quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

Influência da idade da mãe

 


Risota aos 23 anos, no Haras Faxina, com o derby-winner Rabat (Tratteggio) ao pé. Foto histórica de José Laudo de Camargo.


O envelhecimento materno influencia negativamente o desenvolvimento e o desempenho em corrida de seus filhos? 

Esse é um tema muito levado em consideração e bastante questionado por aqueles que pretendem adquirir uma égua de mais idade para seu haras.     

Para testar essas hipóteses o pesquisador Sota Inoue, Nagoya University e Kyoto University, examinou o efeito da idade da reprodutora no desempenho em corrida de sua prole. Foram estudadas 9.686 éguas, cujas idades variaram dos 2 aos 25 anos e 695 garanhões, de 3 aos 27 anos. 

No geral, os resultados mostraram que o desempenho em corrida dos cavalos nascidos de éguas mais velhas foi menor do que o de cavalos nascidos de éguas mais jovens.

Entretanto, modelos mistos indicaram que a qualidade dos garanhões está significadamente associada ao desempenho de corrida da prole, ao invés da idade da égua em si. Consequentemente, o envelhecimento materno foi insignificante ou apenas limitado e, ao contrário, a qualidade do pai é que foi estatisticamente o mais importante quanto ao desempenho em corrida dos produtos. O que foi constatado é que a medida que uma égua envelhece, ela é enviada para garanhões de menor desempenho, em média, e esse é um fator determinante dos resultados das corridas das éguas mais velhas.   

O estudo com link abaixo, forneceu uma nova perspectiva científica sobre o efeito do envelhecimento materno no desempenho atlético de suas proles e no complexo sistema da criação de cavalos PSI. 

Ao se adquirir uma égua de mais idade oriunda de outros campos de criação, sempre julgamos que diversos aspectos, e não apenas a idade, são mais importantes para serem considerados.


Influence of broodmare aging on its offspring's racing performance 

https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0271535



Desejamos a todos os nossos clientes, amigos e leitores os melhores votos de um Feliz Natal e Próspero Ano Novo.




sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

Alipio e como se prospectar um ótimo garanhão

 

Na falta de uma foto de Alipio fica o craque Orpheus, seu melhor filho brasileiro.




A importação de Alipio mostra como é possível encontrar um excelente garanhão fora do senso comum, e é mais uma lição que Francisco Eduardo de Paula Machado deixou para o turfe brasileiro.

Com o declínio físico de Fort Napoléon tornava-se fundamental encontrar um substituto a altura do pastor-chefe do Haras São José & Expedictus.

Dr. Francisco sempre atualizado com o turfe europeu conhecia o histórico de Alipio e o escolheu como sucessor de Fort Napoléon. Alipio teve uma campanha sui generis, pois debutando aos 3 anos mancou no fim dessa campanha, reaparecendo somente aos 6 anos de idade. 

Nessas duas temporadas Alipio demonstrou boa categoria, tendo participado somente em corridas de nível clássico. Venceu 11 provas, dos 1500 aos 2400 metros. Foi 2º colocado no GP della Repubblica, derrotado no photochart por Sedan (o craque da geração), também foi 2º no GP Cittá di Roma e 3º no St. Leger Italiano.

Seu pai Verso II, foi o melhor cavalo francês em seu tempo, tendo vencido os Prix de L'Arc de Triomphe, Prix du Jockey Club, Prix Royal Oak, Prix Hocquart, Prix Kergolay, Prix de Condé e Grand Prix de Deauville. Também foi excelente reprodutor, dentre seus melhores produtos podem ser destacados  Lavandin (vencedor do Derby de Epson) e Barbara Sirani (líder italiana 2yo e 3yo). Como avô materno também demonstrou ótimo desempenho, tendo entre outros netos, Le Fabuleux (Prix du Jockey Club) e Pretendre (King Edward VII Stakes). Foi o lider da estatística de avô materno na França em 1964.


Verso II.

