segunda-feira, 26 de outubro de 2020

O Derby de Epsom

 


 

"O puro-sangue existe porque sua seleção não depende de especialistas ou técnicos, mas de um pedaço de madeira - o poste de chegada do Derby de Epsom".                                                                                                                                              FredericoTesio


Em que pese alguns profissionais do turfe, notadamente da América do Sul, já defenderem o Kentucky Derby como a prova de maior seleção para os 3 anos no turfe mundial, dentro de um mínimo de razoabilidade não cabe discussão que no PSI a prova mais seletiva para os produtos dessa idade é o DERBY STAKES. Essa prova junto com os 2400 metros do Prix de L'Arc de Triomphe em Longchamp, são inquestionavelmente os embates que mais exigem força e vigor de um cavalo de corrida. O final dos 700 metros da reta de Epson Downs em aclive de aproximados 20 graus exige um esforço descomunal de seus competidores. Ao compararmos a influência na reprodução dos vencedores dessa prova com os do Kentucky Derby, fica mais do que evidente o abismo quanto a capacidade na produção de classe dos mesmos. 

Mesmo considerando critérios técnicos mínimos para as duas provas não há o que ser compararado. Para uma rápida visualização de nossos leitores listaremos seus respectivos vencedores de 2001 até 2009: 

 

2001 - GALILEO (chef-de-race) e MONARCHOS, 

2002 - HIGH CHAPARRAL (chef-de-race) e WAR EMBLEM, 

2003 - KRIS KIN e FUNNY CIDE (castrado), 

2004 - NORTH LIGH e SMARTY JONES, 

2005 - MOTIVATOR e GIACOMO,

2006 - SIR PERCY e BARBARO (morto antes de ir para reprodução),

2007 - AUTHORIZED e STREET SENSE,

2008 - NEW APPROACH e BIG BROWN,

2009 - SEA THE STARS e MINE THAT BIRD (castrado).

 

Gráfico contribuição Gilberto Junqueira.

 

 

Últimos vencedores do DERBY STAKES:

 

2015 - GOLDEN HORN

 


 

 2016 - HARZAND

 


 

  2017 - WINGS OF EAGLES

 


 

 2018 - MASAR

 


 

2019 - ANTHONY VAN DYCK

 


 

 2020 - SERPENTINE

 


 

 


Seguindo a filosofia criacional japonesa de patriar corredores de primeira categoria, mas portadores de PEDIGREE FORA DE MODA. O derby-winner recém iniciado na reprodução e com fee baixo WINGS OF EAGLES, que por sua vez é filho de POUR MOI, também um derby-winner descartado por igualmente possuir PEDIGREE FORA DE MODA não poderia ser uma excelente opção para o parque de garanhões brasileiros?

 

 




 

 



terça-feira, 20 de outubro de 2020

Prix du Jockey Club

 


 

 

O Prix du Jockey Club originalmente era disputado sobre 2400 metros, aos moldes do Derby de Epsom, teve a sua distancia alterada para 2100 metros em 2005. Essa prova em sua versão antiga era uma disputa "caseira" e claramente defensiva aos produtos franceses, já que não havia como os melhores 3 anos que correram o Derby de Epsom, participassem dela pelo curto espaço de tempo entre os dois embates. Com a mudança de distancia ficou marcadamente clara a seletividade, o Prix du Jockey Club se abria naturalmente aos animais credenciados para a Poule d'Essai des Poulains, assim como aos credenciados dos 2000 Guineas Stakes. Ou seja, aquele animal insular cujo perfil aptitudinal não é considerado apto para disputar os 2400 metros do Derby de Epsom e cujo limite staminico seja a meia distancia.

 


A pista de Chantilly favorece aos animais com longa capacidade de galão, suas curvas abertas oferecem condição para que esse ritmo seja mantido durante todo o percurso. Seus 520 metros finais de reta plana, descontando seus 100 metros iniciais em subida, oferece condição propícia para explosão do arremate final. Erroneamente alguns não consideram o Prix du Jockey Club em sua configuração atual como uma prova de alta seleção, não possuímos essa visão e citamos alguns de seus vencedores e que são garanhões muito respeitados no cenário mundial, SHAMARDAL, LE HAVRE, LOPE DE VEGA, LAWMAN e INTELLO. Com 9 vencedores já garanhões e com filhos em idade de corrida, os 5 citados já se destacam como importantes pais.


Últimos vencedores:

 

 2021 - MISHRIFF

 


 

2020 - SOTTSASS

 


 

2019 - BRAMETOT

 


 

  2017 - ALMANZOR

 



2016 - NEW BAY

 


 


Acreditamos que o Prix du Jockey Club, ao contrário do St James Palace Stakes, ainda seja uma prova onde se possa procurar para garanhão, algum animal bem colocado ou que tenha produzido interessante participação dentro de um preço competitivo, mesmo para um ambiente tributariamente hostil como o brasileiro = 32% (ICMS, PIS, PASEP, COFIS) sobre toda a cadeia. Entenda-se preço do cavalo, frete aéreo mais despacho do país de origem, despachante no Brasil, taxa aduaneira e outros penduricalhos.

