quinta-feira, 31 de agosto de 2023

Lord Kanaloa, a maravilha japonesa

 



A morte de Heart's Cry em março desde ano, aos 22 anos de idade, marcou o fim da era de ouro da histórica brigada de garanhões da Shadai Stallion Station, formada por ele e os falecidos em 2019, Deep Impact e King Kamehameha. Esses três garanhões mantiveram o domínio do turfe japonês na segunda e início da terceira década desse século. 

Desde 2019, mesmo após a morte de Deep Impact e King Kamehameha, o triunvirato da Shadai manteve sua posição de liderança na criação japonesa enquanto seus filhos continuaram a melhorar suas performances e consequentemente suas premiações, mantendo assim o status quo desses três notáveis garanhões.

Deep Impact conservou seu título de líder inconteste de 2019 até 2022, tendo conquistado 11 consecutivas estatísticas gerais. Enquanto o bicampeão King Kamehameha e Heart's Cry mantiveram-se solidamente entre os cinco primeiros colocados nessas mesmas estatísticas, salvo 2022, quando King Kamehameha foi o sexto colocado, perdendo a quinta colocação para seu filho Duramente.

Mas, à medida que a progênie desses três garanhões líderes vai gradualmente se retirando das pistas, o Japão está vendo se consolidar nova brigada de reprodutores dominantes.  Dentre esses garanhões destaca-se LORD KANALOA, que foi segundo colocado nas estatísticas para Deep Impact por três anos consecutivos (2020-2021-2022) e no momento em que esse artigo está sendo escrito é o líder da estatística geral japonesa e também na estatística de grama. 

Lord Kanaloa é um filho de King Kamehameha em Lady Blossom, uma filha de Storm Cat e descendente de Somethingroyal, mãe de Secretariat. Ele é considerado, de forma inconteste, o velocista mais rápido surgido nas últimas décadas no Japão e entra na história como o primeiro cavalo japonês a conquistar três sprints de G1. 

Encerrou sua carreira com 19 partidas (13-5-1), sete vezes vencedor de G1, nunca tendo terminado fora do marcador  e somou ganhos de US$ 9,836,845. Titulado Japan 2012 Best Sprinter/Miler e Japan 2013 Horse of the Year and Best Sprinter/Miler. Eleito para o Japanese Racing Hall of Fame.

Internacionalmente venceu por duas vezes, 2012 e 2013, aos 4 e 5 anos, a milionária Hong Kong Sprint (HK-G1,1200m-T). 

Em 2013 ele venceu a principal corrida de milha do Japão, o G1 Yasuda Kinen, e até foi discutido pela crônica local que 2000 metros poderia estar dentro do seu escopo; como filho de King Kamehameha, um vencedor do Derby japonês, sua destreza no sprint era uma espécie de singularidade, mesmo considerando sua mãe, uma sólida vencedora em 1000m-1200m e com colocações em 1400m-1600m, tanto no dirt como na grama.

A também presença de seu avô materno, o chef-de-race Storm Cat e de sua avó materna Saratoga Dew, duas vezes vencedora de G1 nos EUA em 1800m no dirt (Beldame Stakes e Gazelle Handicap) explicam a razão da prole de Lord Kanaloa se apresentar em primeira classe numa grande variedade de distâncias, tanto no dirt como na grama.  



Lord Kanaloa é um atleta de aparência magnífica. Com 1.64m de altura, possui um forte tipo de cavalo de corrida e uma morfologia difícil de se criticar. 

Em sua primeira safra, nascida em 2015, seu resultado foi  impressionante, produziu 129 ganhadores para 160 corredores (80.63%), sendo 17 vencedores black-types (10.63%). Destacando-se:

1 - Almond Eye (9 vitórias em G1 e 1 em G3), 

2 - Danon Smash (2 vitórias em G1, 2 em G2 e 4 em G3), 

3 - Stelvio (1 vitória em G1 e 1 em G2), 

4 - Diatonic (3 vitórias em G2, 2 em G3 e 1 em LR),

5 - Red Galant (2 vitórias em G3 e 1 em LR),

6 - Trois Etoiles (2 vitórias em G3),

7 - R Star (1 vitória em G3) e

8 - Jo Kana Chan (1 vitória em G3).


Esse notável resultado inicial se manteve em suas produções posteriores, principais ganhadores: 

- 2ª safra teve os vencedores Saturnalia (G1), First Force (G1), King of Koji (G2), Cadence Call (G2), Fantasist (G2), Groove It (G3), Iberis (G3) e Val d'Isere (G3), com 132 ganhadores (72.93%).

- 3ª safra teve os vencedores Panthalassa (G1), Tagaloa (Aus) (G1), Know It All (GB) (G3) e Buon Voyage (G3), com 111 ganhadores (76.03%).

- 4ª safra teve os vencedores Lei Halia (G3) e Time to Heaven (G3) com 122 ganhadores (78.21%).

- 5ª safra teve os vencedores Danon Scorpion (G1), Sublime Anthem (G2), King Hermes (G2), Red Mon Reve (G2) e Kimiwa Queen (G3), com 138 ganhadores (72.63%).

De suas duas últimas safras em pistas - 2020 e 2021, já se apresentam os vencedores Brede Weg (G1), Bellagio Opera (G2), Ask On Time (G3), Shazzan (LR), mais os graded stakes colocados Danon Touchdown (2º G1), Umbrail (2º G1), Nanao (2º G3) e Speed of Light (3º G2).   

