quinta-feira, 11 de setembro de 2025

Inbreeding no PSI



Marcel Boussac, um dos maiores criadores do PSI, se notabilizou por ser adepto da endogamia e foi reconhecido como o inventor de "uma raça dentro da raça." 

A endogamia é utilizada no melhoramento genético dos animais domésticos com a intenção de concentrar em um indivíduo os genes de um ou mais ancestrais superiores, na expectativa de que um maior volume de seus genes possam ser expressos, ou seja, o principal objetivo na utilização de inbreedings é conseguir condições adequadas para a atividade explorada. De forma geral, precocidade, morfologia e tipo físico são aspectos que se refletem em produção.

Precocidade e morfologia correta são dois aspectos também fundamentais na indústria do PSI e devem sempre serem considerados. Quanto ao tipo físico, ele é pouco relevante na seleção da raça, como exemplo, apenas os turfes dos EUA e Brasil dão maior importância para indivíduos agigantados. 

Tamanho, perfil de cabeça, posicionamento de orelhas, inserção de cauda e pelagem são pontos irrelevantes quanto a expectativa de desempenho. 

O objetivo principal na indústria do turfe quando se pensa em inbreeding é a de concentrar ao máximo genes de determinados ancestrais na esperança de que suas "genéticas de corrida" se destaquem. 

No PSI os criadores, de forma geral, em vez de procurar concentrar genes que se mostram complementares em tipologia funcional, mais misturam do que tentam corrigi-los. Estratégia que basicamente embaralha os genes de forma aleatória, frustrando assim o propósito principal da endogamia.

O grande equívoco de fundamento na utilização de inbreedings no PSI é o de "misturar" em um pedigree descendentes de um mesmo ou vários ancestrais sem considerar a performance de suas descendências. É principio básico sempre se buscar o equilíbrio na convergência das genéticas para se evitar o antagonismo funcional.



Muitos estudiosos da herança no PSI, dentro de entendimento moderno, consideram que a partir da quarta geração somente é razoável considerar endogamia quando na ancestralidade existir compatibilidade na transmissão da Tipologia Funcional dos indivíduos em inbreeding. Consequentemente endogamia além da quarta geração só pode ser considerada efetiva na transmissão da "genética de corrida" se ela vier através do equilíbrio de linhas. E o grande exemplo histórico desse pensamento é RIBOT.



Para esse estudo foi utilizada uma amostra de vencedores, das provas de Grupo 1 do calendário clássico do Jockey Club Brasileiro nos últimos 5 anos. A escolha por provas do JCB está baseada na premissa de que ele é o hipódromo de maior seleção do turfe nacional.

Considerando endogamia até a quarta geração, o número testemunha para vencedores no PSI é de 25%.  Nas 72 provas G1 analisadas era esperado que dezoito desses vencedores fossem endogâmicos. Na realidade, apenas uma dúzia, ou 17%, são endogâmicos, um resultado abaixo da média.

Os ancestrais consanguíneos mais comuns encontrados foram Mr. Prospector (três), com representação de suas linhas através de Forty Niner (um), Fappiano (um) e Northern Dancer (um), com seu filho Danzig (três).

1- Tá Legal - 3x4 (Danzig),

2 - Oryx - 3x4 (Mr.Prospector),

3 - Primeta - 3x4 (Kenético), 

4 - Kenlova - 4x4 (Danzig),

5 - Oberyn - 4x4 (Danzig),

6 - Planetario - 4x4 (Mr.Prospector),

7 - Monanfan - 4x4 (Mr.Prospector),

8 - Jackson Pollock - 4x4 (Forty Niner),

9 - Obataye - 4x4 (Unbridled),

10 - Sinsel - 4x4 (Northern Dancer),

11 - Sparco - 4x4 (Halo) e

12 - Oceano Azul - 4x4 (Secretariat).

Quanto aos vencedores 3 anos das provas G1 de geração temos apenas 6 indivíduos - Oberyn, Planetário, Oceano Azul, Monanfan, Sparco e Sinsel em um universo de 35 vencedores. Percentual de 17% para os endogâmicos contra 83% dos outbreds.

Esse resultado sugere que os inbreedings praticados na criação brasileira oferecem fins consideravelmente abaixo do esperado mundialmente. Talvez estejamos diante de um indicativo que os responsáveis pela elaboração desses cruzamentos devam reavaliar critérios para a utilização de consanguinidade. Em contrapartida, cabe destacar, que o estudo em questão mostrou o acerto do Stud Red Rafa na condução da endogamia em seu plantel, um desempenho equivalente a qualquer haras de ponta em turfe do primeiro mundo.

Apesar da amostragem ter sido muito reduzida esses números ainda indicam o que os resultados mundiais atestam, que é razoável admitir que em uma população cada vez mais consanguínea, um cruzamento outbred até a quarta geração oferece grandes vantagens ao desempenho atlético do indivíduo.