G3; 3. Del Mar H, EUA - G2; Invictus, GP São Paulo - G1; Concilium, GP Jockey Club de São Paulo - G1; Energia Destaque, GP Dezesseis de Julho - G2, GP Professor Nova Monteiro - G3 e GP Prefeitura da cidade do Rio de Janeiro – Taça Maravilhosa - G3, mais os vencedores de grupo Choreograph, Ferragamo, Mitológico, Senatus, Nice Queen, Sul Blue entre outros. Internacionalmente Sulamani produziu Mastery, GB-G1; Cash And Go, GB-G1; Achtung, FR-G3; Tau Ceti, FR-G3; Aki, RUS-G1, entre outros.

Going Somewhere é neto materno de Special Nash, um exemplar que demonstrou precocidade, foi apresentado apenas aos dois anos na Itália onde mostrou boas qualidades, em 6 partidas obteve 5 vitórias e uma segunda colocação, venceu o Premio Guido Berardelli, G2, 1800 metros, Roma; Criterium Partenopeo, L, 1600 metros em Nápoles - a mais importante prova do sul da Itália para 2 anos - e segundo no Premio Giuseppe de Montel, L, 1500 metros, Milão, outra prova de importância para 2 anos no calendário italiano. Embora só tenha ganho dos 1500 aos 1800 metros, Special Nash apresenta um pedigree fundamentado em stamina, pois carrega vencedores do Arco, King e derbies europeus. Na reprodução produziu Givememore, GP João Cecílio Moraes, G1 (na época) e GP -Presidente Guilherme Ellis, G3; Right Special, GP Frederico Lundgren, G2 e GP José Carlos de Figueiredo, G3; Indochine, GP João Cecílio Moraes, G1 (na época); Econash, GP Antonio Peixoto de Castro JR, G2; Tenash, 2. GP J. Adhemar de Almeida Prado – Taça de Prata, G1 e 4. GP São Paulo, G1, Nansouk, Cl. Manuel  Quintela, URU-G3 e diversos outros ganhadores.




Special Nash.


Sua mãe Angel Star não correu e teve apenas dois filhos, sendo Going Somewhere o único apresentado as pistas. Ultra Star, ganhadora, sua segunda mãe produziu Honesto (URU), GP Presidente Antonio Correa Barbosa, G3; 4. GP Adil, G3 e 5. GP São Paulo, G1 e os úteis Diva Poderosa (URU), Juristar (URU) e Istar (URU). Em seu pedigree cabe destacar a presença em sua linha ventral da muito boa égua Bola de Cristal, uma das líderes de sua geração na Argentina, GP Selección, G1; GP Ignácio Correas, G1 e Cl. Francisco J. Beazley, G2 são suas mais importantes vitórias.

Acreditamos que a categoria de Going Somewhere em muito é devida a  conhecida combinação de sucesso entre os sangues de Hernando e Nashwan ou através de seus descendentes, um nick muito interessante em equilíbrio. Ganesh seu irmão 3/4, outro muito bom parelheiro, demonstra a pujança dessa rara combinação de sangue.

Going Somewhere em sua vitória no Grande Premio Carlos Pellegrini.





                                                      Campanha 

Brasil

3 anos

6. Prêmio Chopstick, 1500 m, GLN, Cidade Jardim,
3. Prêmio Apimentado, 1600 m, GB, Cidade Jardim,
3. Prêmio Alta Vista, 1800 m, GB, Cidade Jardim,
2. Prêmio Dearest Son, 1600 m, GB, Cidade Jardim,
1. Prêmio Centro Logístico da Aeronáutica, 2400 m, GP, Cidade Jardim,
1. Prova Especial Cacique Negro, 3000 m, GM, Cidade Jardim,

No exterior:

Argentina

1. Grande Prêmio Carlos Pellegrini, G1, 2400 m, G, San Isidro, Buenos Aires,
2. Clássico Porteño, G3, 2400 m, G, San Isidro, Buenos Aires,
3. Grande Prêmio 25 de Mayo, G1, 2400 m, G, San Isidro, Buenos Aires.

