sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

É do Sul


É do Sul, Fam. 3-o, castanho, RS, 2002, por Irish Fighter em Important Daisy por Ghadeer, de criação do Haras Simpatia e propriedade do Haras Clemente Moletta. Se apresentou um muito bom corredor, 6-3-1-0,  precoce e muito veloz. Infelizmente sofreu contratempos que o afastaram das pistas sendo recolhido a reprodução, seu principal resultado foi sua vitória no GP Linneo de Paula Machado, G3, 2000 metros.

Seu pai Irish Fighter em 15 saídas obteve 4 vitórias e 5 colocações, 4 – 3 – 2, suas melhores apresentações foram um terceiro no Arkansas Derby, G1, 1800 m; terceiro no Louisiana Derby Stakes, G3, 1700 m e quarto no Quaha Gold Cup Stakes, G3, 1600 metros, todas provas no dirt. Foi um reprodutor útil tendo produzido Ojeada Fighter (GP OSAF, G1; GP Pres. Luiz Nazareno T. de Assumpção, G2; GP Pres. Luiz Oliveira de Barros, G2), Runner Fighter (GP 29 de Julho, G3), Perla Fighter (Copa Velocidade – ANPC, G3) e mais os colocados em grupo Dollar Fighter, Dom Fighter, Naco D’Oro, Sheik Fighter, Solar Monterrey, Mirich Word, Nello Fighter, Nobre Fighter, Nicola Fighter, Sonorkel, Charge Ahead, Nirish of Bagé e outros.

Irish Fighter



É do Sul trata-se de um neto materno de Ghadeer, destacado pai e avô-materno entre nós, encontrando-se no grupo dos melhores reprodutores que já serviram na criação brasileira, não cabendo necessidade de maiores detalhes sobre ele.

Ghadeer



Sua mãe Important Daisy não foi apresentada as pistas, como reprodutora se mostrou muito bom ventre tendo gerado 11 filhos, todos correram, 10 venceram, 4 são vencedores Black Type e 1 colocado nesse tipo de prova. Além de É do Sul dentre seus filhos destacam-se New Export (GP Estado do Rio de Janeiro, G1; GP Francisco Eduardo de Paula Machado, G1 e  3. GP Frederico Lundgren, G3; nos EUA 2. Dallas Turf Cup, G3 e 3. Ingelwood H, G3), garanhão atualmente servindo na Índia; Makenji (2. GP Marciano de Aguiar Moreira, G2; 2. GP Antonio Carlos Amorim, G3, 2 vezes; 3. GP Roger Guedon, G3), Cornélio ( 4. GP Cordeiro da Graça, G2; 4. GP Major Suckow, G1; 4. GP ABCPCC – Mario Belmonte Moglia, G3) e Futuro da Noite (GP Jockey Club Brasileiro, L, Tarumã).

Da linha ventral de sua quarta mãe, Hooplah (Hollywood Oaks, G1) fazem parte Phone Chatter (Breeder’s Cup Juvenile Fillies, G1; Oak Leaf S, G1; Sorrento S, G3), Afifa (Vanity H, G1), Alias Smith ( Donald P. Hoss H, G2 e 2. Niagara H, G3), Dark Accentus (2. Sea O’Erins H, G3, 3. Sea O’Erins H, G3 e Swoon’s Son H, G3), In Lingerie (Sprinter S, G1; Black-Eyed S, G2 e Bourbonette Oaks, G3), Second of June (Holly Bull S, G3), Any Given Saturday (Haskell Invitation H, G1), Bohemian Lady (Cicada S, G3), New Money Honey (Breeder’s Cup Juvenile Fillies, G1; Belmont Oaks Invitational S, G1; Wonder Again S, G3; Miss Grillo S, G3),  etc… e no Brasil Van Daisy (3. GP Pres. João Carlos Alves Penteado, G3). Hooplah fundou um ramo bastante confirmador nos EUA que se mantêm constante até os dias de hoje com vitórias e colocações em provas de grupo do calendário norte-americano, esse veio da família 3-o, introduzida no Brasil através de Daisy Buck, merece especial atenção do criador brasileiro por sua fertilidade na produção de elementos clássicos.

Não foi possível obter nenhuma filmagem da campanha de É do Sul, mas colocaremos abaixo o relato do nosso saudoso amigo Zig, publicado no Raia Leve, quando de sua principal vitória no GP Presidente do Jockey Club:

"É do Sul (Irish Fighter e Important Daisy por Ghadeer), 3 anos, venceu de modo espetacular o GP Prêmio Presidente do Jockey Club (Grupo III), exibindo um padrão de carreira de exceção, típico de produto com condições de fazer campanha no exterior.
Eleito favorito, Nelore Porã, que vinha de ganhar em recorde a milha do GP Paraná, fez a diagonal e assumiu o comando da prova, impondo ritmo forte. Southampton saiu em seu encalço, enquanto o ganhador acompanhava, na cerca, em terceiro. Filósofo corria quarto e Governador, último.
Na entrada da reta, Southampton abandonou a luta, cedendo espaço para o avanço de É do Sul. Com muita facilidade, o conduzido por João Moreira dominou Nelore Porã e disparou para o espelho, vencendo por 7 1/2 corpos, na marca incomum de 1min34s330 (a poucos menos de 1s do recorde-1min33s372, de Light It Up, em 23.06.2001).
De criação do Haras Simpatia e propriedade do Haras Clemente Moletta, É do Sul, treinado em Curitiba por Jairo Borges, alcançou a terceira vitória em apenas quatro apresentações.
Estreou no Tarumã, em 13 de maio de 2005, credenciado por ótimos exercícios e, numa eliminatória, em 1200 metros, ganhou por 8 corpos, assinalando 1min13s9/10. Sua única derrota se deu, ainda em Curitiba, no Clássico ABCPCC, L, em 10 de Junho, superado por Savannah Minister por 6 corpos, produzindo abaixo do esperado.
Reapareceu em Cidade Jardim, aí sim, chamando definitivamente a atenção dos observadores. No dia 13 de novembro, dividiu a raia, entre perdedores de 3 anos, por expressivos 18 1/4 corpos, correndo 1300 metros em 1min16s340.
Hoje ao pulverizar cavalos de excelente categoria, colocou seu nome na relação dos melhores animais em campanha no Brasil".


                                                                             Campanha 

2 anos

1. Prêmio, 1200 m, ALN, Tarumã,
2. Clássico Associação Brasileira de Criadores e Proprietários de Cavalo de Corrida, L, 1500 metros, ALN, Tarumã,

3 anos

1. Prêmio Batayporã, 1300 m, ALN, Cidade Jardim,
1. Grande Prêmio Presidente do Jockey Club, G3, 1600 m, AMR, Cidade Jardim,
7. Grande Prêmio Linneo de Paula Machado, G3, 2000 m, GB, Cidade Jardim,
15. Grande Prêmio Presidente Antonio T. Assumpção Netto, G3, 1600 m, GB, Cidade Jardim,

Ao iniciar esse estudo sobre É do Sul, cavalo que me chamou a atenção por seu impressionante índice reprodutivo, encontrei dois excelentes artigos, os quais transcrevo abaixo:

Considerações sobre É do Sul por Marcelo Augusto da Silva, competente estudioso do PSI:

"Um outro cavalo brasileiro que com uma pequena amostragem no haras me deixou encantado é um autêntico Bold Ruler, e ele se chama É DO SUL, mas vocês devem estar pensando que eu estou trocando as bolas, porque esse cavalo que é um Nasrullah, via Riverman/Never Bend e não Bold Ruler! Conforme vocês notarão no seu pedigree É do Sul, tem duplicações tanto no chefe de raça Nasrullah, como também num outro descendente dessa tribo chamado Dewan, filho de Bold Ruler e para mim ficou cristalino que essa duplicação teve uma preponderância no comportamento do É do Sul nas pistas que demonstrou nítida preferência pela pista de areia, transmitindo essa aptidão aos seus filhos. Outro fator que me deu a convicção de que Dewan teve papel importante na configuração genética de É do Sul se deu pelo fato de que seu principal mensageiro, Glitterman, pertence a mesma família materna de É do Sul. subfamília 3-o, pelo mesmo veio materno, Beadah é respectivamente quarta e quinta mãe de Glitterman e É do Sul, ou seja, a repetição da mesma fórmula. Dewan não foi dos melhores Bold Ruler, entretanto demonstrou ser em pista um cavalo resistente e saudável tendo competido por 40 vezes e vencido 14, Glitterman por sua vez competiu por 25 vezes para vencer 9. Dewan é o avô materno de Christine's Outlaw.
É do Sul seria um cavalo interessante para quem tem pretensões de exportação para o mercado uruguaio e quem sabe norte-americano, mas infelizmente é outro predestinado ao esquecimento, e lembrar o que a tribo Nasrullah já foi capaz de gerar, a não manutenção dessa tribo é de fazer chorar".


Glitterman



Glitterman se apresentou como um garanhão extremamente consistente e útil para o mercado norte-americano tendo produzido imensa quantidade de filhos saudáveis e ganhadores, inclusive, muitos em provas de grupo. Abaixo link com exemplos de sua progênie.



Artigo escrito por Adolpho Smith de Vasconcellos Crippa, também grande conhecedor do PSI:

"Quando um criador/proprietário de pequeno ou médio porte começa a se destacar a ponto de todos passarem a notar, isso em qualquer mercado do turfe, é porque três coisas se alinharam para ele: Reprodutor, matrizes e esquema de treinamento.
Não acredito que, a não ser algum criador/proprietário com muito volume, consiga chamar a atenção do mercado sem ter esse tripé bem alinhado.
Desta forma, quando me pedem para escrever sobre o É DO SUL, não poderia deixar de citar que o esquema de treinamento do Haras Clemente Moletta funciona, e muito bem. O treinador de seus cavalos M. Decki, já demonstrou num passado próximo com animais do Stud Mandrake que sabe o que faz. 
Quanto as éguas, uma base formada por éguas vindas do Haras Santa Maria de Araras funciona e cerca de metade das éguas mães dos potros do É do Sul de lá vieram. Funciona hoje para ele, como já está começando a funcionar para outro haras de São Paulo, o Free Way, com os filhos de Skypilot. Ambos correm tudo o que criam e com um único treinador.
Ou seja, a fórmula reprodutor nacional, treinador único e bom plantel de éguas pode colocar um haras médio no mapa. Ajuda e muito um treinador ter a chance de treinar irmãos dos cavalos que já treinou e poder não repetir erros e copiar acertos. E quanto ao reprodutor nacional, que sempre teve resultados acima da média no Brasil, agora virou quase uma obrigação dada a baixíssima qualidade do que temos importado para servir aqui. Qualidade essa que decai ainda mais a cada ano, salvo raríssimas exceções. Mas, não podemos nos enganar, a parte mais difícil desta equação é encontrar o reprodutor. Isso não é tarefa fácil, leva tempo e muito dinheiro para poder testar 2 ou 3 gerações e saber se você tem ou não o cavalo certo.
Neste sentido, o É do Sul é assim uma exceção. E, para mim, uma muito feliz surpresa. Confesso que não esperava isso tudo dele, ao contrário do outro reprodutor de destaque no cenário nacional hoje: Setembro Chove, de quem sempre esperei muito.
É fato, entretanto, que o É do Sul é um ponto bem fora da curva e com mais oportunidades pode se tornar algo marcante no cenário turfístico atual.
Imagine um cavalo com gerações de 1 ou 2 animais, que tem hoje 14 filhos corridos. Depois, note que 10 destes 14 ganharam, o que já é bom. Ainda mais se notar que 3 destes são da geração estreante.
E aí vem o mais importante: dos 10 ganhadores, 3 são ganhadores clássicos e 2 de grupo. Ou seja, 14% dos filhos são ganhadores de Grupo!
Ainda, 7 filhos ganharam 40% ou mais das corridas que correram. Ou seja, se você tem um É do Sul e ele chegar a estrear, você pode esperar que tenha 50% de chance de ganhar no mínimo 40% das corridas que ele disputar. Não seria isso estrondoso?
Ainda, salvo engano, são 29 vitórias para os filhos de É do Sul até aqui (reforçando que as gerações maiores são novas ainda). Mais um dado interessante, ele tem 2 vitórias para cada filho seu que estreou.
Resumindo, os números do cavalo são realmente muito acima da média, só fica a menção ao fato de que não acho que ele ou qualquer cavalo se faça sozinho. Fazendo uma analogia, creio que o É do Sul pode ser para cá um Kitten's Joy, um cavalo que pode colocar no mapa um criador que pouca gente notaria. Quando um dia termos um reprodutor fora de série que extrapole nossas fronteiras, como um Galileo tupiniquim, aí acho que é necessário uma Coolmore para se fazer um Galileo e no Brasil, por analogia também, só teríamos uma opção que vocês sabem bem quem seria".


Bold Ruler

Nasrullah



Dentre os poucos filhos em corrida de É do Sul destacam-se os clássicos: Dá-lhe Requebra (Clássico Primavera, L; Clássico Erasmo T. de Assumpção, L; 3. GP Independência, G3; 4. GP Presidente Julio Mesquita, G3; 4. GP ABCPCC, G1), Dá-lhe Salvador (GP Quari Bravo, G3; GP Presidente Vicente Renato Paolillo, G2; Clássico Presidente Herculano de Freitas, L; Clássico Presidente Augusto de Souza Queiroz, L; GP Presidente da República, L, Cristal; Clasico Otoño, L, Maroñas - Uy) e Dá-lhe Senadora (GP Emerald Hill, G3; Premio IV Copa São Paulo de Velocidade; Clássico Presidente João Carlos Leite Penteado, L; 4. GP Presidente Guilherme Ellis, G3).

Indiscutivelmente É DO SUL é um ponto fora da curva como demonstra seu resultado como garanhão, 6,97% vencedores Black Type, 3 em 17 indivíduos corridos, com quase certeza seria um destacado reprodutor no Uruguai, confirmando inbreeding em Dewan, conjuntamente com as características de desenho da pista de Maroñas e o calendário clássico do turfe uruguaio que é cumprido em uma pista de areia que muito lembra o dirt de alguns hipódromos norte-americanos, principalmente Belmont Park e Aqueduct Racetrack, onde os Nasrullah e Bold Ruler sempre fizeram a festa. Deve-se também destacar que É DO SUL já demonstrou que sua produção também se adapta a raia de grama, como assim o fizeram Dá-lhe Senadora e Dá-lhe Requebra, ambas com vitória de grupo nesse tipo de pista e mais Dá-lhe Salvador com uma segunda colocação no Herculano de Freitas. O que nos dá convicção em afirmar que, o criador brasileiro ao não prestigiar É do Sul estará perdendo a oportunidade em utilizar o serviço de um garanhão comprovadamente confirmador.