quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Famílias maternas por Lowe, Bobinski e Zamoyski





Não existe assunto mais interessante e sedutor para os que se dedicam as coisas do élevage do PSI que uma incursão pela catalogação das famílias maternas da raça. Em 1885 foi publicado por Herman Goos um estudo com gráficos genealógicos intitulado "The Family Tables of English Thoroughbred Stock", onde identificou 61 famílias maternas no PSI. Bruce Lowe, estudioso australiano seguiu esse trabalho, tomou como fundamento para seu sistema as 4 grandes provas clássicas do turfe britânico: o Derby, os Oaks e o Saint Leger. Examinando e voltando atrás no pedigree de todos os vencedores dessas provas por via materna conseguiu identificar 43 éguas das quais descendiam todos os ganhadores dessas corridas, de cada égua se originaram vencedores em números variáveis e o autor lhes deu um número conforme a quantidade de descendentes vitoriosos nessas mesmas provas, ou seja, considerou como família número 1 aos descendentes que correspondiam a uma égua fundadora que tinha gerado um maior número de vencedores. A que obteve o lugar imediatamente abaixo recebeu a denominação de fundadora da família 2 e assim sucessivamente. Feito isso, Lowe não pode deixar de reconhecer a contribuição paterna na transmissão de características que davam a seus filhos condições acima da média da raça quanto a classicismo e relacionou do mesmo modo como fez com as fêmeas os garanhões que geraram vencedores daquelas provas, separando a quais famílias pertenciam e intitulou essas famílias como “sire families”.

O sistema de Bruce Lowe ficou então assim configurado:

A – As famílias 1, 2, 3, 4 e 5 denominadas RUNING FAMILIES;
B – As famílias 3, 8, 11, 12 e 14 denominadas SIRE FAMILIES;
e as demais até o número 43, foram chamadas por OUTSIDE FAMILIES.

É possível observar que a família 3 possui dupla aptidão por ser uma família que tanto gera ganhadores como reprodutores em elevado percentual.

No seu estudo Bruce Lowe encontrou que em 348 provas corridas sobre os clássicos por ele selecionados, haviam 180 vencedores que pertenciam as 5 primeiras famílias, ou seja, um 10% das éguas bases, as RUNING FAMILIES haviam gerado 52% dos ganhadores. O trabalho de Bruce Lowe foi publicado postumamente em 1895 por William Allison, editor.

Em 1897 o livro de Herman Goos foi republicado, mas agora com 50 famílias e utilizando a numeração de Bruce Lowe.





Posteriormente na década de 50, Kazimierz Bobinski e Stefan Count Zamoyski, patrocinados por The Earl of Derby, Frederico Tesio, Guy de Rothschild, Roberto Seabra, Maurice O’Neill, Earl of Dunraven and Mount-Earl, Peter Beatty, George Angus Garrett e F.D. Wadia, atualizaram o estudo de Bruce Lowe e Herman Goos, a ele acrescentando mais 183 provas europeias, 79 provas na América, 20 na Oceania, 5 na África do Sul e 5 na Índia. Do Brasil temos 7 provas tabuladas, a saber, Grande Prêmio Brasil, Grande Prêmio São Paulo, Grande Prêmio Cruzeiro do Sul, Gande Prêmio Derby Paulista, Grande Prêmio Marciano de Aguiar Moreira, Grande Prêmio Jockey Club Brasileiro (em sua configuração original como terceira prova de tríplice-coroa) e o extinto Derby Sul-americano.

Também foram incorporadas mais 24 famílias reconhecidas como puras inglesas, indo a um total de 74 famílias e se criou o entendimento das sub-famílias que passaram a ser identificadas por letras na sequência alfabética por vitórias, sendo “a” o ramo mais vitorioso, após ela a “b” e assim sucessivamente. Foram também criadas as chamadas novas famílias, essas novas famílias igualmente atendendo a premissa do menor número pertencer a mais ganhadora e assim sucessivamente:

A – famílias argentinas, Ar1 e Ar2;
B – famílias polacas, P1 e P2;
C – famílias cruzadas britânicas, B1 até a B26,
D – famílias norte-americanas, A1 até a A37,
E – famílias coloniais, C1 até a C33,

e uma listagem de cavalos notáveis que não pertencem a nenhuma família estabelecida.


Obs. Foram publicados 100 exemplares da obra de Bobinski, todos numerados. Para o Brasil vieram 10, conheço o destino original de 5 desses exemplares, Roberto Seabra, José Paulino Nogueira, Francisco Eduardo de Paula Machado, Carlos Gilberto da Rocha Faria e Antonio Peixoto de Castro Júnior. O meu exemplar é o de número 63 e a mim presenteado quando fiz 18 anos por meu saudoso e inesquecível amigo, dr. Carlos Gilberto da Rocha Faria. Eterna gratidão.