França

2. Prix Royal-Oak, G1,  3000 m, G, Longchamp, França,
2. Prix Right Royal, 3000 m, G, Longchamp, França,
3. Prix Maurice de Nieuil, G2, 2800 m, G, Longchamp, França,
3. Grand Prix de Deauville, G2, 2500 m, G, Deauville, França
3. Prix de Reux, G3, 2500 m, G, Deauville, França,
4. Prix Foy, G2, 2400 m, G, Longchamp, França.

EUA

2. San Juan Capistrano Stakes, G3,  2800 m, G, Santa Anita Park, Arcadia, EUA,
3. Charles Whittingham Stakes, G2, 2400 m, G, Santa Anita Park, Arcadia, EUA.


Going Somewhere pertence a uma combinação de sangue da qual é possível esperar sucesso sobre a linha Know Heights - Shirley Heights, acreditamos que seu cruzamento com filhas de Jeune-Turc deva ser considerado em alta estima, pois esse garanhão reúne duas linhagens que comprovadamente funcionam com Hernando, o mencionado Shirley Heights e Machiavellian. Fora as combinações clássicas acima descritas outro nick estatisticamente comprovado para essa linhagem masculina é sobre Exclusive Native, entendemos que Redattore talvez seja o melhor cruzamento para Going Somewhere pois dará a sua produção um maior equilíbrio em tenue para que seja alcançado distâncias de meio fundo com sucesso, mas sem perder a condição para a distância clássica, um cruzamento entre o limite das duas distâncias. Descendentes de Mr Prospector também indicam estatisticamente serem uma boa combinação para sua linhagem masculina, Going Somewhere necessita de éguas originárias de linhas velozes, o que não quer dizer 100% brilhantes,  "wing patterns"são reconhecidamente cruzamentos equivocados.

O cruzamento de Going Somewhere sobre filhas de T.H. Approval, mesmo que indique claramente uma falta de precocidade, ao que tudo indica seguirá direção acertada, pois os pouquíssimos animais em corrida que respondem a Hernando - With Approval se apresentaram bons ganhadores. Acreditamos que Going Somewhere em éguas com pedigrees mais aligeirados seja uma interessante opção.





quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Famílias maternas por Lowe, Bobinski e Zamoyski





Não existe assunto mais interessante e sedutor para os que se dedicam as coisas do élevage do PSI que uma incursão pela catalogação das famílias maternas da raça. Em 1885 foi publicado por Herman Goos um estudo com gráficos genealógicos intitulado "The Family Tables of English Thoroughbred Stock", onde identificou 61 famílias maternas no PSI. Bruce Lowe, estudioso australiano seguiu esse trabalho, tomou como fundamento para seu sistema as 4 grandes provas clássicas do turfe britânico: o Derby, os Oaks e o Saint Leger. Examinando e voltando atrás no pedigree de todos os vencedores dessas provas por via materna conseguiu identificar 43 éguas das quais descendiam todos os ganhadores dessas corridas, de cada égua se originaram vencedores em números variáveis e o autor lhes deu um número conforme a quantidade de descendentes vitoriosos nessas mesmas provas, ou seja, considerou como família número 1 aos descendentes que correspondiam a uma égua fundadora que tinha gerado um maior número de vencedores. A que obteve o lugar imediatamente abaixo recebeu a denominação de fundadora da família 2 e assim sucessivamente. Feito isso, Lowe não pode deixar de reconhecer a contribuição paterna na transmissão de características que davam a seus filhos condições acima da média da raça quanto a classicismo e relacionou do mesmo modo como fez com as fêmeas os garanhões que geraram vencedores daquelas provas, separando a quais famílias pertenciam e intitulou essas famílias como “sire families”.

O sistema de Bruce Lowe ficou então assim configurado:

A – As famílias 1, 2, 3, 4 e 5 denominadas RUNING FAMILIES;
B – As famílias 3, 8, 11, 12 e 14 denominadas SIRE FAMILIES;
e as demais até o número 43, foram chamadas por OUTSIDE FAMILIES.