Alipio pertencia a E.V. Crespi, um pequeno criador/proprietário que atuava entre a Itália e França. Levado para a reprodução em 1960, já com 7 anos de idade, teve apenas 20 filhos corridos na Itália e provou ser um consistente reprodutor. Dentre seus filhos destacaram-se Chio (8 vitórias, inclusive o St. Leger Italiano; 2º no Derby Italiano; 2º no GP di Milano; 2º na Coppa d'Oro di Milano; 3º no GP d'Italia e 3º Prêmio Parioli), Fauno (1º Derby Trial Italiano) e os vencedores clássicos Conte d'Argento, Orlono e Vacuna.

Chio e Fauno nasceram em 1963, Alípio foi importado no início de 1966, antes que esses seus 2 filhos fossem vencedores do que hoje chama-se provas de grupo. Nas estatísticas de 1966 na Itália, Alipio com apenas 13 produtos em corrida, ocupou o 6º lugar, sendo que todos os seus filhos foram vencedores e levantaram um total de 33 provas.

Dr. Francisco explicou que os 4 filhos de Alipio nascidos em 1961 e 1962 haviam sido monitorados, e que todos foram bons vencedores, sendo que 2 haviam vencido provas clássicas*. 

*Nota: Acreditamos que, nos termos de hoje, essas provas clássicas seriam consideradas listeds. 

Somava-se que Alipio era dono de régio pedigree, pois além de ser filho de Verso II, sua terceira mãe Alena foi uma vencedora do Gran Criterium e do Oaks Italiano e também avó materna de Alberigo (líder de sua geração na Itália com 14 vitórias, 1º 2000 Guinéus Italiano, 1º 2x Prêmio Omnium - Coronation Cup, 2º Derby Italiano, 2º Gran Criterium, 2º GP di Milano, 2º GP di Napoli, 3º Criterium Nazionale, 3º GP Cittá di Roma, etc.).

E Alberigo servindo no Haras Mondesir, com pouquíssimos filhos, já havia produzido o destacado parelheiro Egoísmo (1961), vencedor dos GP's Derby Paulista, Conde de Herzberg, Outono e Antenor  de Lara Campos. Consequentemente a proximidade familiar materna de Alberigo agregava valor para Alipio como reprodutor. 

Alipio é um exemplo de que ao se saber interpretar tecnicamente todo o histórico de um cavalo é possível se aumentar as possibilidades de sucesso na escolha de um garanhão. Dr. Franco Varola sempre citava a importação de Alipio como o modelo a ser seguido dentro de um máximo que o conhecimento do PSI poderia alcançar.

Infelizmente Alipio morreu em 1969, apenas 3 anos após a sua importação, tendo deixado 4 diminutas gerações no Brasil, das quais somente 20 produtos foram apresentados às pistas. Destes, 6 foram ganhadores black-type, totalizando o extraordinário número de 30% de sucesso na classe.

A lamentável curta passagem de Alipio em nossa criação experimentou uma tragédia. A queda de um raio nos pastos do Haras São José ceifou a vida de 10 de suas filhas - Obalala, Odalisque, Odinea, Olguita, Omision, Orangerie, Orestia, Orion, Orsila e Ortygia - todas pertenciam ao lote elite daquela que veio a ser a última geração de Alipio.

A lacuna deixada por Alipio às vésperas da temporada de coberturas criou um contratempo, as cartas de monta para 1969 já haviam sido estudadas e as éguas direcionadas a Alipio já estavam definidas. Com a sua falta, o arrendamento de Chio (Alipio em Chiloé por Orsenigo) junto ao Haras Guanabara, foi uma solução pragmática para substituir seu pai e evitar dessa forma uma profunda alteração nos estudos direcionados a Alipio e uma quebra total das esperanças envolvidas nos mesmos. 

Dessa única temporada de Chio em Rio Claro nasceram em 1970, Pavane (4º GP Henrique Possolo), que vindo a ser servida por Falkland gerou o craque Baronius, Pilcomayo (1º GP Estado do Rio de Janeiro) e Porto Alegre (2º GP Derby Club, 3º GP Oswaldo Aranha e 3º GP Pres. Vargas).

A utilização de Chio em substituição ao seu pai Alipio, deixa evidente o pensamento cartesiano de Francisco Eduardo de Paula Machado como criador de PSI.









domingo, 11 de dezembro de 2022

Emerson e os equívocos da criação brasileira



O "europeu" Emerson.