Lord Kanaloa produziu o extraordinário número de 33 vencedores de grupo em 7 safras, sendo 10 de G1. De sua produção também fazem parte 14 vencedores de listeds e mais de 80 vencedores de stakes. Seus filhos levantaram em prêmios até 31/08/2023 o equivalente a US$ 149.239.122,82.

Obs.: Dados JBIS.



Sendo festejado após o seu bicampeonato na Hong Kong Sprint (G1) em Sha Tin.


Lord Kanaloa é atualmente o garanhão em serviço no Japão que mais venceu provas de G1 (7). Não resta dúvida que ele se mostra como o principal continuador da linhagem de seu pai King Kamehameha.










quinta-feira, 17 de agosto de 2023

Franco Varola - Análise de tendências - 3ª parte

 


Fairway, um Chefe de Raça Brilhante, a despeito de ser irmão próprio de Pharos diferenciou-se dele tanto nas pistas como no haras. 



Pharos, um Chefe de Raça Intermediário. 



(continuação)


3ª Parte

 

A procura de dosagens atualizadas para a formação dos pedigrees clássicos é uma das exigências que mais se impõem aos criadores de puro-sangue de nossos dias. A obra de Vuillier merece prosseguimento, embora seu princípio de informação não possa ser aceito totalmente. Em outra oportunidade, afirmei que a obra de Vuillier é de grandíssima Importância histórica: permite-nos ver com grande clareza e simplicidade os elementos fundamentais para o desenvolvimento da raça até o fim do século XIX. Mas, no setor especifico das dosagens, somos hoje levados a manifestar uma certa reserva quanto ao critério rígido com que foram formuladas. Historicamente é exato dizer que Ben d'Or, Hampton, Isonomy, Hermit, Galopin e St. Simon são os elementos mais importantes do fim do século passado; mas, do ponto de vista prático do criador, é duvidoso que se possa afirmar que, por exemplo, um pedigree ideal deva conter 235 partes de Hermit só porque Hermit é um dos indivíduos historicamente fundamentais de sua época. 

O ideal no sentido genético coincidia, então, com a importância no sentido histórico, em uma proporção hoje não mais alcançada. A linearidade dos programas ingleses de corridas no fim do século XIX favorecia a identidade perfeita entre a corrida importante e o grande prêmio monetário, com a consequente identidade entre corrida importante com o cavalo importante, que por sua vez, criava a identidade entre cavalo importante e garanhão importante. Como as séries de Vuiller tomam em consideração apenas cavalos ingleses, pode-se afirmar que Ben d'Or, Galopin, etc., foram tanto corredores quanto garanhões importantes, porquanto geraram cavalos que podiam, por sua vez, distinguir-se somente vencendo as corridas importantes. Este equilíbrio perfeito hoje já não existe. Em primeiro lugar, o turfe inglês não é mais o único a fornecer nomes para as dosagens: é preciso, depois, tomar em consideração cavalos que se distinguiram, sob a égide e sistemas de corridas diferentes. Além disso, o garanhão importante do dia de hoje, com frequência, é tal em função de exigências que pouco ou nada têm em comum com as  exigências que, há oitenta anos, elevavam ao palco da fama garanhões como Hampton ou Isonomy. A "fashionality" de um garanhão inglês atual está com frequência em função da capacidade de produzir indivíduos procurados pelo mercado norte-americano. Enfim, temos hoje as provas com finalidade propagandística, sem verdadeira significação seletiva, cujos conspícuos prêmios podem elevar um garanhão bem acima de seus méritos seletivos. 

E eis que, devendo atualizar a série de Vuillier, surge espontânea a pergunta: é desejável recomendar uma dose de um reprodutor só pelo fato dele estar em evidência na Inglaterra ou alhures? Em outras palavras, o "fashionable sire" é por si elegível em uma atualização das séries de Vuillier? Ou não existem circunstâncias tais, no turfe de nossa época, que nos aconselham a caminhar com pés de chumbo antes de admitir uma identidade desse gênero? Convém observar que estas perguntas põem em jogo, nada mais nada menos, que o futuro da própria raça, pois é evidente que, se admitirmos que um reprodutor possa ser avaliado percentualmente nos pedigrees , não por ser importante, mas em função da natureza particular do cavalo que produz, praticamente acabamos por predispor em termos doutrinários a evolução da raça em um ou em outro sentido, e esta é uma consequência na qual não creio tivesse Vuillier pensado quando elaborou suas séries dos grandes cavalos do século XIX. 

Todos os estudos e todas pessoas que se preocupam com a sorte do puro-sangue estão de acordo que o grande mal do turfe contemporâneo é a cada vez mais acentuada produção do cavalo inconsistente tornado ídolo em detrimento do cavalo consistente.  Note-se que não estou falando em velocidade ou em fundo e nem mesmo de precocidade e tardeza; a questão é muito mais lmportante, Geralmente, identifica-se a velocidade com a falta de substância, mas isto é impreciso, como também é impreciso identificar a tardeza com a falta de velocidade, The Tetrarch é considerado, o cavalo mais veloz que já existiu; entretanto, sua função nos pedigrees é em sentido eminentemente construtivo; examinem-se cem, duzentos ou quantos pedigrees se deseje nos quais ele aparece, ver-se-á que sua presença é sempre a garantia de grandes dotes "morais" do produto que dele descende. No extremo oposto, Son-in-Law não impediu jamais a manifestação de valiosos dotes de velocidade nos produtos que dele descendem no setor feminino, e entre muitos casos o mais notável é o de Lady Juror, que sempre ofereceu um toque inconfundível de consistência.

