quinta-feira, 8 de maio de 2025

Alpha: sua devolução, um acerto ou um erro?

 


 

A importação de Alpha seguiu padrão comum da criação brasileira, o de trazer garanhões fracassados em seus turfes de origem, na expectativa de que revertam seus resultados entre nós, e de fato, temos exemplos positivos, pois Executioner, Spend A Buck e Drosselmeyer assim o fizeram.

Alpha chegou ao Brasil com números reprodutivos bastante modestos, assim como os acima citados e de concreto um pedigree esplendido, pois, trata-se de um Bernardini (Preakness e Travers S.) em Munnaya, uma descendente direta de Pretty Polly na linha de Kamar, que ainda possui em seu pedigree Nijinsky (triplice coroado), Alydar (Travers S.) e Key to the Mint (Travers S.). Alpha tinha tudo para se sobressair em corrida, como realmente aconteceu. Venceu quatro provas de grupo, sendo duas de graduação máxima (Travers S. e Woodward S.).

É inegável que Alpha possui um pedigree mais consistente que os fracassados, a pouco citados, e que aqui tiveram esplêndido sucesso reprodutivo. Consequentemente é inexplicável o preconceito para com Alpha deste o primeiro momento de sua chegada.

A única forma de se entender tal preconceito é que ao chegar perceberam que Alpha não correspondia ao tipo físico de PSI tipicamente norte-americano. Alpha corria com peso médio de 470 quilos, e o aculturamento de nossa criação pelos EUA sedimentou, entre alguns, que cavalo de corrida deve ter mais de 500 quilos... PSI é gado de corte?

Como se Deep Impact, o garanhão mais valorizado no turfe mundial de todos os tempos - serviço de 1 milhão de dólares (apenas para raras éguas aprovadas) não corresse com a média de 444 quilos.

Consequentemente Alpha foi preterido desde o início e a ele foram destinadas éguas consideradas de menor qualidade, a exceção de alguns criadores com maior visão técnica. Tal quadro se agravou com o nascimento de sua primeira geração, pois seus filhos majoritariamente correspondiam a um tipo de cavalo europeu, tipo físico fora do imaginário de qualidade que hoje norma o turfe brasileiro. Outro aspecto relevante é a idiossincrasia dos descendentes de Nijinsky, em sua imensa maioria formada por animais "sanguíneos" e tal fato não agrada, de forma geral, aos treinadores de qualquer turfe mundial, que preferem trabalhar e priorizam genéticas "mais tranquilas".

Alpha possui 99 produtos corridos, 60 venceram (61%), 86 se colocaram (87%), 3 venceram grupo 1 (3%), 9 (9%) se colocaram em provas de grupo e 6 (6%) se colocaram em clássicos regionais.

Seus vencedores de grupo com respectivos pesos em suas vitórias G1 são Dream Alliance (GP São Paulo, 476 quilos), Cold Heart (GP Derby Paulista, 436 quilos) e Sinsel (GP Francisco Eduardo de Paula Machado, 477 quilos).

Não temos dúvida que no quesito qualidade Alpha irá contribuir para a criação brasileira.

Resta a pergunta: diante do nível dos garanhões que hoje servem no Brasil foi acertada a devolução de Alpha?