A importação de Alpha seguiu padrão comum da criação
brasileira, o de trazer garanhões fracassados em seus turfes de origem, na
expectativa de que revertam seus resultados entre nós, e de fato, temos
exemplos positivos, pois Executioner, Spend A Buck e Drosselmeyer assim o
fizeram.
Alpha chegou ao Brasil com números reprodutivos bastante
modestos, assim como os acima citados e de concreto um pedigree esplendido,
pois, trata-se de um Bernardini (Preakness e Travers S.) em Munnaya, uma descendente
direta de Pretty Polly na linha de Kamar, que ainda possui em seu pedigree
Nijinsky (triplice coroado), Alydar (Travers S.) e Key to the Mint (Travers S.).
Alpha tinha tudo para se sobressair em corrida, como realmente aconteceu.
Venceu quatro provas de grupo, sendo duas de graduação máxima (Travers S. e
Woodward S.).
É inegável que Alpha possui um pedigree mais consistente que
os fracassados, a pouco citados, e que aqui tiveram esplêndido sucesso reprodutivo.
Consequentemente é inexplicável o preconceito para com Alpha deste o primeiro
momento de sua chegada.
A única forma de se entender tal preconceito é que ao
chegar perceberam que Alpha não correspondia ao tipo físico de PSI tipicamente
norte-americano. Alpha corria com peso médio de 470 quilos, e o aculturamento
de nossa criação pelos EUA sedimentou, entre alguns, que cavalo de corrida deve
ter mais de 500 quilos... PSI é gado de corte?
Como se Deep Impact, o garanhão mais valorizado no turfe
mundial de todos os tempos - serviço de 1 milhão de dólares (apenas para raras
éguas aprovadas) não corresse com a média de 444 quilos.
Consequentemente Alpha foi preterido desde o início e a
ele foram destinadas éguas consideradas de menor qualidade, a exceção de alguns
criadores com maior visão técnica. Tal quadro se agravou com o nascimento de
sua primeira geração, pois seus filhos majoritariamente correspondiam a um tipo
de cavalo europeu, tipo físico fora do imaginário de qualidade que hoje norma o
turfe brasileiro. Outro aspecto relevante é a idiossincrasia dos descendentes de Nijinsky, em sua imensa maioria formada por animais "sanguíneos" e tal fato não agrada, de forma geral, aos treinadores de qualquer turfe mundial, que preferem trabalhar e priorizam genéticas "mais tranquilas".
Alpha possui 99 produtos corridos, 60 venceram (61%), 86 se colocaram (87%), 3 venceram grupo 1 (3%), 9 (9%) se colocaram em provas de
grupo e 6 (6%) se colocaram em clássicos regionais.
Seus vencedores de grupo com respectivos pesos em suas
vitórias G1 são Dream Alliance (GP São Paulo, 476 quilos), Cold Heart (GP Derby Paulista, 436 quilos) e Sinsel (GP Francisco Eduardo de Paula Machado, 477
quilos).
Não temos dúvida que no quesito qualidade Alpha irá contribuir para a criação brasileira.
Resta a pergunta: diante do nível dos garanhões que hoje
servem no Brasil foi acertada a devolução de Alpha?