Fairway e Pharos, eram irmãos próprios, mas manifestaram-se de formas opostas, seja na corrida como na raça. Fairway era  poderoso galopador, que percorria com êxito todas as distâncias e podia realizar qualquer proeza, mas no haras, produziu grande quantidade de cavalos inconsistentes que, por outro lado, favoreceram a grande difusão numérica e geográfica de sua descendência e ainda hoje e dificílimo encontrar um ramo de Fairway no qual se possa confiar completamente. Pharos entretanto, foi corredor mais modesto, não tão dotado de virtudes para grandes façanhas, embora resistente e consistente, mas ao sentido genealógico teve uma influência multo mais construtiva que Fairway, não só por ter produzido Nearco, Pharis e El Greco, mas também e principalmente por que o "inbreeding" de seu nome demonstrou ser fator de resistência, de dotes "morais" positivos e, em certo sentido, também de comportamento. Hoje, pelo menos um terço dos garanhões importantes que atuam na Inglaterra são descendentes diretos de Fairway ou de Pharos, mas os deste último são o dobro dos de Fairway. Criou-se, portanto, o problema do excesso de Phalaris, mas a seqüência Phalaris-Fairway tem uma significação duplamente negativa, enquanto a sequência Phalaris-Pharos contém dois nomes que, em certo sentido, se neutralizam reciprocamente.

A velocidade e o comportamento não são definitivos na avaliação de um reprodutor: se examinarmos bem a fundo, a verdadeira grande diferença entre um chefe-de-raça e um outro animal reside nos dotes "morais". Se hoje ficamos perplexos diante da carência de grandes cavalos verificada na Inglaterra, é por que a evolução do mecanismo hípico inglês favoreceu o aparecimento de reprodutores que falham em regularidade e em continuidade. O próprio Aureole, que colhe triunfos em cada geração, não nos deixa de todo satisfeitos, porquanto não consegue produzir uma fêmea de classe superior, ou que demasiados seus filhos não são consistentes por perderem facilmente a forma ou demonstram caráter com excesso de caprichos.

Enfim, Aureole parece estar ainda longe do paradigma do garanhão ideal; mas, poderiam perguntar-me, qual é esse paradigma?  Se considerarmos os resultados da pesquisa sobre a "expansão da população puro-sangue", o perigo das corridas que se bastam como simples corridas mesmo, que existe em muitos países,  e a necessidade de redescobrir o puro-sangue como animal adequado para todos os usos e tarefas em função da sociedade humana contemporânea,  diria que o critério fundamentaI para avaliar um reprodutor  como desejável ou não nas dosagens é se esse reprodutor é capaz de constituir elemento construtivo da consistência de um pedigree, ou em palavras ainda mais claras, se esse reprodutor é capaz, sozinho, de produzir o cavalo de corrida completo.

Na época do trabalho de Vuillier, repito, esta análise não tinha razão de ser; se Isonomy ou Bend'Or ou Galopin eram os elementos mais em evidência então, só por este fato foram considerados automaticaniente capazes de produzir o cavalo completo; mas hoje já não é mais assim e temos como exemplo os dois mais famosos reprodutores de nossos tempos: Hyperion e Nearco.

Contrariamente a moda atual, não creio absolutamente que Hyperion e Nearco, sozinhos, estejam em condições de assegurar, dentro da raça puro-sangue a realização do princípio darwiniano da "survivaI of the fittest". São grandemente solicitados (quero dizer, naturalmente, seus descendentes diretos) porque o puro-sangue hoje deve agradar o público e portanto os criadores devem procurar produzir um cavalo de utilização imediata, mas isso não significa que este tipo de cavalo seja necessariamente o melhor que se possa produzir. Aliás, se a grande razão junto aos criadores fosse a de recuperar o cavalo consistente (e creio que deva ser essa) seria preciso procurar manter a influência de Hyperion e Nearco em limites bem definidos. Hyperion em sua longuíssima  carreira de garanhão em Newmarket, jamais produziu um macho realmente compIeto comcorredor, não se podendo reconhecer como tal Owen Tudor e todos os seus descendentes: Abernant, Tudor Minstrel, King of The Tudors, que foram absolutamente incapazes de produzir cavalos que pudessem deter a invasão francesa nas corridas clássicas e de fundo. O produto mais eficiente de Hyperion foi uma fêmea, Sun Chariot. 

Nearco, em sua carreira um pouco mais curta mas não menos marcante de reprodutor, desenvolvida também em Newmarket, jamais gerou um animal capaz de exprimir valores absolutos aos quatro anos, e seus dois "derby-winners", Dante e Nimbus, foram produzidos por éguas oriundas de robustíssimas correntes de sangue. Tanto Hyperion quanto Nearco, porém, foram inigualáveis  produtores de cavalos brilhantes, sadios. manejáveis e lucrativos e por esta razão sua descendência propagou-se com rapidez extraordinária, especialmente nos Estados Unidos. Um inbreeding sobre Hyperion ou Nearco é a coisa mais normal que hoje se possa encontrar em um cavalo de boa criação, em qualquer parte do mundo, mas se me perguntarem se tal inbreeding é um título de valor para o elemento que o traz, ficaria um tanto embaraçado para responder. Certamente indica uma alta concentração de sangue nobre, mas é muito duvidoso que permita "exploits" excepcionais em corridas.