Assistindo uma antiga live no YouTube, houve assombro com a declaração de que o Brasil criava no passado animais que podiam ser classificados como "puro-sangue brasileiro", e subentendeu-se que esse tratamento pejorativo era em razão de serem portadores de genéticas supostamente de menor qualidade. 

De fato a criação brasileira sofreu a partir da década de 90 a influência de agentes com interesses econômicos na criação norte-americana e os haras brasileiros foram infestados, de forma quase que majoritária, por indíviduos de quinta categoria oriundos daquele turfe. 

Portanto, se o espaço-tempo referido naquela live está compreendido após os anos 90 concordamos com tal assertiva. Mas se a referência está para antes dos anos 90 somos obrigados a discordar. 

A criação brasileira do final dos anos 1940 ao fim dos 1980 importou garanhões como Coaraze, Swallow Tail, King Salmon, Sayani, Mât de Cocagne, Alberigo, Orsenigo, Felicitation, Sandjar, Hunter's Moon, Birikil, Royal Forest, Normanton, Violoncelle, Pharas, Faublas, Cadir, Téléférique, Fort Napoléon, Blackamoor, Karabas, Cigal, Dragon Blanc, Elpenor, Waldmeister, Felício, Alipio, Tratteggio, Locris, etc. Infelizmente todas essas genéticas estão hoje praticamente perdidas e graças aos interesses daqueles profissionais que convenceram os criadores brasileiros quanto a necessidade de "modernizar" seus plantéis. Logicamente com a importação de animais norte-americanos seja lá de que qualidade for. 

Entendemos que o abandono das éguas e mesmo garanhões descendentes dessas linhas anteriores a década de 90, mais o advento da importação de genética norte-americana discutível, criaram a atual situação de baixa qualidade do plantel PSI no Brasil. 

Um aspecto importante é quanto a tipologia funcional e que se reflete na morfologia do cavalo de corrida. Nossos principais hipódromos tiveram suas pistas projetadas e construídas dentro do modelo europeu. Grandes retas entre os 600 e 750 metros com curvas de arcos abertos e a genética europeia é selecionada para desenvolver o seu melhor esforço nessas condições de desenho de pista. 

Já a genética norte-americana é selecionada de forma diametralmente oposta, seus principais hipódromos possuem retas com média 250 metros de extensão e arcos de curva fechados. 

Outro aspecto fundamental é que as nossas provas de elite com maiores dotações são na pista de grama e a genética norte-americana é selecionada para correr no dirt, que dependendo do hipódromo pode ser qualquer coisa, desde terra batida até uma areia de estuário.

Evidentemente se tivermos uma prova em 2400 metros na grama, formada unicamente por filhos e/ou descendentes de éguas e garanhões norte-americanos inferiores com genéticas aptas para o dirt e mesmo inaptas para a distância, algum cavalo terá que chegar na frente... E o PSI criado no Brasil segue em sua curva descendente de qualidade técnica.

Sem maior esforço de análise é mais do que claro que a melhor genética para as nossas principais provas é a europeia. Tal fato não impede de termos algum respeito por garanhões norte-americanos como Kitten's Joy, English Channel, Medaglia d'Oro, War Front e More Than Ready, mesmo sabendo que os parelheiros europeus quando levados aos EUA, para disputarem os grandes embates internacionais na grama, esmagam as genéticas locais. 

E isso acontece em desenhos de pistas totalmente inadequados as suas características de esforço atlético quanto a sua seleção zootécnica.


Retornando a Emerson... 


Em cinco apresentações aos três anos, Emerson não perdeu uma só carreira. Estreou em 1400 metros, na pista de areia, três semanas depois venceu os 1800 metros, na raia de grama, do Clássico America. No dia 15 de Novembro, venceu na Gávea o GP Cruzeiro do Sul - Derby Brasileiro e completou a série como líder de sua geração, com sua convicente vitoria no Derby Paulista. Em 1962, seguiu para  correr em Cidade Jardim no 5º Derby Sul-Americano, importante carreira internacional lamentávelmente extinta, obteve sua última e esmagadora vitória diante dos melhores 3 anos sul-americanos.

Emerson foi levado para reprodução na França, onde se destacou como excelente garanhão.



