Urban Sea.
Foi procurada uma maior compreensão do estudo "O Mito da Família Feminina", efetuado por Hall e Martinez, anteriormente postado em nosso blog. Apresentamos abaixo considerações, que, possivelmente possam facultar uma melhor análise quanto ao importante tema em questão.
Ao longo dos anos, tem existido uma série de grandes reprodutoras, que exibiram muito pouca habilidade nas pistas. No entanto, como é de se esperar, várias éguas de primeira categoria também se tornaram grandes reprodutoras. Ocasionalmente e por razões diversas, corredoras excepcionais são muito decepcionantes em suas produções no haras.
Então, qual será
o melhor indicador para uma boa reprodutora - capacidade em corrida ou
pedigree?
Para darmos seqüência a essa análise se buscou a principal prova do turfe mundial, o
Prix de L’Arc de Triomphe, onde foi levantado o nome de suas vencedoras e
respectivas produções como reprodutoras. Desde a sua primeira disputa em 1920
até 2017, o Arco foi vencido 23 vezes por representantes do sexo feminino,
sendo que, nos últimos 10 anos as fêmeas levantaram 7 do total das provas
disputadas.
Dessas 21
ganhadoras (Corrida e Treve venceram duas vezes cada), as mais recentes
campeãs, Danedream (fam. 14), Solemia (fam. 16-c), Treve (fam. 4-n), Found (fam. 1-m)
e Enable (fam. 4-m) não possuem produtos estreados, ou, ainda, não foram encaminhadas para reprodução.
Então, 16 fêmeas
que venceram o Arco foram analisadas, e os seguintes resultados encontrados:
1931 - Pearl Cap
(Le Capucin), mãe de Pearl Diver, Derby
de Epsom, G1, fam. 16-b,
1935 - Samos (Bruleur), mãe de Marveil, The King
George VI Stakes, G1, fam. 19,
1936 e 1937 -
Corrida (Coronach), mãe de Coaraze, Prix du Jockey Club, G1, fam. 9-e,
1945 - Nikellora (Vatellor), mãe de Chief, Prix
d’Ispahan, G1, fam. 4-h,
1949 – Coronation
(Djebel), estéril, fam. 14,
1953 - La
Sorellina (Sayani), mãe de ganhadores, fam. 7,
1972 – San San
(Bald Eagle), mãe de Windsor Knot e Sprite Passer, ganhadores e ambos com colocações em
provas Black-Type no Japão, fam. 7-c,
1974 - Allez
France (Sea-Bird), mãe de Action Française, Prix de Sandringham, G3, fam. 1-s,
1976 - Ivanjica
(Sir Ivor), mãe de ganhadores, fam. 12-e,
1979 - Three Troikas, mãe de Three Angels, Prix des
Reservoirs, G3, fam. 1-k,
1980 - Detroit (Riverman), mãe de Carnegie, Prix de
L’Arc de Triomphe, G1, fam. 16-c,
1981 - Gold River (Riverman), mãe de Riviere D'Or,
Prix Saint Alary, G1, fam. 22-d,
1982 - Akiyda
(Labus), mãe de ganhadores, fam. 13-c,
1984 - All Along (Targowice), mãe de Along All, Prix
Greffulhe, G2, fam. 1-d,
1993 - Urban Sea (Miswaki), mãe de Galileo, Sea The
Stars, Black Sam Bellamy, My Typhoon, Born To Sea, All To Beautiful, Urban
Ocean, Cherry Hinton e Melikah, fam. 9-h,
2008 – Zarkava
(Zamindar), mãe de Zarak, Prix de Saint Cloud, G1, fam. 9-c.
Obs: Sobre a matriarca Urban
Sea deixamos o link abaixo:
Esse estudo
mostra que das 15 éguas que ganharam o Arco do Triunfo e
tiveram filhos corridos, oito (53%), produziram o que hoje seria classificado
como vencedores de G1; 12 (80%), são
mães de animais com vitórias e/ou colocações em provas de grupo, e 100% mães de ganhadores.
Embora as éguas citadas certamente tenham tido as melhores chances com garanhões de maior qualidade, é difícil negar o impacto por elas causado nos números acima.
Claramente,
quanto maior a capacidade de corrida que uma égua possui, mais chances ela tem para se tornar uma matriz de sucesso.