O exemplo que deixamos aqui é RECOLETOS, um cavalo que foi terceiro colocado nessa prova em 2017 para BRAMETOT e WALDGEIST (Prix de L'Arc de Triomphe) e encontra-se entre os garanhões medianamente prestigiados na França.

 

 


 





 

O X da questão é a nossa criação repetir o modus operandi japonês, filtrar bons indivíduos que não apresentam "PEDIGREES DE MODA" e que estejam recém iniciando na reprodução, consequentemente cujos filhos não ofereçam ainda maior atrativo aos compradores. 

RECOLETOS seria uma compra acessível para nossa combalida moeda? Provavelmente não, mas ele é apenas um exemplo do que deve ser procurado. Seguramente esse é o melhor caminho para que a criação brasileira possa agregar real qualidade a seu parque de garanhões. 

Pescar um novo AGNES GOLD não é todo dia que se consegue...

 

 





quinta-feira, 15 de outubro de 2020

St James Palace Stakes

 


 

Iniciaremos com o St James Palace Stakes - 1600 metros - a apresentação dos pedigrees dos últimos vencedores das provas que listamos, em nossa postagem anterior, como as mais importantes do turfe mundial. A título de somar informação a nossos leitores e considerando a facilidade comercial em adquirir genética norte-americana, ao fim da apresentação de todas essas provas, listaremos também os pedigrees dos últimos vencedores dos Gr.1 na grama mais relevantes dos EUA.  

Para a distância da milha a nossa escolha como prova fundamental recaiu sobre o St James Palace Stakes,  pois ela é uma corrida "descobridora" de grandes garanhões, podemos destacar entre seus vencedores recentes o chef-de-race GIANT'S CAUSEWAY, SHAMARDAL, ROCK OF GIBRALTAR, KINGMAN, FRANKEL, DAWN APPROACH e MASTERCRAFTSMAN. Essa prova ao contrário dos 2000 Guineas não é disputada em reta, e esse é em nosso julgamento o fator primordial quanto a sua seletividade e posterior enorme sucesso de seus vencedores na reprodução. O seu desenho de pista é muito singular para a Europa e é conhecido como "Old Mile Course", possuindo uma curva de quase 90 graus e uma pequena reta de chegada. O que faz com que seu competidor ao final de ser obrigado a forte galope em longa reta no aclive, com muito suave curva em seu terço final, seja exigido para ficar entre os primeiros para ter chance de vitória. E após enfrentar curva de chegada garroteada, ainda deve possuir força para um curto arremate final, que colocará em teste se possui ou não o pointe de vitesse necessário para o conduzir a vitória.

 

 

2020 - PALACE PIER

 



2019 - CIRCUS MAXIMUS

 


 

2018 - WITHOUT PAROLE

 


 

 2017 - BARNEY ROAD

 


 

 2016 - GALILEO GOLD 

 


 

 

Comentaremos sobre GALILEO GOLD e usaremos o exemplo da criação japonesa. O Japão importou animais não valorizados em seus turfes de origem, principalmente quanto a não carregarem "pedigrees de moda" ou serem antipatizados por razōes não necessariamente técnicas, NORTHERN TASTE por exemplo, era desprezado por sua pelagem e se tornou fundamental ao élevage japonês. Podemos citar também SUNDAY SILENCE, TONY BIN, KINGMAMBO, BRIAN'S TIME e FRENCH DEPUTY como cavalos não vistos com bons olhos no ocidente e importantíssimos para o desenvolvimento e alta qualidade do cavalo japonês moderno.

Consideramos que GALILEO GOLD atende ao mesmo raciocínio japonês quanto a investir, foi um corredor de muita qualidade e encontra-se algo desprestigiado na criação europeia e sem nenhuma geração ainda estreada. Apostar nesse perfil de cavalo é em nosso julgamento uma opção mais correta que importar e apostar em garanhões comprovadamente fracassados em suas origens, esperando que se tornem entre nós bons pais de ganhadores. 

Como já comentamos em nosso blog, esse tipo de importação - bons corredores e fracassados como pais - só é válida dentro de um planejamento de criação e citamos o importado KARABAS pelo dr. Francisco Eduardo de Paula Machado, um garanhão de baixo calibre na Europa mas trazido justamente para gerar matrizes. KARABAS se transformou em um belíssimo avô materno e o melhor pai de segundas e terceiras mães do turfe brasileiro em todos os tempos. De fato, dr. Francisco Eduardo sabia tudo de PSI, foi uma grande honra o nosso aceite ao seu convivio e poder aprender algo do seu notável conhecimento turfistico. Um GRANDE MESTRE.

Copiando o Japão esse não poderia ser um caminho a ser seguido por nossa criação?

 




 


 



continua -