É possível observar que a família 3 possui dupla aptidão por ser uma família que tanto gera ganhadores como reprodutores em elevado percentual.

No seu estudo Bruce Lowe encontrou que em 348 provas corridas sobre os clássicos por ele selecionados, haviam 180 vencedores que pertenciam as 5 primeiras famílias, ou seja, um 10% das éguas bases, as RUNING FAMILIES haviam gerado 52% dos ganhadores. O trabalho de Bruce Lowe foi publicado postumamente em 1895 por William Allison, editor.

Em 1897 o livro de Herman Goos foi republicado, mas agora com 50 famílias e utilizando a numeração de Bruce Lowe.





Posteriormente na década de 50, Kazimierz Bobinski e Stefan Count Zamoyski, patrocinados por The Earl of Derby, Frederico Tesio, Guy de Rothschild, Roberto Seabra, Maurice O’Neill, Earl of Dunraven and Mount-Earl, Peter Beatty, George Angus Garrett e F.D. Wadia, atualizaram o estudo de Bruce Lowe e Herman Goos, a ele acrescentando mais 183 provas europeias, 79 provas na América, 20 na Oceania, 5 na África do Sul e 5 na Índia. Do Brasil temos 7 provas tabuladas, a saber, Grande Prêmio Brasil, Grande Prêmio São Paulo, Grande Prêmio Cruzeiro do Sul, Gande Prêmio Derby Paulista, Grande Prêmio Marciano de Aguiar Moreira, Grande Prêmio Jockey Club Brasileiro (em sua configuração original como terceira prova de tríplice-coroa) e o extinto Derby Sul-americano.

Também foram incorporadas mais 24 famílias reconhecidas como puras inglesas, indo a um total de 74 famílias e se criou o entendimento das sub-famílias que passaram a ser identificadas por letras na sequência alfabética por vitórias, sendo “a” o ramo mais vitorioso, após ela a “b” e assim sucessivamente. Foram também criadas as chamadas novas famílias, essas novas famílias igualmente atendendo a premissa do menor número pertencer a mais ganhadora e assim sucessivamente:

A – famílias argentinas, Ar1 e Ar2;
B – famílias polacas, P1 e P2;
C – famílias cruzadas britânicas, B1 até a B26,
D – famílias norte-americanas, A1 até a A37,
E – famílias coloniais, C1 até a C33,

e uma listagem de cavalos notáveis que não pertencem a nenhuma família estabelecida.


Obs. Foram publicados 100 exemplares da obra de Bobinski, todos numerados. Para o Brasil vieram 10, conheço o destino original de 5 desses exemplares, Roberto Seabra, José Paulino Nogueira, Francisco Eduardo de Paula Machado, Carlos Gilberto da Rocha Faria e Antonio Peixoto de Castro Júnior. O meu exemplar é o de número 63 e a mim presenteado quando fiz 18 anos por meu saudoso e inesquecível amigo, dr. Carlos Gilberto da Rocha Faria. Eterna gratidão.





terça-feira, 21 de novembro de 2017

Tônemaí




Tônemaí, Fam. 16, castanho, RS, 2006, Wild Event em Onda por Jules, criação do Haras Santa Maria de Araras e propriedade do Haras Uberlândia, animal extremamente sadio e consistente correu dos 2 aos 6 anos, vencendo na grama dos 1500 aos 2400 metros em 8 oportunidades, o Grande Prêmio Francisco Eduardo de Paula Machado, G1, foi a sua principal vitória. Trata-se de um filho de Wild Event, 1. Early Times Turf Classic Stakes, G1, 1800 m; 1.W.L. McKnight Handicap, G2, 2400 m e 1. Keeneland Breeder’s Cup Mile Stakes, G2, 1600 m; mas é na reprodução que Wild Event se destaca sendo um dos mais notáveis reprodutores que já serviram no Brasil, semeando em nosso estoque genético suas qualidades. Pai até esta feita de 20 G1, entre eles o citado Tônemaí, Fluke, Poker Face, Daniel Boone, Esfinge, o Derby-winner argentino Eu Também, as vencedoras do Diana na Gávea Smile Jenny, Hunka Hunka, Cruiseliner, a Diana e Cruzeiro do Sul-Derby brasileiro Daffy Girl, a tríplice-coroada Old Tune, Double Trouble (USA), Brujo de Olleros, recordista dos 1600 metros em Maroñas, e Sing-A-Song (Uy), os recordistas Volly (1100 m - CJ) e Tokay (1400/1500/2100 m – Cristal),  já se apresentando também como avô materno de extremo sucesso através de Baccelo, Dolemite, Take The Stand (USA e Arg), etc... 