Também é
interessante observar que as melhores éguas em corrida também produzem filhos
que se apresentam na reprodução como geradores de maior classe.
Considera-se existir 2 patamares nas famílias ditas “Elite”, em primeiro lugar as
famílias 1 - 2 - 3 - 4 - 5 - 9 - 13 e 22, em um nível imediatamente abaixo encontra-se as 6
- 7 - 8 - 10 - 11 – 14 - 16 – 17 – 20 e 21; sendo creditados as famílias desses dois grupamentos mais de 80% dos ganhadores de provas de grupo nas 3 últimas décadas.
Como adendo: Famílias e subfamílias mais vencedoras em ordem decrescente, segundo estudo de Renato Gameiro: 14-c, 13-c, 9-g, 8-f, 9-c, 14, 16-e, 9-e, 1-o, 11-f e 4-b.
Como adendo: Famílias e subfamílias mais vencedoras em ordem decrescente, segundo estudo de Renato Gameiro: 14-c, 13-c, 9-g, 8-f, 9-c, 14, 16-e, 9-e, 1-o, 11-f e 4-b.
Cabe destacar que
das 21 ganhadoras do Arco do Triunfo, apenas Ivanjica (fam.12), Samos (fam. 19)
e Solemia (fam. 34) não pertencem aos troncos ventrais classificados como
“Elite”, ou seja, somente 14% respondem como exceção da regra.
Alguns dos
maiores garanhões da história pertencem as famílias "Elite", e são filhos de corredoras de classe ou grande classe,
podemos citar alguns, Northern Dancer - fam. 2 - (Natalma venceu o G1 Spinaway
Stakes mas foi desclassificada), Nearco - fam. 4 - (Nogara venceu os G1, 1000 e
2000 Guinéus italianos), Native Dancer - fam. 5 - (Geisha venceu o G2 Gazelle Handicap), Mr. Prospector - fam. 13 - (Gold Digger venceu 10
stakes), Hyperion - fam. 16 - (Selene venceu o G1 Cheveley Park Stakes), Bold Ruler - fam. 8 - (Miss Disco venceu o G1 Test Stakes), Storm Cat - fam. 8 - (filho da
recordista Terlingua, que por sua vez venceu 3 G2 e 1 G3), Ribot - fam. 4 - (Romanella venceu o G1 Criterium Nazionale), Pharis - fam. 20 - (Carissima venceu o G3 Prix de Minerve), Phalaris - fam. 1 (Bromus venceu o G3 Seaton Delaval Stakes), Tourbillon - fam. 13 - (Durban venceu o G1 Grand Criterium), uma lista infindável de grandes nomes...
De maneira
contundente, hoje, os 3 primeiros garanhões da lista de líderes na europa,
Galileo, Dubawi e Sea the Stars, também são filhos de éguas de alta classe e
pertencentes as famílias “Elite”.
Nos EUA, um turfe
cuja patamar em rigor de seleção não pode ser comparado ao europeu, apresenta
seus 3 garanhões líderes das estatísticas em 2017, Unbridled’s Song (fam. 4),
Candy Ride (fam. 13) e Kitten’s Joy (fam. 2) como pertencentes as famílias
“Elite”. Embora, filhos de mães não vencedoras ou colocadas em stakes,
mas, pelo menos ganhadoras.
Essas
estatísticas e exemplos, mostram claramente que, em geral, quanto maior a habilidade de
corrida, maior a probabilidade de uma égua se sair bem na reprodução. Embora
existam exceções para todas as regras, a capacidade de corrida é
inegavelmente um indicador extremamente importante para o futuro sucesso de uma
égua no haras. Também, não se pode deixar de destacar a importância em pertencer a uma família "Elite" para tal êxito, pois assim os números o demonstram.
É importante notar que o estudo de Jason Hall e Mariana Lopez considerou como “famílias femininas” não o conceito de Bruce Lowe e Bobinski – Kamizierz para famílias maternas mas, sim, o que
poderíamos chamar de “ramos familiares” e sua produção. O que foi considerado, de fato, foram
as informações até no máximo a quarta mãe dos produtos constantes nos catálogos de Keeneland e não a quais famílias maternas os indivíduos estudados pertenciam, inclusive, pela razão, desses catálogos não fazerem constar a indicação dessas famílias nos lotes apresentados.