sexta-feira, 1 de maio de 2020

A roda é redonda?





Todo criador ou consultor técnico possui seu entendimento quanto a interpretações de combinações genéticas que possam sugerir um possível nascimento do craque, que é o objetivo de todos os envolvidos na indústria do turfe.

Recebemos eventualmente pedidos de consultoria solicitando maiores explicações sobre teorias de cruzamentos. A nossa primeira orientação é a de que seja buscada informações na literatura disponível, pois acreditamos que esse  não seja um tema para consultoria, e sim um assunto didático. 

Inclusive, é nossa intenção repassar nesse blog, o que nos foi ensinado por grandes mestres do passado, com os quais tivemos o privilégio de conviver; dr. Roberto Seabra, dr. Francisco Eduardo de Paula Machado, dr. Franco Varola, dr. Reynato Sodré Borges, dr. Henrique de Toledo Lara e senhor Atualpa Soares.

Consequentemente, com o espírito deles herdado em compartilhar conhecimentos, procuramos dentro de nossas limitações, expor os ensinamentos desses notáveis.

Dentre vários artigos do blog que trataram do tema, acreditamos que dois, possam ser considerados como possíveis pontos de partida :

1 - Cruzamentos Boussac e Tesio

2 - O Conceito "Ponto de Força"

                                                                              
Não somos radicais quanto a esse ou aquele caminho no relacionado a cruzamentos, compreendemos filosóficamente que todas as vertentes de pensamento devem ser respeitadas. Mas, a história do turfe é para ser estudada, e a partir dela que cada um tire suas próprias conclusões.

Nomes como os de Northern Dancer e Mr Prospector, combinados através de inbreedings entre si, mais o aporte de algumas específicas linhas de sangue não podem ser desprezados. Pois é inegável que transmitiram e ainda transmitem altíssima qualidade. Mas, também é inegável que dependendo dos mensageiros envolvidos nas combinações, o índice de "quebra" precoce é assustador. 

Para turfes mais dinâmicos e ricos, a "máquina de moer" cavalos não é tão importante. Pois os animais que se destacam aos 2 anos e conseguem chegar bem a Tríplice Coroa, mesmo que por questões de saúde não consigam prosseguir aos 4 anos já trazem a seus proprietários considerável lucro por os levarem para a reprodução. 

E para os cavalos de qualidade normal, que é a quase regra do pequeno ou médio investidor, os prêmios conseguidos pelos studs, mesmo nas provas comuns, pagam de forma invariável seus investimentos. Quando não, também proporcionam algum lucro, que equilibra a atividade de se manter cavalos em corrida. Evidentemente não podem ser considerados os cavalos aos cuidados dos ditos treinadores "estrelares", que cobram valores muito além do mercado.

Uma realidade totalmente distinta de nosso turfe, pois com os prêmios pagos no Brasil possuir um animal longevo e saudável é medida "sine qua non" para que esse prazeiroso hobby não se transforme em um pesadelo.

Retornando ao tema cruzamentos, deixamos para análise de nossos leitores, o pedigree de 3 icônicos craques do passado, que foram contemporâneos: 


1 - Haras Guanabara - Roberto Grimaldi Seabra. Escorial.




2 - Haras Faxina - Henrique de Toledo Lara. Narvik.




3 - Haras Jahu & Rio das Pedras - João A. e Nelson de Almeida Prado. Farwell.




Como contraponto apresentamos um outro lado da moeda, o pedigree do grandíssimo craque ZENABRE, criação do notável José Paulino Nogueira em seu Haras Bela Esperança.





É de conhecimento do mundo turfístico que José Paulino citava Zenabre como exemplo de um "cochilo" que deu certo. Remington foi enviada por engano a Pharas, e após o serviço foi constatado o equívoco técnico de um inbreeding 3 x 3 x 5 sobre Pharos, justamente por questões relativas a fragilidade de joelhos. E Zenabre acabou se transformando em inigualável nome da criação brasileira, mesmo com seus problemas de joelhos...

Essa postagem e seus exemplos, certamente será criticada por aqueles que Nelson Rodrigues chamou de "idiotas da objetividade", por estar estruturada em nomes do passado, que hoje desapareceram da raça. Mas o objetivo é mostrar a estratégia utilizada em cruzamentos que atingiram o patamar dos fora de série. E também que em um mesmo lapso de tempo, diversas linhagens foram utilizadas, e todas com imenso sucesso. Sendo que o aspecto comum a esses cruzamentos, é a utilização de grandes ancestrais em inbreedings marcadamente a partir da quinta geração.

Todos os envolvidos no universo da criação do PSI deve ter em mente que  a qualidade da raça não é um aspecto inerente a apenas dois, três ou quatro indivíduos, seus inbreedings e seus descendentes. Parece ser apropriado admitir que o pool do estoque genético disponível no PSI não se limita a esses indivíduos, consequentemente existem outros genes capazes de produzir um grande cavalo e apenas aguardam os cruzamentos que os façam emergir.





Zenabre