Sua mãe, a importada Onda é uma vencedora na grama nos 1300 e 1500 metros tem em Tônemaí seu primeiro e único produto, Ostora sua segunda mãe produziu Labirinto, um G3, sendo que sua terceira mãe My Darling One foi uma muito boa égua de pistas, 1. Fantasy Stakes, G1, 1. Fair Grounds Oaks, G3 e 3. Kentucky Oaks, G1, sendo mãe e avó de ganhadores e colocados em provas de grupo, Heart Lake, G3, Darling Flame, G3, Framelet, G3 e Beluga, G3. 

Wild Event.




Jules seu avô materno foi precoce e veloz, em 11 apresentações conseguiu 4 vitórias e 4 colocações, 1. Nashua Stakes, G2, 1600 m, foi seu melhor resultado, filho do excelente Forty Niner (campeão aos 2 anos), tem como segunda mãe Raise The Standard, uma filha de Natalma (mãe de Native Dancer), que produziu a clássica Coup de Folie, mãe de Machiavellian, Exit to Nowhere, Coup de Genie, Hydro Calido e  outros. Como reprodutor Jules se mostrou superior a sua campanha e confirmou as esperanças depositadas em sua régia linhagem, com 4 gerações obteve sólidos números, 11,63% de filhos ganhadores em provas Black Type e 18,10% ganhadores e colocados nessas provas, de seus filhos destacam-se Quick Road, G1, Quatro Mares, G1, Must Be Flying, G1, Notificado, G1, New Famous, G1, Mastro Lorenzo, G2, Match Box, G2, Millenaire, G2 e outros vencedores de grupo.

Jules.



Tônemaí em sua vitória no GP Francisco Eduardo de Paula Machado, G1,





                                                  Campanha

2 anos

7. Prêmio Waldmeister, 1400 metros, AB, Gávea,
1. Prêmio Membro do Conselho Consultivo 1984/1988, 1500 metros, GM, Gávea,

3 anos

2. Prêmio Diretor Tesoureiro do JCB – Construção do Hipódromo, 1600 metros, GB, Gávea,
5.Grande Prêmio José Paulino Nogueira, G3, 1600 metros, GP, Gávea,
4.Clássico Sandpit, L, 2000 metros, GM, Gávea,
1. Prêmio Ramirito, 1500 metros, GP, Gávea,
8. Grande Prêmio Estado do Rio de Janeiro, G1, 1600 metros, GM, Gávea, 
1. Grande Prêmio Francisco Eduardo de Paula Machado, G1, 2000 metros, GP, Gávea,
13. Grande Prêmio São Paulo, G1, 2400 metros, G1, GM, Cidade Jardim,

4 anos

1. Grande Prêmio Dezesseis de Julho, G2, 2400 metros, GM, Gávea,
3. Grande Prêmio Brasil, G1, 2400 metros, GM, Gávea,
1. Grande Prêmio Doutor Frontin, G2, 2400 metros, GM, Gávea,
2. Grande Prêmio Antonio Joaquim Peixoto de Castro Junior, G2, 2400 metros, GE, Gávea, 
5. Clássico Presidente Rafael ª Paes de Barros, L, 2400 metros, GM, Cidade Jardim,