Nasrullah é resultante da união entre Nearco e uma filha do solidíssimo Blenheim e Never Say Die da união de Nasrullah com uma filha do solidíssimo War Admiral. Entre os grandes corredores dos últimos anos, e falo dos realizadores de grandes façanhas, não me parece constar nenhum cavalo    inbreed sobre Hyperion ou Nearco.

A questão complica-se ulteriormente pelo fato de que cada reprodutor, além do que ele mesmo representa, vale pelos nomes que apresenta em seu pedigree. Hyperion por exemplo, é filho de Gainsborough (por sua vez filho Bayardo) e de Selene, por sua vez filha de Chaucer. Os três são chefes-de-raça importantes, mas não só são diferentes de Hyperion em seu significado genético, mas cada um deles diferente um do outro. Gainsborough é um dos poucos exemplos perfeitos do reprodutor clássico de nosso século. Chaucer é um grande transmissor de fibra e de dotes "morais".  Bayardo é um elemento típico de resistência e de fundo.   Qualquer pedigree que traga o nome de Hyperion traz, portanto, juntamente com as dúvidas que este nome desperte no espirito do examinador existente, também os fatores positivos expressos por Gainsborough, Bayardo e Chaucer.  O caso de Nearco é análogo. É filho de Pharos (nascido de Phalaris e de uma filha de Chaucer) e de Nogara, nascida de Havresac II (filho de Rabelais) e de Catnip, filha de Spearmint.   São seis garanhões chefes-de-raça que se adicionam a Nearco em qualquer pedigree em que apareça o nome deste último e também eles diferenciam-se de Nearco quase na mesma proporção em que os antepassados de  Hyperion deste se diferenciam. O único que se pode comparar  a Nearco, na capacidade de produzir animais brilhantes e lucrativos é Phalaris.  Quanto aos outros, já conhecemos Chaucer, em cujo esquema "moral" podemos incluir Rabelais e Spearmint, enquanto Pharos e Havresac II já fazem parte de outro grupo, o dos reprodutores de tendência meio-fundistíca, porém possuidores de dotes "morais" de resistência e solidez superiores aos de Nearco e Phalaris.

Qualquer pedigree que se examine, como de garanhões chefes-de-raça, mostrará que os nomes consistentes são sempre em número superior aos nomes inconsistentes (emprego estas expressões para maior clareza e sem nenhuma intenção depreciativa), com poucas exceções de corredores ingleses nos quais as doses de Orby, Sir Cosmo, Fair Trial, etc, foram exageradas propositalmente para assim se obter especialistas de atitudes bem delimitadas. E o número dos nomes consistentes é superior porque só nos últimos anos surgiram na Inglaterra reprodutores nos quais a importância supera as capacidades genéticas. Na primeira parte do século, apenas Cicero e Orbit são culpáveis de tal desequilíbrio e somente com Phalaris (1913) temos o primeiro exemplo de reprodutor com triunfos em escala mundial e fora dos esquemas clássicos consagrados nas grandes provas de Newmarket, Epsom e Doncaster. Phalaris constitui a partida do grande ponto de inflexão da raça puro-sangue em direção à popularidade nos hipódromos de todo o mundo e a paralela inconsistência da raça. O movimento de recuperação do puro-sangue destina-se a ter um tom anti-phalarisiano, como é provado pelos numerosos expoentes da criação francesa que, com frequência, conquistam as provas mais difíceis e severas da Grã-Bretanha, literalmente passeando, no domínio dos produtos locais, que quase nunca ostentam Phalaris no pedigree e raramente Hyperion, enquanto os ingleses são abundantemente munidos de um e de outro; e darei exemplos disto proximamente.

Em suma, os cinquenta indivíduos que, por sua importância histórica, foram considerados dignos da qualificação de "Garanhões Chefes-de-Raça" de nosso século, não constituem um grupo homogeneo em termos de influência genética, mas pelo menos cinco grupos distintos que tentarei indicar da seguinte maneira:

BRILHANTES: Phalaris, Fairway, Hyperion, Nasrullah, Orby, Cicero, Fair Trial, Panorama todos ingleses, mais o francês Pharis e o italiano Nearco,

INTERMEDIÁRIOS: Os ingleses Pharos, The Tetrarch, King Salmon e Big Game, o norte-americano Black Toney, o argentino Congreve, o franco-italiano Havresac II e o alemão Ticino. 

CLÁSSICOS: As duas sequências inglesas Swynford -Blandford - Blenheim e Rock Sand - Tracery, além de Gainsborough , mais o francês Tourbillon, os norte-americanos Count Fleet e Bull Lea e o apolide Prince Rose.

ROBUSTOS: Aqui temos uma nítida predominância francesa. com Teddy, Asterus, Bois Roussel, Alcantara II, La Farina, Farina, Vatout, Chateâu Bouscaut, Admiral Drake e Ortello (italiano de nascimento, mas francês pelo sangue), aos quais acrescentamos os ingleses Chaucer, Rabelais, Spearmint e Sunstar, o alemão Oleander e o norte-americano Fair Play. O aspecto numérico deste grupo acentua o grande serviço prestado pela França na conservação de preciosas reservas de consistência.

