sábado, 18 de agosto de 2018

Royal Academy - A influência da família 8



É com grande satisfação que publicamos essa colaboração do amigo Marcelo Augusto da Silva, um expert das coisas do PSI, proprietário do Stud Figurón e Varanda. O tema por ele aqui abordado é muito interessante, trazendo um novo entendimento, em nossa opinião bastante válido, para o planejamento de cruzamentos. Vamos a ele:


A Influência da Família 8 na Estrutura do Pedigree do Campeão Royal Academy


Em artigos publicados em outros canais venho defendendo a reaproximação familiar, como uma importante ferramenta no resgate da essência das famílias, seu vigor e sua força. Seguindo como uma das linhas de raciocínio o fato de que em seu habitat natural as manadas se mantinham fechadas em sua herança  genética materna. Depois de muitas pesquisas realizadas no decorrer dos últimos anos observei que essa reaproximação colaborou de forma positiva com famílias que até então se mantinham em estado de hibernação e que a partir dali passaram a produzir elementos clássicos e em outras, ainda ativas, quando juntadas, tornavam-se nitroglicerina pura, como é o caso do nosso personagem ROYAL ACADEMY.




Para falar sobre Royal Academy e a importância da família 8 na equação do seu pedigree, peguei como ponto de partida outro elemento da família 8, MENOW, da subfamília 8-g, um Pharamond (Phalaris), multi ganhador clássico, Champion 2-years-old colt, pai dentre outros de Tom Fool, Champion e Hall da Fama e de Capot, ganhador do Preakness e Belmont Stakes. O que chama a atenção com relação a Menow foi o seu desempenho como avô materno, sendo que, pelo menos 4 de suas filhas tiveram grande destaque no haras, sendo elas DYNAMO, FLARING TOP, FIRST ROSE e SPRING RUN.

Menow.



O que todas elas tinham em comum é o fato de que como seu pai Menow, também pertencerem a família 8, ou seja, estavam potencializadas naquela família.

- Dynamo, da subfamília 8-c, produziu:  
  -  A Champion ganhadora de 10 stakes, High Voltage, mãe de Bold Commander, por Bold Ruler (subfamília 8-d);

- Flaring Top, da subfamília 8-f, produziu:        
  -  A Canadian Oaks Flaming Page, mãe de Nijinsky e avó de The Minstrel;

- First Rose, da subfamília 8-c, produziu:
   -  A fenomenal Crimson Saint, mãe de Royal Academy e também de Terlingua, essa  por sua vez mãe do chefe de raça Storm Cat;

- Spring Run, da subfamília 8-c, produziu:
    -  O ganhador clássico Red Gold, este por sua vez pai do Champion Blushing Groom.


Assim, abrindo o pedigree de Royal Academy, perceberemos que se trata de um elemento fortemente estruturado na família 8, tendo como pai Nijinsky (subfamília 8-c) e até a quinta linha do seu pedigree, uma única duplicação, justamente em Menow (subfamília 8-g).

Serve de reflexão a influência da família 8, principalmente de Menow no vitorioso nick Nijinsky x Blushing Groom, e também dessas tribos quando cruzadas com Storm Cat.

Sobre Menow vale destacar ainda que sua mãe Alcebíades, além de champion, foi uma autêntica raçadora, tendo contribuído diretamente pelo surgimento de outros animais de exceção como Sir Ivor e Buckpasser (Tom Fool - Menow). Sir Ivor quando cruzado com éguas Nijinsky, produziu por exemplo, a Air Distigue, ganhadora de grupo 3 na França, e mãe do nosso conhecido Vettori.

Vincent O’Brien além de gênio na arte de treinar, sabia como poucos selecionar um campeão, poderíamos tratar como mera coincidência o fato dele ter treinado e selecionado a maioria de seus campeões advindos da família 8, tais como Sir Ivor (subfamília 8-g), The Minstrel (subfamília 8-f), Nijinsky (subfamília 8-f), Royal Academy (subfamília 8-c), Be My Guest (subfamília 8-c) e Try My Best (subfamília 8-f).


Royal Academy.



Temos no Brasil ativa descendência de Nijinsky, principalmente via Royal Academy, de Blushing Groom através de Nedawi e mais recentemente a introdução de elementos de alto padrão da tribo Storm Cat, via Forestry, Discreet Cat e Shangai Bobby. Material genético em abundância que cruzados entre si receberia como contribuição a herança genética da família 8. Caberia aos criadores brasileiros devida atenção e não deixar essa oportunidade se dissipar, principalmente com relação a TOP HAT, um Royal Academy qualificado e que talvez por ter herdado o gênio de sua raça, encontra-se colocado no ostracismo. Me recordo sempre que Vicent O’Brien teve muito trabalho com o temperamento de Nijinsky, quase perdendo-o, assim essa descendência necessitará sempre na sua lida de mãos muito hábeis.

Adendo: Vettori, que têm uma mãe estruturada na família 8 poderia se tornar um nick com a descendência de Royal Academy. O melhor filho até o presente momento de Out of Control, um Vettori, Céu de Brigadeiro, possui uma mãe Royal Academy.  Molengão, um Royal Academy super qualificado, desapareceu, não sei se foi embora para o Uruguai, cobriu duas éguas Vettori e deu uma potranca muito útil, ganhadora de 6 e com diversas colocações clássicas, a Ilha de Páscoa. Top Hat não cobriu nenhuma égua Vettori...

Marcelo Augusto da Silva


Obs: Link para artigo sobre TOP HAT


Para encerrar esse excelente artigo do Marcelo um pensamento: "Essas nuances na criação do PSI são visíveis apenas para aqueles que querem e sabem onde olhar."