5 anos

10. Grande Prêmio Brasil, G1, 2400 metros, GM, Gávea,
1. Grande Prêmio Doutor Frontin, G2, 2400 metros, GB, Gávea,
1. Grande Prêmio Antonio Joaquim Peixoto de Castro Junior, G2, 2400 metros, GM, Gávea,
3. Grande Prêmio Almirante Marquês de Tamandaré, G2, 2400 metros, GM, Gávea,
1. Grande Prêmio João Borges, G2, 2400 metros, GM, Gávea,
18. Grande Prêmio São Paulo, G1, 2400 metros, GM, Cidade Jardim,


6 anos

4. Grande Prêmio Dezesseis de Julho, G2, 2400 metros, GP, Gávea,
6. Grande Prêmio Brasil, G1, 2400 metros, GM, Gávea,
3. Grande Prêmio Doutor Frontin, G2, 2400 metros, GM, Gávea,
4. Grande Prêmio Antonio Joaquim Peixoto de Castro Junior, G2, 2400 metros, GM, Gávea,
7. Grande Prêmio Almirante Marquês de Tamandaré, G2, 2400 metros, GL, Gávea,
4. Grande Prêmio Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, G3, 2200 metros, AB, Gávea,


Tônemaí além da sua já comentada saúde e versatilidade apresenta pedigree extremamente aberto, o que facilita em muito a sua utilização como reprodutor. Só possui inbreedings em sua quarta e quinta geração, tendo apenas uma passagem em Northern Dancer através do saudável de locomotores Northfields e também uma passagem por Mr Prospector por meio de Forty Niner, um mensageiro saudável, ambos em sua quarta geração. Cabe destacar que Tônemaí possui um RF sobre Natalma em sua quinta geração, o que é de fato um importante fundamento em seu pedigree. Com apenas 3 produtos em idade de corrida, geração 2014, Tônemaí tem em sua filha Magnetic Eyes, uma neta de Fast Gold (Mr Prospector) sobre Minstrel Glory - The Minstrel – Northern Dancer, sua primeira vitória como garanhão numa eliminatória de 3 anos.

Assim como a “honestidade” de Ski Champ, os sucessos de Wild Event, Christine Outlaw, Silent Times e do recentemente falecido Fluke na reprodução entre nós, Tônemaí deixa transparecer de imediato que a pujança no Brasil de Icecapade é de fato algo que chama atenção de qualquer hipólogo do PSI e como já comentamos em outra oportunidade tornando o nosso turfe no grande baluarte dessa linhagem a nível mundial. Confiamos que Tônemaí com o excelente trabalho que o Haras Uberlândia vem demonstrando e na qualidade com a qual esse campo de criação vêm construindo seu plantel de matrizes encontrará plenas condições para seu sucesso e conseqüentemente do haras que nele apostou suas fichas.

Resta a pergunta: Se Tônemaí fosse nascido nos USA com uma campanha similar seria economicamente viável para um criador brasileiro importar animal de tal padrão?  Que os comissionados não venham com a tese de que vitória e/ou colocação em qualquer G2, G3 e outros tipos de prova nos EUA seja a toda forma superior as poucas provas de G1 brasileiras em razão do nível de seleção... A tudo cabe análise, nos USA a quantidade de G2 e G3 é absurdamente enorme, o que torna qualquer análise para importação de algum cavalo para garanhão algo muito criterioso, seja ele de onde for e vier.







terça-feira, 14 de novembro de 2017

Silent Times


Esse animal gerou dois vencedores do Derby Paulista, na temporada de 2016  serviu DUAS éguas e em 2017 UMA. E la nave va...




SILENT TIMES, Fam. 4-r, castanho, 2003, Irlanda, por Danehill Dancer em Recoleta por Wild Again, como corredor foi um dois anos de primeiríssima grandeza, tendo vencido o importante Intercasino Champagne Stakes, G2.  Seu pai Danehill Dancer foi o campeão dois anos da Irlanda e muito bom sprinter, tendo vencido dos 1200 aos 1400 metros, Phoenix Stakes, G1, National Stakes, G1 e Greenham Stakes, G3, foram suas vitórias, mas foi como reprodutor que se destacou ao produzir nomes como Mastercraftsman, Again, Lillie Langtry, Dancing Rain, Esoterique, Alfred Nobel entre outros, em 2009 Danehill Dancer foi o reprodutor líder na Inglaterra e Irlanda em 2009. 

