Mumtaz Mahal
O conceito de reines-de-course foi criado em 1985 por Ellen Parker, inspirado em éguas que tiveram grande sucesso nas pistas de corrida e que, subsequentemente, se tornaram reprodutoras excepcionais, produzindo descendentes de alto nível. Sendo que a maioria das reines-de-course se elevaram a categoria de matriarcas, pois suas filhas sustentaram na classe sua linha ventral.
Essas éguas, como dito acima, são responsáveis por fundar veios maternos que influenciaram de forma consistente o melhoramento do PSI e que, quando se apresentam consanguíneas tendem a fortalecer um pedigree. Mas não deve-se relacionar consanguinidade sobre as reines-de-course com a teoria Rasmussen Factor (endogamia com fêmeas dentro de cinco gerações) que é uma ideia extremamente abrangente e já comentada em artigo anterior. Em termos práticos não importa o entendimento de Rasmussen para o que seja uma égua "superior", na determinação da eficiência (ou falta dela) do Rasmussen Factor, de fato, endogamia sobre fêmeas só funciona estatisticamente quando elas são reines-de-course.
Em estudo compreendendo período de 2003-2007 nos EUA foram encontrados 172 vencedores de stakes com endogamia materna nas cinco primeiras gerações, 144 (83.72%) eram consanguineos sobre reines-de-courses e 28 (16,28%) consanguineos sobre éguas comuns.
No sistema de Dosagens de Varola e posteriormente ampliado por Roman, essas éguas de elite, apesar de não formarem parte de sua imagem gráfica, são consideradas fontes cruciais na transmissão de velocidade e resistência para as gerações seguintes e fazem parte do raciocínio de forma off-label. Esse entendimento me foi passado pessoalmente pelo Dr. Varola em 1974 quando estava elaborando sua teoria da Tipologia Funcional que resultou no sistema de Dosagens.
Dr. Franco Varola, que morou no Rio de Janeiro, era um assíduo frequentador das reuniões que ocorriam na residência do Dr. Reynato Sodré Borges, quando este residia no Ed. José Mariano, Copacabana, em monumental apartamento de Mariano Raggio e prestava consultoria ao Haras Sideral.
Os pensamentos de Vuillier, Varola e Parker utilizados para determinar chefs-de-race e reines-de-course são conceitos pragmáticos e consequentemente dentro dessa lógica não se encerraram com os seus falecimentos. Tanto que Roman ampliou Varola e publicou o excelente "Dosage Pedigree & Performance". Qualquer e todo estudioso do PSI pode ampliar para sua utilização ou publicar em qualquer veículo as suas listagens de chefs-de-race e reines-de-course... Alguma dúvida que Tapit seja um chef-de-race brilliant/intermediate?
Convivi por anos com o Dr. Varola e nunca ouvi de sua voz que ele havia delegado o "direito" de exclusividade para quem quer que seja sobre o seu pensamento em relação a nomear chefs-de-race e perpetuar "oficialmente" sua teoria.
A questão das reines-de-course está diretamente relacionada a herança mitocondrial. Uma compreensão adequada da função do DNA mitocondrial é como a "casa de força" de cada célula, o motor que realmente produz a energia para todas as formas de vida orgânica e essas potências genéticas só são transmitidas pelas fêmeas de quaisquer espécie.
As reines-de-course desempenham um papel marcadamente mais profundo na produção de campeões e na perpetuação de uma família vencedora durante gerações.
A última listagem de reines-de-course atualizada de Ellen Parker possui mais de 580 nomes, e não cabe nesse artigo publicar essa extensa listagem já que ela é de fácil acesso a qualquer estudioso do assunto. Em listagem própria ampliamos em mais 379 nomes essa listagem original, evidentemente utilizando os critérios de Ellen Parker.
"No final das contas, um bom reprodutor é, simplesmente, um garanhão cruzado com éguas positivas de boa família. Tentar complicar é uma perda de tempo." Ellen Parker