PROFISSIONAIS: Com este nome indico um grupo de cavalos ingleses especialistas nas mais árduas tarefas: Dark Ronald, Son-in-Law, Precipitation, Hurry On, Alycidon, Bayardo e Solario. Desejo observar, entre parênteses, que um estudioso norte-americano fez um comentário a respeito de Dark Ronald que, segundo ele, era substancialmente um grande ''miler" e que foi adquirido pela Alemanha com base no seu esplêndido desempenho veloz na ''Royal Hunt Cup''. Resta porém o fato de que Dark Ronald gerou "stayers" e se continua através de "stayers" em todas as partes do mundo.

Embora esta subdivisão constitua apenas uma tentativa preliminar de formação (de novas sondagens), é certo que nos dá uma nova perspectiva na apreciação dos garanhões chefes-de-raça como elementos expressivos de um pedigree. Em outras palavras, não se trata mais de contar as presenças puras e simples destes garanhões como era possível e legitimo na época examinada por Vuillier, mas de avaliar o que exatamente cada um deles possa significar. A divisão em grupos segue, com efeito, um critério de gradatividade, passando do mais brilhante ao mais consistente através do ponto central do classicismo ortodoxo. E é significativo que os garanhões do primeiro grupamento (brilhantes) estejam quase todos cronologicamente próximos de nós, enquanto os garanhões dos últimos grupos estão todos remotos no tempo, com uma única exceção, a de Alycidon. Também poder-se-ia dizer que estes cinco grupos de garanhões são as cinco maneiras de ser do puro-sangue. Um pedigree poderia ser avaliado segundo as presenças de cada um dos cinco grupos e segundo tais presenças se concentrem mais em direção a ala direita, ao centro ou a ala esquerda. Mas será necessário submeter essas doses a repetidas verificações, o que pretendo começar a fazer no próximo capítulo.



(continua)













terça-feira, 8 de agosto de 2023

Reynato Sodré Borges - 7ª carta

 


A lindíssima France - Vasco de Gama e Francoise por Cobalt - (cruzamento idealizado por Reynato Sodré Borges). A criação nacional infelizmente jogou no lixo essas maravilhosas éguas do passado, e a reboque suas genéticas de primeira ordem. 

Infelizmente não soubemos, talvez por questões culturais, seguir o mesmo caminho japonês e australiano, o de manter e apostar em nossas fêmeas de alta classe.

A triste escolha foi se deixar seduzir pelos espertalhões de plantão e acreditar na necessidade de "modernização" do nosso plantel e inundar a criação nacional importando indivíduos de qualidade abaixo da crítica. 

Como sempre, também no turfe, o Brasil perdeu o passo da história.


Meu Caro amigo,

 

Recebi outra carta sua e isto é bom, pois, posso manter esse sentido coloquial no que exponho. Você insiste em saber do regime alimentar do haras.

Em primeiro lugar, exija de seu gerente pastagens de ótima qualidade. Isto é fundamental, se queres ser um criador positivo. Vá na segunda carta que te enviei e veja o que foi praticado com sucesso no Haras Fortuna quanto a pastagens. Mas não posso deixar de recordar que há cerca de 15 anos atrás, vi no Haras Guanabara, uma consorciação de capim rhodes (Chloris gayana) e alfafa (Medicago sativa) feita pelo Dr. Arturo Anwandter, que dava cortes verdes para ser fornecido aos animais nas cocheiras. Tudo pode ser obtido, desde que se procure trabalhar com pessoas competentes. Não se esqueça do conselho para que um agrônomo especializado em pastagens te oriente quanto a implantação e manutenção das mesmas em seu haras. A minha insistência é para que você se conscientize que a boa pastagem é o fundamento principal. Nos EUA vi, no início desse ano, que começam a oferecer quase que exclusivamente aos cavalos em treinamento ração industrializada em forma de pellets, a base de milho pré-cozido, aveia laminada, extrusados e melaço liquido... o que só poderia ser coisa de norte-americanos!!!  O cavalo é um herbívoro e seu organismo está preparado para retirar sua subsistência do verde. O cavalo sintetiza a vitamina B1 no intestino e daí ele ser carente – quando em treinamento dessa vitamina pois, o dominante ou melhor, quase exclusiva, é a alimentação por grão. Assim ele precisa de feno pois, um pouco de celulose é necessária para a sua digestão, que é quase totalmente intestinal.  A boa pastagem é tão importante que pode-se criar potros sem grão até 1 ano ou 1 ½. Esta é a conduta utilizada na Argentina, Uruguai e Rio Grande do Sul, por numerosos criadores. E a nosso ver, é a melhor pratica. É óbvio, que é necessário extensas pastagens com verde de boa qualidade (gramíneas e leguminosas).

Na Europa, já não existe grandes pastagens, mas lá não se vê superlotação nos piquetes e um sistema rotacionado Voisin muito bem dirigido é aplicado para manter os piquetes sempre em condições ótimas. Eles são obrigados no rigor do inverno a dar muito grão (aveia é a dominante e quase exclusiva) - que por sua alta qualidade nutritiva,  pode ser considerada como alimento essencial para o cavalo doméstico. Mas, sempre intercalando com rações cozidas (mashes) a base de centeio, cevada e linhaça mais o essencial feno. Cenouras, beterrabas e hortaliças como: chicória, almeirão, etc são muito utilizadas. Na Normandia também se oferece muita maçã durante a safra.