Danehill Dancer




Sua mãe Recoleta é ganhadora e produziu Rock of Rochelle, vencedor de grupo e reprodutor iniciante na África do Sul; sua segunda mãe Alvear produziu Offlee Wind (US$ 976.000) e reprodutor líder dois anos em 2009 nos EUA, destacando-se seu filho Bayern com US$ 4.454.930 e 1. Breeder's Cup Classic, G1; sua terceira mãe Andover Way produziu Dynaformer, pai de 129 SWs e 25 G1 SWs, entre eles Bárbaro, Point of Entry, Lucarno, Americain, Rainbow View, White Moonstone e Blue Bunting. On the Trail a quarta mãe de Silent Times é inscrita no hall da fama americano, maiores informações:



Seu avô materno Wild Again foi um parelheiro de muito boa grandeza, Breeder's Cup Classic, EUA-G1, Meadowlands Cup H, EUA-G1, etc. Pai entre nós dos excepcionais reprodutores Wild Event e Christine’s Outlaw, Ski Champ é outro Icecapade com  bom desempenho como reprodutor no Brasil (7,60% vencedores em provas Black Type), demonstrando que por alguma razão inexplicável o Brasil é o baluarte Icecapade no turfe mundial. Silent Times com seus dois derby-winners Reality Bites e Galope Americano mais Capitólio, vencedor do GP Presidente da República, G1, Gávea, confirma a pujança do sangue Wild Again no turfe brasileiro.




                                              Campanha

2005

2 anos

2. Freephone Stanleybet E.B.F Maiden Stakes, 1450 metros, grama, Ayr – UK,
1. Fit As A Butcher Dog Challenge Maiden Stakes, 1400 metros, grama, York – UK,
2. Happy Valley Auction Stakes, 1400 metros, grama, Newbury – UK,
3. Galileo EBF Futurity Stakes, G2, 1400 metros, grama, Curragh – IR,
1. Intercasino Champagne Stakes, G2, 1400 metros, grama, Doncaster – UK,

2006

3 anos

11. Lane’s End Stakes, G2, US$ 500.000, 1800 metros, grama, Turfway Park – USA, prova preparatória para o Kentucky Derby,
Obs. Sentiu durante a corrida sendo alçado por seu jóquei.
8. Rock of Gibraltar EBF The Tetrarch Stakes, grama, 1400 metros, Curragh – IR.

Ao analisarmos os índices reprodutivos de Silent Times é incompreensível o abandono a ele relegado pelos criadores brasileiros, de seus filhos em idade de corrida 69,82% correram e 56,76% venceram, dos que correram 9,02% são vencedores Black Type, o que o coloca com índices bastantes consistentes num patamar que o credencia entre os melhores garanhões em atividade no país. Seus índices não ajustados são, 63,79% correram, 36,20% ganhadores e 6,36% ganhadores e colocados em provas Black Type (Stud Book).

O que se nota quanto ao pedigree de seus filhos que não correram ou encerraram prematuramente suas campanhas é a percepção de que inbreedings próximos sobre descendentes de Northern Dancer que trazem fragilidade locomotora e/ou a presença de Mr Prospector não indicam a direção mais apropriada no planejamento de coberturas para Silent Times. 

O estudioso do assunto Marcelo Augusto da Silva nos autorizou para ilustrar como exemplo negativo do acima exposto o potro El Vingador, por ele adquirido, que mesmo em que pese correto tipo físico e um início promissor em seu treinamento acabou mancando de tendão, não podendo dessa forma dar prosseguimento a sua campanha. A expectativa de sucesso de El Vingador tinha suas justificativas pois existem interessantes pontos de aproximação familiar em seu pedigree além de pertencer a uma muito boa família materna que entre nós produziu Mensageiro Alado, Acteon Man e Clausen Export, mas infelizmente o quesito hereditariedade em saúde, que jamais pode ser desprezado, acabou falando mais alto.



