terça-feira, 3 de agosto de 2021

Explicando Linebreeding (Consanguinidade em linha).

 

 


Ribot, o clássico exemplo no PSI de consanguinidade em linha (linebreeding).

 

Após nossa última postagem, uma tradução de excelente artigo do expert canadense Jay Lambach, recebemos de diversos amigos clientes e leitores indagações sobre o que de fato seja linebreeding ou em português, consanguinidade em linha. Tal fato, segundo esses mesmos interlocutores, se deve principalmente na leitura em outros blogs, da referência desse termo para alguns pedigrees. Infelizmente a constatação é que o termo linebreeding por vezes é utilizado de forma errônea.

A "consanguinidade em linha" (linebreeding) consiste no acasalamento de animais de forma tal que seus descendentes se conservem estreitamente aparentados com algum animal considerado extraordináriamente desejável. Consegue-se isto, usando-se para pais indivíduos que sejam ambos parentes próximos do ascendente admirado, sendo, todavia, pouco ou nada aparentados entre si através de outros ascendentes. Se ambos os pais descendem do animal para o qual é dirigido a "consanguinidade em linha", eles são parentes e seu acasalamento é uma forma de endogamia no sentido lato do termo. Se alguém diz que um animal é "consanguíneo em linha" (linebred), deve esclarecer a qual indivíduo ele é "consaguíneo em linha". De fato, nunca asserverá coisa tão incompleta como a de dizer simplesmente que um animal é "consanguíneo em linha".  

Por exemplo, todo conhecedor de genética do PSI sabe que Ribot é "consanguíneo em linha" para St. Simon!

Infelizmente encontramos na produção de alguns haras, criadores nos informando, que segundo os responsáveis pelos cruzamentos praticados, produto X  é "consanguíneo em linha"...  mas sem especificar consanguíneo em linha a quem? Muito provavelmente esse termo é utilizado para enfeitar combinações genéticas que não condizem tecnicamente com a verdade. 

A "consanguinidade em linha"  difere assim de outras formas de endogamia, primeiramente porque se dirige no sentido de manutenção de estreito parentesco com algum ascendente escolhido e, em segundo lugar, porque é uma endogamia menos intensa do que as outras formas que podem ser praticadas. O parentesco com o ascendente admirado, e não a intensidade de endogamia, domina o pensamento do criador ao usar a expressão "consanguinidade em linha".

Os pedigrees abaixo mostram a diferença entre "consanguinidade em linha" e outras formas de endogamia. Os pais de X são primos primeiros duplos, tendo os mesmos quatro avós. Os pais de Y são meio-irmãos. Z é produzido pelo acasalamento de um macho com sua própria neta. W é produzido pelo acasalamento de um macho com sua filha, obtida de uma de suas próprias filhas. A intensidade de consanguinidade é a mesma para, X, Y, e Z. Todavia, X seria dificilmente chamado "consanguíneo em linha". Seu pai e sua mãe são parentes através de quatro ascendentes diferentes que, tanto quanto mostram os pedigrees, podem pertencer a quatro linhagens não emparentadas. Se um criador viesse a chamar a X "consanguíneo em linha", ele teria que dizer que X foi "produzido em linha" a quatro ramos diferentes ao mesmo tempo, o que é de certo modo uma contradição.

 


 

Ele chamaria Y "produzido em linha" a M porque K e L são parentes somente através de M, e o parentesco de Y com M foi conservado quase o mesmo que seus pais tinham com M. Z é ainda mais claramente um caso de consanguinidade em linha porque ele é mais estreitamente aparentado com M do que o é de Y. Embora não seja mais consanguíneo. Muitos criadores chamariam a W consanguíneo em vez de "produzido em linha", porque é muito alta a sua consanguinidade. Outros considerariam "intensamente produzido em linha a M",  pois toda a sua consanguinidade foi concentrada em M e ele tem 87 1/2 % do sangue de M - ou seja, um parentesco de 75% depois de feita  a compensação para a sua consanguinidade.

Para facilitar a compreensão de nossos leitores apresentamos o pedigree de GREAT POINT, ofertado em leilão próximo passado e de criação Fabio Henrique da Silva, haras nos quais todos cruzamentos são considerados dentro de critérios 100% técnicos e que procuram atender pontualmente, com diversificação de pensar, a todas as nuances: inbreeding, linebreeding, outcrossing, nicking, superestruturação familiar (teoria do expert Marcelo Augusto da Silva - Stud Figurón & Varanda) e Tail-Male Linebreeding. 

A expectativa do haras de Fabio Henrique da Silva ao utilizar todas as técnicas conhecidas é pretender errar no máximo de 7 a 8 em 10 acasalamentos, tendo como diretriz a filosofia que Tesio nos deixou de legado.   

GREAT POINT é um "consanguíneo em linha (linebred)" para NORTHERN DANCER em 5x5x5x5x5x6, Essa consanguinidade vem através de Danzig, Be My Guest, Nureyev, Northfields, Lyphard e Nijinsky todos filhos de Northern Dancer e não aparentados entre si por suas linhas maternas.

Talvez, em um primeiro momento, Great Point possa ser confundido com o exemplo X, mas nessa combinação percebe-se a repetição dos elementos G, H, I e J de forma identicamente pareada em sua terceira geração.



Como mais um exemplo colocaremos também até a sétima geração o pedigree de Ribot, a obra prima de Tesio. Nele podemos ver até essa geração o claro exemplo da consanguinidade em linha "profunda" sobre St. Simon em 6x6x6x6x6x7x7x7x7x7.



Esperamos que esse artigo seja um ponto de estudo inicial sobre essa questão a todos os aficionados pelo tema. E assim ao encontrarem na internet comentário sobre se determinado indivíduo é linebreeding, tenham ferramenta para comprovar no exame do pedigree, se a referida afirmação é correta ou fruto de erro técnico de quem a efetuou.

 

Para entendermos a singularidade da criação do PSI reproduzimos abaixo perfeito pensamento do expert Mario Marquez - Agência TBS International: 

"É importante ressaltar que não existe no turfe, uma "receita infalível". Nenhum instrumento teórico pode precisar onde está o craque. É indiscutível, entretanto, que além de propiciarem aos apreciadores uma visão mais técnica de cada pedigree, esses dados podem ajudar a reduzir o fator sorte".

 

Bibliografia: Melhoramento Genético dos Animais Domésticos, Jay L. Lush.