quinta-feira, 23 de julho de 2020

Existe rumo na criação brasileira?






Diante do baixíssimo preço dos nossos yearlings, em comparação ao mercado internacional, o radar de um grupo norte-americano, que atua no Brasil representando interesse de investidores, apontou para esse mercado. O objetivo seria a compra desses animais e os levar inéditos para os EUA.

Nos foi solicitado um trabalho de catalogação - pedigree e campanha - de TODOS os garanhões em serviço no Brasil. A documentação foi encaminhada e essa  administradora de fundos a apresentou para avaliação de técnicos norte-americanos. A resposta foi uma negativa para a criação brasileira, pois o nível dos garanhões em atividade no país foi considerado de baixo padrão. 

Houve interesse por apenas 4 indivíduos, sendo que 1 deles é de origem fora da América do Sul, e nos reservamos a não citar seu nome. Os outros 3 garanhões que suscitaram maior atenção foram: o argentino CATCH A FLIGHT, CARROCEL ENCANTADO e QUE FENOMENO. A nossa resposta foi que lamentavelmente esses 3  garanhões não são prestigiados por nossos criadores e que os mesmos não possuem amostragem suficiente de yearlings para um trabalho de pré-seleção. Resultando no não avançar das tratativas.

Essa resposta norte-americana deveria ser um sinal de alerta para que a nossa criação siga o exemplo australiano, que foi o de explorar os produtos nacionais oriundos de shuttles, e daí reexportar essa  genética através  de seus filhos e/ou netos em alto grau de qualidade, como por exemplo FASTNET ROCK, EXCEED AND EXCEL, etc.

Notemos que 2 dos 3 garanhões escolhidos são filhos de ELUSIVE QUALITY e GIANT'S CAUSEWAY, garanhões altamente considerados no mercado internacional e que são pais de pais como QUALITY ROAD e SHAMARDAL. E o terceiro, QUE FENOMENO , é filho de NORTHERN AFLEET, um garanhão que mesmo sem atingir a qualidade de produção dos outros dois shuttles, pertence a linha ativa com bastante sucesso no turfe norte-americano. Elusive Quality, Giant's Causeway e Northern Afleet são garanhões que serviram por nossas plagas em regime de shuttle.

Acreditamos que o objetivo primordial da criação brasileira deveria ser o direcionamento da venda de yearlings para o mercado norte-americano. O turfe dos EUA é o mercado mais dinâmico para o PSI e diante da quantidade de hipódromos, necessita de constante renovação quantitativa no elenco de atletas.

Evidentemente o surgimento de uma agulha no palheiro atrairá investimento externo e atenderá a um específico proprietário que conseguiu o bilhete premiado, é de nossa compreensão que um tiro perdido no universo da criação não cumpra ao interesse de todo o corpo de criadores brasileiros.

Portanto, urge em nossa criação uma reforma na escolha dos garanhões importados e uma reflexão quanto a oferecer oportunidades na reprodução aos craques nacionais. Acreditamos que quanto a importação futura de garanhões, o ideal seria a formação de um forte grupo de criadores para importar quer definitivamente ou em shuttle a algum filho de bom padrão de FRANKEL, KINGMAN, DUBAWI ou SHAMARDAL, genéticas de sucesso na Europa e praticamente inexistentes nos EUA, certamente esses sangues seriam um atrativo a mais para esse tipo mediano de investidores. Vez por outra ouvimos questões quanto a barreiras sanitárias dificultarem importações em shuttle da Europa, mas que podem perfeitamente serem contornadas com quarentena nos EUA. 

Por fim, é tudo uma questão de escolhas e o que a criação brasileira pretende quanto ao seu futuro.




 O Pensador, Rodin.