El Vingador apresenta um inbreeding 3 x 5 sobre Northern Dancer através de dois pontos de fragilidade em locomotores, o já conhecido nesse aspecto Danzig e Shareef Dancer. Shareef Dancer não estreou aos dois anos, foi um muito bom 3 anos, correndo apenas 5 vezes, venceu o Irish Derby, G1 e King Edward VII Stakes, G2, sendo declarado "Middle Distance Horse UK em 1983, ao iniciar campanha de 4 anos mancou de tendão e retirado para reprodução. Se somarmos a esse painel que Silent Times teve problemas de locomotores e que seu pai Danehill Dancer também pagou seu preço a Danzig é de se supor que o formato do pedigree de El Vingador indicava enormes possibilidades de problemas futuros quanto ao aspecto sanidade de locomotores, o que de fato acabou ocorrendo. 

O esquema de dosagens de Silent Times apresenta um diagrama em que se pode esperar aumento de distância com sucesso até provavelmente um meio fundo, tal fato aliado a uma categoria demonstrada em início altamente promissor seja a provável explicação de sua transferência para os EUA e inscrição numa Added preparatória para o Kentucky Derby, o seu alto índice em elementos Classic é a fonte da tenue necessária para que seus filhos, dentro de cruzamentos apropriados, possam atingir a distância clássica com sucesso. Como assim o fizeram seus dois derby-winners Galope Americano e Reality Bites.

Galope Americano



Reality Bites



O que se pode observar nesses dois exemplos é que Galope Americano possui um pedigree muito aberto, já que o elemento existente de consanguinidade é o inbreeding sobre seu pai. Cabe ressaltar a inexistência de elementos da linha de Mr Prospector que transmitam fragilidade de locomotores bem como qualquer outro da linha Northern Dancer que também potencialize esse tipo de hereditariedade, como o exemplo Shareef Dancer comentado em El Vingador. 

Quanto a Reality Bites nota-se que apresenta também um pedigree bem aberto e ausência de Mr Prospector, o inbreeding aqui existente sobre Northern Dancer, um 5 x 5, vem através de uma passagem por Danzig e outra pelo consistente Be My Guest, o que deixa claro que o ponto para Silent Times é o de se evitar nas éguas a ele oferecidas a presença de mensageiros que sejam transmissores de fragilidade de locomotores.


Capitólio, vencedor do GP Presidente da República, 1600 metros, Gávea.


Novamente percebe-se um pedigree bastante aberto com apenas um inbreeding para Capitólio, um 3 x 4 sobre Sharpen Up, isento de Mr Prospector e sem potencialização de elementos transmissores de fragilidade. Sharpen Up é um conhecido nick para Danehill e essa duplicação em Capitólio seguramente é um ponto de força.


Sigillaria, vencedora do GP Presidente José Bonifácio Coutinho Nogueira, 2400 m, Cidade Jardim.



Mais uma vez percebe-se um pedigree relativamente aberto, com um inbreeding 4 x 4 sobre Danzig, mas tendo como um dos mensageiros o saudável em locomotores Anabaa, e um 5 x 5 x 5 em Northern Dancer. O inbreeding sobre His Majesty existente em Silent Times não pode ser considerado em Sigillaria como tal. Também nota-se a ausência de Mr Prospector nesse outro filho clássico de Silent Times.


Portanto, reiteramos que tudo indica que o já obtido sucesso de Silent Times na reprodução está alicerçado em seu cruzamento sobre éguas sãs e pertencentes a linhagens saudáveis. A ausência de Mr Prospector nos seus principais filhos merece atenção, caso não se queira abrir mão das inegáveis qualidades desse reprodutor é interessante cautela pois hoje é condição mais que conhecida na criação mundial que inbreedings envolvendo a descendência de Danzig e Mr Prospector só são relativamente seguros se efetuados via mensageiros saudáveis de locomotores.