Na serra existe muitos produtores de hortaliças e talvez seja possível a você se associar a produtores de cenouras e comprar os descartes dessa produção, ou seja, aquelas que por razões diversas não são passíveis de venda no CEASA.

Citando feno lembro-me do capim quicuio, pois seu feno é de boa qualidade como constatei no Stud Rocha Faria que o recebia de seu Haras Santa Annita.

Todo haras deve investir em plantações de alfafa para corte. Apesar de ser uma planta forrageira de clima temperado, a alfafa apresenta uma enorme gama de variações genéticas com variedades de cultivares adaptadas aos climas subtropical e tropical. Extremamente exigente em fertilidade, é indispensável proceder à prévia análise do solo para calagem e adubação adequadas. Você sabe que a alfafa fenada é o melhor feno que existe. Mas, a alfafa verde é um alimento de riqueza excepcional, pois não perdeu ainda algumas substancias importantes que faltarão no feno. A quantidade que se dá é menor do que a fenada. Desta deve-se dar cerca de 6 quilos por animal, 2-2-2 caso você alimente em 3 rações ou 3-4 caso use a política de duas rações.

Outra magnífica leguminosa que você poderá plantar para corte é a marmelada de cavalo (Desmodium discolor).

Na década de 50, o embaixador Oswaldo Aranha falou-me dela, que a plantou em seu Haras Vargem Alegre. Disse-me que recebeu sementes vindas do nordeste, que era menos exigente do que a alfafa quanto ao solo e que estava muito satisfeito com o resultado. Pedi a ele 2 quilos de sementes que foram semeadas no Haras Santa Annita, que teve um tremendo sucesso com esta leguminosa de corte, lá tendo chegado a produzir 20 toneladas de massa verde por hectare ano. Ela dá um arbusto que chega a 1¹/² metros com folhas largas, terminando em trifólio. O seu caule é grosso, 1 a 2 centímetros, mas muito tenro e os animais o comem, até com voracidade, pois tem boa palatabilidade. Anos após, plantei no Haras Fortuna, em Teresópolis, com o mesmo extraordinário sucesso.

Então, parece-me que quanto ao verde você está orientado. Mas, lembre-se, que o feno é também necessário. A alfafa oferecida nos hipódromos é principalmente vinda da região de Bandeirantes (Paraná) e é boa, mas inferior a alfafa argentina, que apesar de importada é muito mais barata. Consequentemente sugiro que contate importador de confiança para lhe fornecer feno de alfafa de procedência argentina.

A principal questão quanto a alimentação é não permitir qualquer alimento mofado, pois certamente inutilizará o seu plantel. Não estou exagerando, pois, o seu teor tóxico é muito grande. Voltarei ao assunto.

Vamos aos grãos. A aveia é um alimento fundamental do cavalo PSI a 300 anos. Pose ser dada inteira, despontada ou não. A aveia achatada que se dá nos hipódromos eleva o risco do mofo, pois não se pode percebê-lo em sua fase inicial, o que não ocorre na aveia inteira. O mal hábito de se dar, entre nós, aveia achatada é devido a que sempre restam da mastigação do cavalo pequeno número de grãos inteiros e que passam pelo tubo digestivo sem serem digeridos pois a sua capa de celulose os protege das enzimas digestivas. Falo isto, devido ao nosso clima, subtropical, com elevado grau de umidade. Nos grandes studs, há alguns anos, a aveia era achatada no dia e desse modo não havia inconveniente algum. Mas nas cooperativas, isto não é possível, e, algumas toneladas são achatadas por vez, a aveia empilhada e vendida pela ordem, ou seja, dependendo do pedido. Assim você poderá adquirir sacos de aveia que já tenham sido achatadas a 1 ou 2 meses atrás e daí, o enorme risco de recebe-los com porções mofadas.

O mesmo se passa com o milho, que é um bom grão para alimentar cavalos. O milho, principalmente o tipo catete e catetinho são muito duros, exigindo que seja quebrado antes de ser oferecido aos cavalos. Entretanto mal ele perde sua proteção de celulose, facilmente se deteriora com a umidade. Também precisa ser quebrado no dia em que vai ser dado como ração.

É muito importante armazenar os grãos e feno em silos apropriados com condição ideal de ventilação e controle de pragas. O risco de se dar alimento poluído, para não dizer infestado, é muito grande e pode devastar a sua criação.

Lembro a você que o cavalo não regurgita alimento, isto é, não vomita. Ele tem uma espécie de válvula na cárdia (orifício proximal do estomago) que não permite o alimento regurgitar. Daí, as frequentes cólicas estomacais, que, quando responsabilizadas por elementos deteriorados, são quase sempre mortais. E quando não o são, trazem um quadro tóxico grave, como icterícia e consequente anemia (muitas vezes confundida por nutaliose). Assim, acho que entre nós, país subtropical com elevado grau de umidade, é muito perigoso dar grãos achatados ou quebrados, salvo quando isto é feito na hora da composição diária da ração.