Emerson, com a elegância de seu biotipo europeu retornando após sua vitória no Derby Sul-Americano. Obs: Nessa prova Emerson correu com 462 quilos, segundo programa da época.




Acima pedigree de Emerson, para análise de nossos leitores quanto a qualidade do "puro-sangue brasileiro" do passado. 






                                     




quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

O Efeito Avô Materno

 

                                

Secretariat, considerado o melhor avô materno do turfe mundial.


                        O EFEITO AVÔ MATERNO

 

Em 2022 o Dr. Douglas Antczack, Baker Institute for Animal Health, apresentou na 50º Conferência Anual de Genômica Equina um estudo no qual citou a hipótese do Genomic Impriting ou Efeito Avô Materno. A teoria do Efeito Avô Materno levantada pelo Dr. Antaczack tomou forma a partir das descobertas do Dr. W.R "Twink" Allen no final da década de 60 e do Dr. Azim Surani em 1986.

O Dr. Allen descobriu que um hormônio que aparecia em alto nível em éguas prenhas aparecia em baixo nível nas jumentas prenhas, quando as duas espécies eram cruzadas para produzir bartodos (cavalo x jumenta) e mulas (jumento x égua). A observação de que um mesmo hormônio havia sido registrado em altos níveis nas jumentas que haviam sido prenhas por cavalos e em baixos níveis nas éguas emprenhadas por jumentos suscitou a idéia de que os machos influenciavam nos níveis hormonais das fêmeas, independente da espécie. Mas nenhum estudo avançou quanto a essa descoberta.

Não havia ainda uma resposta para tal questão até que o Dr. Surani manipulando óvulos de ratas fertilizados em ginogênese (contendo pares de cromossomos unicamente da mãe) e androgênese (contendo unicamente pares de cromossomos do pai) constatou que todo macho androgênico desenvolvia em suas mães grandes placentas e pouco tecido embrionário. Ao passo que as fêmeas ginogênicas desenvolviam em suas mães pouco volume de placenta e muito tecido embrionário 

Ficou então evidente que as cópias dos genes maternos não se comportavam da mesma forma como as cópias dos genes paternos, o que indicou que os machos exerciam maior influência no desenvolvimento da placenta e as fêmeas maior influência no desenvolvimento embrionário.

O Dr. Surani e colegas explicaram esse fenômeno com uma hipótese que se opunha a Primeira Lei de Mendel = cada caráter hereditário  é determinado por um par de fatores que se segregam, separam-se, durante a formação dos gametas, sendo assim, pai e mãe transmitem apenas um gene para seus descendentes, genes são dominantes ou recessivos. Os dominantes se expressam e os recessivos não, genes recessivos só se apresentam quando são pareados. Exceções são quando genes são codominantes ou se expressam em recombinação gênica.

A nova teoria proposta, na época, foi que alguns genes se expressam ou não dependendo do gênero do pai responsável pela contribuição do gene. Esse processo epigenético é conhecido por genomic impritingGenes de impressão materna são geralmente expressos quando herdados dos pais e genes de impressão paterna no caso de um gene que é transmitido pela mãe.

Na impressão genômica o gene metilado não se perde, ele fica aguardando ser transmitido, esses genes silenciados podem ser expressos na geração seguinte se for contribuído pelo pai do sexo oposto. Uma fêmea pode passar informação sobre um imprinted gene, mas apenas seu filho pode demostrar o efeito genético. E o raciocínio invertido pode ser aplicado ao macho, que também pode transmitir informação sobre um imprinted gene, mas somente suas filhas poderão demostrar o efeito. Isso explica alguns interessantes zig-zags da herança genética.

O Dr. Antczack concluiu que o efeito avô materno em cavalos pode ser o resultado de imprinted genes, pelo meio do qual a perfomance genética relativa a um garanhão é transmitida de forma inativa e não são ativados até que sejam passados a uma sua filha. Considerando a teoria do Dr. Antczak podemos acreditar que provavelmente a metade das filhas  de um garanhão, que fracassou como pai de ganhadores, podem ser soberbas mães e produzir indivíduos de primeira categoria.

