quarta-feira, 15 de setembro de 2021

Prix de L' Arc de Triomphe, uma maldição japonesa


Esse mau sentimento está enraizado entre os japoneses: nenhum cavalo japonês venceu o Prix de L' Arc de Triomphe desde a sua criação. No entanto, muitos candidatos da "Terra do Sol Nascente" chegaram muito perto de serem coroados na mais importante prova do turfe mundial, e tiveram direito a todo o tipo de percalço possível. 

 

Deep Impact, o principal ator japonês de todas edições do Prix de L' Arc de Triomphe.
 


Uma retrospectiva de tentativas japonesas no L' Arc: 

 

1999 - EL CONDOR PASA, considerado o segundo melhor corredor japonês de todos os tempos.

 


Os japoneses costumam chegar na França em setembro para correr o Prix de L'Arc de Triomphe, mas a comitiva de El Condor Pasa decidiu viajar em maio para que ele pudesse se aclimatar as condições de corrida francesas e ir para o Arco na plenitude de sua forma. Após sua estréia, quando obteve uma segunda colocação no Prix d' Ispahan, o filho de Kingmambo venceu de forma brilhante o Grand Prix de Saint-Cloud e posteriormente foi apresentado no Prix Foy, onde impôs vitória esmagadora sobre seus adversários.

O grande dia chegou. El Condor Pasa é um dos favoritos da edição de 1999. Montado por Masayoshi Ebina, o púpilo de Yoshitaka Ninomiya assume de forma imediata a ponta. A 400 metros da chegada, El Condor Pasa aumenta a distância de seus rivais. Então, subitamente, Montjeu aparece  de forma avassaladora. O craque francês avançou sobre a estrela japonesa e tirou-lhe a liderança nos metros finais após luta titânica em um páreo a parte entre os dois. El Condor Pasa foi derrotado, mas honrou a vitória de Montjeu. El Condor Pasa, grande ídolo no Japão, foi o pioneiro na história moderna do turfe japonês com sua apresentação nessa edição do Prix de L' Arc de Triomphe e teve papel fundamental na obsessão do país por essa prova.
 


 


 

2006 - DEEP IMPACT, considerado o melhor corredor japonês de todos os tempos.

 


 

Os japoneses foram representados em 2006 por Deep Impact, um cavalo excepcional, vencedor de dez das suas onze primeiras corridas. É ele que detém a esperança do primeiro Arco para o turfe japonês, e ninguém o vê derrotado, ele sai com chances de 11/10.

Precipitadamente Deep Impact foi lançado na partida por seu jóquei Yutaka Take e passou a participar ativamente da corrida no primeiro pelotão. Um pouco cedo demais  para o gosto de Deep Impact. Assumindo a liderança no início da reta de chegada, ele não conseguiu sustentar o forte ritmo até o final, quando sofreu duplo ataque de Rail Link e Pride. Uma grande decepção nacional, apenas a terceira posição e a criação japonesa continuava sem conseguir a vitória na "Copa do Mundo" do PSI. Mas o pior ainda estava por acontecer, duas semanas após a prova Deep Impact foi desclassificado de sua terceira colocação por testar positivo para ipratrópio, um medicamento autorizado no Japão mas que havia sido proibido na Europa naquele ano. Embora Deep Impact tenha sofrido uma agonizante derrota nessa edição do Arco, notoriamente credenciada a equivocada tática adotada por seu jóquei, ele foi o cavalo mais bem titulado no Racing Post Ratings de 2006 e uma carreira maravilhosa como reprodutor se seguiu antes de sua prematura e lastimável morte em 2019.

 


 

 


  

2010 - NAKAYAMA FESTA.

 


 

O Prix de L' Arc de Triomphe 2010 foi uma das edições mais abertas da história, nenhum cavalo se destacou nas apostas. Vencedor do Takarazuka Kinen em Hanshin e segundo colocado no Prix Foy, Nakayama Festa se apresenta como um forasteiro sem pressão, suas chances são consideradas mínimas 24/1. Correndo no pelotão intermediário, o filho de Stay Gold acelera na entrada da reta de chegada para disputar a vitória contra Workforce. Depois de uma luta indecisa, Nakayama Festa esbarra na tenacidadae do representante inglês e acaba perdendo por pescoço ao passar o disco de chegada. Onze anos depois de El Condor Pasa, seu jóquei Masayoshi Ebina mais uma vez termina em segundo lugar no Prix de L'Arc de Triomphe.

 


 

 


 

2012 e 2013 - ORFEVRE, considerado o quarto melhor corredor japonês de todos os tempos. 

 


 

Seis anos após Deep Impact, Orfevre é a maior chance japonesa no Arco do Triunfo, com 5 vitórias de grupo 1 no Japão, a sua comitiva para colocar todas as  chances ao seu lado convida o extraordinário jóquei belga Christophe Soumillon para sua montaria. Facilmente Orfevre vence o Prix Foy, em uma atuação que o credenciou como franco favorito da edição de 2012. Preservado na retaguarda durante o percurso, Orfevre apresentou sua imensa classe no meio da reta de chegada, quando em pouquíssimo tempo passa das últimas posições para a liderança da corrida. Por alguns segundos ficou evidente que o Japão conquistaria o seu primeiro Arco, o que aconteceu a seguir está além da realidade. Orfevre, um cavalo talentoso mas extremamente temperamental, se inclina fortemente para a direita e corta a raia com luz sobre seus adversários, retardado por essa ação ele perde sua passada final e entrega a vitória por pescoço para Solemia.

 


 

Sua comitiva tentou novamente em 2013. Orfevre mais uma vez passa facilmente pelo Prix Foy, em uma apresentação irretocável se credencia novamente como favorito para o Prix de L' Arc de Triomphe, a imprensa francesa chega a anunciar "Primeiro Arco Japonês à Vista". Esperando na segunda parte do pelotão, seu jóquei Christophe Soumillon dá a partida na entrada da reta de chegada, Orfevre responde bem mas não consegue alcançar um foguete chamado Trêve. Ele tem que novamente se contentar com a segunda colocação. 

 


 

 

 



 

Agora em 2021 os japoneses podem aspirar a sua primeira vitória na 100ª edição do Prix de l' Arc de Triomphe através de Deep Bond. O púpilo de Ryuji Okubo acaba de vencer facilmente, de bandeira à bandeira, o Prix Foy, assim como El Condor Pasa e Orfevre. O outro representante japonês a ser apresentado é Chrono Genesis, essa égua de 5 anos, treinada por Takashi Saito, possui nada menos que 4 vitórias em grupo 1 no Japão, o que a credencia como franco atiradora na prova.

A vitória de Deep Bond no Prix Foy 2021.

 








Equidia