As rações indicadas por Fournier e Duret para os haras franceses podem ser adaptadas a nossa cor local. Antes de soltar nos piquetes pela manhã (5/6 horas) oferecer 2 litros de aveia prensada e 1 litro de milho quebrado; recolher às 10/11 horas da manhã, dando 2 litros de aveia prensada e 1 litro de milho quebrado estará dando uma boa ração, que deverá ser acrescida de 1¹/² kg de alfafa ou leguminosa verde ou 2 kg de alfafa fenada. Soltá-los às 2/3 horas nos piquetes e recolhe-los às 5/6 horas da tarde e novamente a mesma quantidade de grão e o dobro de feno. Quando recolher, será a oportunidade de examinar cascos (rachaduras, brocas, etc.), limpá-los e examinar os potros que fazem pequenos ferimentos que deverão ser tratados.

Além da ração normal as éguas no período da seca devem receber 2 litros de aveia germinada, muito rica em vitamina E, por isso mesmo útil para a reprodução.

O que também é indispensável na alimentação, é a ração cozida - mashes. Ela deve ser dada 3 vezes por semana, todas as tardes e será às segundas, quartas e sextas em um grupo de cocheiras e terça, quarta e sábado no outro grupo de cocheiras. Desse modo, o empregado que aprendeu a prepará-la o fará, como rotina todos os dias.

Ela poderá ser composta de:

Aveia em grão     5 litros,

Milho em grão     3 litros,

Farelo de trigo     2 litros

Sal grosso           60 gramas.

 

Para um latão de 20 litros.

Estas quantidades não são fixas.

Os animais adoram, e, a quantidade a dar é também 2 litros. É claro que maior quantidade deve ser dada as éguas que estão aleitando e/ou prenhes.

A quantidade de ração cozida a ser dada aos animais não é fixa, e, ficam a critério de gerente, que terá discernimento para saber quais animais necessitam de mais ração.

A ração cozida é indispensável, e, muito econômica, pois o volume do cozido dobra. O levedo de cerveja é muito rico em vitaminas do complexo B, no Haras Guanabara era dado diariamente duas colheres de sopa a cada animal.

Na lactação aconselho a deixar à égua sal e mistura mineral à vontade na cocheira. Isto deve ser tomado em conta pois algumas reprodutoras precisam mais de uma ou de ambas as substâncias. Ficando do lado oposto de onde é colocada a ração normal, só são procurados pela fêmea quanto esta sentir necessidade.

Ainda você poderá enriquecer a alimentação dos animais, dando ovos. A primeira vez que vi usar ovos no regime alimentar de cavalos PSI, foi no Haras Vale da Boa Esperança do saudoso Júlio Cápua, criador dos mais brilhantes que o nosso turfe teve. Na estreia de sua 1ª geração ganhou um clássico. Foi aquele espanto: criador em Petrópolis, como conseguiu? Interrogavam os entendidos. No segundo ano, novamente, cavalos e éguas de primeira qualidade. Resolvi conhecer o haras, e, para lá fui com amigo comum. Piquetes pequenos quase que só permitia passeios e mais uma excelente pista de treinamento (onde eram treinados exclusivamente os cavalos que defendiam o seu stud) com piquetes maiores em seu redondel, o gerente me disse que esses 6 hectares eram o setor principal de pastagens do haras. E ele me explicou a alimentação, que era de 1ª qualidade, alfafa e aveia importados diretamente da Argentina, além do haras possuir uma pequena granja com galinhas da raça Legorne, para que pudessem dar ovos aos animais.

Disse-me que dava às vezes ½ dúzia por refeição. Mas, o principal eram as éguas de bom pedigree e linhas maternas magníficas, o plantel quando dessa minha visita era constituído por 11 éguas. O garanhão era AMPHIS (1º Grand Prix de Vichy, G3, 2º Prix Eugene Adam, G2 e 3º Criterium Stakes, G3), que com um filha de NEARCO deu HYPERIO, que com uma filha de DELIRIUM deu SABINUS, um dos garanhões de seleção do Brasil. Acho que não é necessário dizer algo mais para você entender o meteórico e extraordinário sucesso que Júlio Cápua teve com a sua criação.

No Haras Tibagi, também tínhamos cerca de 300 galinhas em confinamento, nos dando ovos e o esterco que misturado com terra, servia de adubo no alfafal e ao trevo- vermelho (Trifolium pratense) de corte.

Nunca demos mais de 3 ovos por ração e isto, para as éguas com cria. As prenhes e aos potros eram dados 2 ovos em cada ração. Talvez devido ao grande porte dos animais a quantidade fosse pequena, mas, antes pouco do melhor, do que nada! Você sabe que o ovo é um alimento completo, como o leite. É só imaginar, que a clara e a gema alimentam um embrião formando um pinto com esqueleto, vísceras, olhos, etc.

Quanto ao leite, conversaremos mais quando da parição e alimentação do potro.

Lembro-lhe, que não há um esquema único para alimentação. Deve ser estabelecida uma rotina, mas, antes cabe ao gerente perceber aqueles indivíduos que precisam de mais ou menos ração.

 

 

Reynato Sodré Borges

Tebas – junho - 1979


 








sexta-feira, 4 de agosto de 2023

Explicando enturmação japonesa - Vin de Garde

 



Já se escuta de alguns críticos de plantão, que em razão de Vin de Garde não ter sido vencedor clássico aos 2 ou 3 anos de idade foi uma compra equivocada.

Iremos comentar, passo a passo, a sua muito boa campanha. Daí será possível notar o grau de seleção e a dificuldade que um cavalo japonês, mesmo sendo de classe como Vin de Garde, enfrenta para avançar em sua carreira de grupo no Japão.