A impressão genômica está relacionada com o gênero e é diferente da herança ligada ao sexo. Herança ligada ao sexo é a herança genética relacionada a genes presentes na parte não-homóloga dos cromossomos sexuais, ou seja,  que no caso do PSC é a capacidade de um garanhão ter de forma indiferente filhos e filhas grandes ganhadores. 


                              


Nessa apresentação o Dr. Antaczak versou como exemplos de sua hipótese a SECRETARIAT, GRAUSTARK, BUCKPASSER e KEY TO THE MINT,  destacados cavalos em pistas mas incapazes de procriar um macho que se aproximasse de suas qualidades, mas haviam sido capazes de oferecer filhas que se tornaram mães de extremo sucesso, produzindo inúmeros cavalos de exceção. 

De fato, ao examinamos os pedigrees dos exemplos que foram citados pelo Dr. Antczak, encontraremos que todos são em filhas de destacados avôs maternos e essas mães também possuem outros destacados avôs maternos em seus pedigrees. 

SECRETARIAT e KEY TO THE MINT têm como suas mães filhas de PRINCEQUILLO. BUCKPASSER tem como avô materno a WAR ADMIRAL e é o pai da segunda mãe  de KEY TO THE MINT. BLUE LARKSPUR é o pai de BUSANDA, a segunda mãe de BUCKPASSER e pai de RISQUE BLUE, a terceira mãe de KEY TO THE MINT. SECRETARIAT e BUCKPASSER possuem em suas linhas ventrais filhas de TEDDY, outro conhecido brilhante avô materno. GRAUSTARK segue o mesmo padrão quanto a presença de ótimos avôs maternos em sua linha ventral, ALIBHAI,  BEAU PERE e MAHMOUD. Todos esses garanhões citados acima, são reconhecidos na criação mundial como "pais de mães" e não "pais de pais".

Não é demasiadamente difícil  perceber o padrão de construção de um bom avô materno, mas para tal o criador deve além de talento ter muito estudo das estatísticas.

Em 1977 fomos surpreendidos pelo mestre Dr. Francisco Eduardo de Paula Machado com a notícia de que ele havia comprado KARABAS. Como habitué de sua biblioteca no palácio da rua Dona Mariana, sabíamos pelo acesso as publicações importadas, que KARABAS naquele momento já com 12 anos e mesmo tendo sido um corredor de primeira grandeza, não havia produzido nada de maior destaque. Daí foi feita a inevitável pergunta: "Qual a razão técnica para importar um garanhão já com certa idade e que não havia produzido nada?" A resposta: "Formar mães. Necessito mudar o rumo de minha criação e conto com o talento feminino de WILD RISK."

Não devemos esquecer que WALDMEISTER era filho de WILD RISK e já havia sido por diversas vezes avô líder nas estatísticas nacionais.

KARABAS, além de muito destacado avô materno, se tornou o mais importante pai de segundas e terceiras mães que já existiu na criação brasileira. Teve como ganhadores de grupo 14 netos, 18 bisnetos e 8 trinetos!

Entre todos os nossos mestres do passado, certamente o com maior compreensão para "formar plantel", conjugando linhagens convergentes, foi o Dr. Francisco Eduardo.

Tudo indica que a ideia de formar famílias maternas próprias não seja uma prática relevante à grande maioria dos criadores da atualidade no Brasil. Apesar do fato de que são os avôs maternos que imprimem um efeito duradouro na raça e na geração de importante parcela de seus melhores corredores. 

No Brasil os haras formadores e mantenedores de famílias maternas próprias são apenas dois, o Haras Santa Maria de Araras e o Haras Doce Vale. Não é uma mera casualidade que ambos obtenham geração após geração estrondosos sucessos com seus crioulos.

Nos alinhamos com o pensamento que o aporte adicional  de genes desse tipo de garanhões "femininos", na formação do plantel de um haras, esteja entre os aspectos mais importantes do élevage.

Esse tema fundamental já foi por tratado em:

pais-fracassados-e-grandes-avôs-maternos


Obs: ginogênese é uma forma de reprodução assexuada que requer a presença de espermatozóides sem a contribuição real de seu DNA para sua fertilização. O DNA paterno é destruído antes que possa se fundir ao ovo e androgênese é a mesma forma, mas, considerando o óvulo, contendo unicamente pares de cromossomos do pai.