Silent Times oferece ao criador brasileiro a possibilidade da utilização de suas filhas com os garanhões Wild Again aqui existentes, e assim possibilitar um trabalho de consanguinidade sobre uma linhagem que se enraizou em nossa criação com imenso sucesso. Por Wild Event: Tônemaí e Poker Face; Christine's Outlaw: Universal Law, Joe Owen e High Chris. Ou mesmo, sua utilização direta em filhas de Wild Event, Christine's Outlaw, Bright Again e Ski Champ. O sucesso inicial do lamentavelmente falecido Fluke como reprodutor, assim como o envio de Daniel Boone pelo Haras Santa Maria de Araras para servir em sua seção argentina demonstram o quilate da linhagem Wild Again/Icecapade.

Entendemos que além das hipóteses acima comentadas o cruzamento de Silent Times com filhas de Manduro e Shirocco, dois consistentes alemães de primeira categoria, linhas de Saddler's Wells e Know Heights - Shirley Heights sejam opções a serem consideradas. Como Silent Times está sediado no Paraná, onde existem muitas filhas de Amigoni, esse é um cruzamento muito interessante, onde se busca o chef-de-race Danehill por um 3 x 3, mas é fundamental que essas filhas de Amigoni sejam completamente sãs de locomotores e bem aprumadas.

Um ponto também a ser melhor observado para Silent Times é que sua progênie parece demonstrar algum tipo de inadequação para pistas que não sejam a grama.




domingo, 5 de novembro de 2017

Educação e treinamento para corridas




Ernani de Freitas.

As considerações abaixo reúnem pensamentos do grande mestre uruguaio Guillermo Young e memórias de minhas conversas com esse outro mestre chamado Ernani de Freitas. Na minha juventude era frequente minhas visitas a sua cocheira para ver o "meu" tordilho Orpheus, sendo sempre muito bem recebido e honrado com seus ensinamentos. 



Orpheus.

Não é apenas a seu sangue, físico e criação que um cavalo de corrida deve seu sucesso nas pistas, a doma, educação e treinamento são elementos fundamentais em sua atuação futura. Alguns potros ágeis e precoces se apresentam rapidamente e encontram-se em condições de corrida muito cedo. Mas de forma geral os mais precoces costumam ser os mais temperamentais e naturalmente se desgastam mais nos treinos e nas corridas, portanto é necessário que sejam trabalhados com muita cautela e mesmo sacrificar em seus primeiros tempos inscrições em corridas que a julgamento de seu treinador e proprietário estejam a sua mercê, os fazer participar em seus inícios de poucas corridas é fundamental para que se façam tranquilos e percam todo seu natural receio. Lamentavelmente alguns potros que debutam bem são corridos com demasiada frequência sem o devido descanso, sendo o resultado mais que desgaste físico e sim uma surmenage produzida por excesso de excitação nervosa tão comum nos animais jovens que por vezes termina em sua total perda, sobretudo se ele tiver temperamento muito vivo e consequentemente ter que sustentar em muitas corridas severa luta com outro ou outros produtos. É por essa circunstância que tantos potros de verdadeira promessa desaparecem de forma frequente do cenário hípico durante os primeiros meses da temporada clássica. 
No caso dos exemplares de temperamento apático e tranquilo para se evitar os males resultantes da necessidade de recorrer a rigor durante os exercícios em privado e de esforços prematuramente feitos, por vezes é interessante os debutar mesmo verdes para completar seu treinamento e educação em corrida, correndo os como é natural com o propósito de ganhar mas com o seu jóquei instruído para não os castigarem ou os surpreenderem com severa exigência de pernas e calcanhares se for evidente a impossibilidade de vitória, o castigo brutal é negativo para animais já erados  e se isso passa com veteranos é de se imaginar o que sucede na psique de um potro para os quais as corridas, o ruído do público, de carros, campainhas resultam como uma série de novidades que os tomam de surpresa e para as quais é necessário os habituar sempre lidando com toda suavidade e doçura que seja possível. O produto assim educado perde rapidamente de forma geral todo temor exagerado tranquilizando-se no prado e criando as condições para que se transforme em um bom cavalo de corridas desde que possua evidentemente as qualidades indispensáveis para tal.


Guillermo Young.