O turfe japonês é na atualidade extremamente seletivo. Tal fato deve-se a inúmeros fatores, que vão desde um controle rigoroso sobre medicação e doping, seleção genética (o Japão é o país que mais importou éguas vencedoras de grupo nas últimas 5 décadas), seleção dos animais por longevidade (os cavalos japoneses são os que mais vezes são apresentados nas pistas), seleção prioritária para grama, além de ser o turfe que apresenta a maior média de corredores por partida - incríveis 14.47 animais por páreo. Tal quantidade de indivíduos em uma corrida torna uma vitória ou mesmo colocação algo alcançável apenas para os melhores atletas, e temos que considerar que no turfe japonês não existe "corrida de espera", pela quantidade de animais nas provas o ritmo é alucinante desde a largada, não há como um jóquei querer ficar atrás esperando algo acontecer na reta final...

Muitos turfistas não compreendem a razão pela qual a imensa maioria dos cavalos japoneses de muito boa qualidade só conseguem abrir campanha clássica a partir dos 4 anos. De fato, cavalos japoneses que atingem com sucesso alta classe aos 3 anos são os "fora de série" e praticamente não existe dinheiro em nenhum outro turfe que consiga os retirar do Japão para servirem como garanhões no exterior.

Consequentemente a jornada para um cavalo japonês, que não pertença ao Olimpo dos deuses, atingir o estrelato de vencedor de grupo é longa e sujeita a regras de acesso e decesso no seu direito ao tipo de prova que poderá disputar, em virtude do seu ranqueamento. 

Qualquer cavalo que vença e/ou se coloque no Japão em provas de grupo deve ser olhado com imenso respeito.


Vin de Garde - campanha 


2 anos

22/09/2018 - Estreou em 2yo Newcomer, e foi 1º.

*Com essa vitória está elegível para G2 na idade e G3 em sua primeira corrida aos 3 anos. 

17/11/2018 - Tokyo Sports Hai, G3, e foi 3º.

*Com essa colocação está elegível a participar de G1 na idade.

28/12/2018 - Hopeful Stakes, G1, e foi 6º.

*Continua elegível para iniciar os 3 anos em G3.

3 anos:

03/02/2019 - Kisarachi Sho, G3, e foi 4º.

*Com essa colocação continua elegível para G3.

23/03/2019 - Mainichi Hai, G3, e foi 3º.

*Com essa colocação está elegível para G2.

13/04/2019 - Arlington Cup, G3, e foi 9º.

*Com essa colocação está elegível para correr 3yo&UpAllowance.

07/09/2019 - 3yo&UpAllowance, e foi 1º.

*Com essa vitória continua elegível para 3yo&UpAllowance.

13/10/2019 - Sannenzaka Tokubetsu, e foi 1º.

*Com essa 2ª vitória em Allowance está elegível para G3.

24/11/2019 - Welcome Stakes, e foi 1º.

*Com essa 3ª vitória em Allowance está elegível para G2.

4 anos:

09/02/2020 - Tokyo Shimbum Hai, G3, e foi 6º.

*Continua elegível para G2, mas em sua próxima prova deverá se colocar entre os cinco primeiros, para não perder ranqueamento.

26/04/2020 - Milers Cup, G2, e foi 3º.

*Com essa 3ª colocação está elegível para G1.

07/06/2020 - Yasuda Kinen, G1, e foi 10º.

*Por não se colocar entre os cinco primeiros está elegível para G2.

24/10/2020 - Fuji Stakes, G2, e foi 1º.

*Está elegível para G1.

22/11/2020 - Mile Championship, G1, e foi 6º.

*Por não se colocar entre os cinco primeiros está elegível para G2.

5 anos:

07/02/2021 - Tokyo Shimbum Hai, G3, e foi 4º.

*Continua elegível para G2

27/03/2021 - Dubai Turf, UAE-G1, e foi 2º.

*Obs: aqui já é possível notar o grau de seleção da criação japonesa, onde um cavalo elegível G2 é levado para competir em uma prova milionária internacional G1 em Dubai e obtém excelente 2º lugar.

10/10/2021 - Mainichi Okan, G2, e foi 8º.

06/11/2021 - Breeder's Turf Cup Mile, USA-G1, e foi 12º.

12/12/2021 - Hong Kong Mile, HK-G1, e foi 6º.

6 anos:

26/03/2022 - Dubai Turf, UAE-G1, e foi 3º.

05/06/2022 - Yasuda Kinem, G1, e foi 15º.

* Nota: Contrariando o escalonamento de turma usual do turfe japonês, Vin de Grade foi elegível para essa prova G1, normalmente teria que correr G3 (por sua colocação no G2 Mainichi Okan) e dependendo de seu resultado ser elegível para G2. Possivelmente pelo agregado ao seu rating dos ótimos resultados obtidos nas provas internacionais em Dubai lhe foi concedido a elegibilidade G1.

7 anos:

25/02/2022 - Saudi Cup, SAU-G1, e foi 11º.

25/03/2022 - Dubai Turf, UAE-G1, e foi 14º.



Os criadores de Bagé estão de parabéns pelo esforço por adquirirem o muito bom VIN DE GARDE, só quem milita no turfe internacional sabe da complexidade e como é dificil retirar do Japão um vencedor de grupo para ser garanhão em outro país.