segunda-feira, 15 de novembro de 2021

PLANETÁRIO, com maiúsculas!

 


Planetário I Foto: Porfírio Menezes.

 

Em nosso último artigo escrevemos sobre as origens das éguas que através de sua descendência dominaram algumas das provas mais importantes do turfe brasileiro. E nesse último sábado quando da disputa dos 2400 metros do Derby Paulista, a mais importante prova para 3 anos em Cidade Jardim, fica muito evidente de onde vem a maior parte da alta classe existente em nossa criação.

Planetário (BRZ) - Aerosfera (BRZ)High Hopes (ARG) - High Street (ARG) - High Flyer (FR).

Quanto ao aspecto linha materna a lição mais importante aprendida com o dr. Roberto Seabra (Haras Guanabara), é que quando se procura essa classe superior, a fonte onde devemos buscar é na Argentina. Foi assim nos 50 com o Guanabara entregando ao turfe brasileiro Escorial, Dulce, Emerson, Lohengrin, Bucarest, etc. Mesmo transcorridos 60 anos a posição de Roberto Seabra se mantém mais atual do que nunca.

Planetário é o feijão com arroz bem feito, bem temperado... Aquele pedigree nacionalizado fora da tão alardeada e imperiosa necessidade de modernidade. Que evidentemente não deve e nem pode ser ignorada, mas separar o joio do trigo é fundamental para que sejam incorporados a criação nacional somente indivíduos positivos.

Planetário é mais um exemplo de que um pedigree outsider construído sobre bases sólidas pode oferecer um craque.

Il Doge, seu pai, foi um cavalo de muito boa categoria, líder inconteste 2 anos no turfe brasileiro, somente quem não presenciou as suas apresentações pode-se permitir a algum tipo de dúvida quanto a sua qualidade. 

Em 2018 escrevemos sobre Il Doge: https://purosanguedecorrida.blogspot.com/2018/11/il-doge.html

Aerosfera é filha de CRIMSON TIDE, um dos mais importantes  garanhões importados para o Brasil nas últimas décadas, obteve 6.1% de vencedores em provas principais, inclusive um tríplice coroado - Plenty Of Kicks e 15.9% colocados nessas mesmas provas. Com raríssimas filhas na reprodução conseguiu em nossas duas últimas estatísticas de avô materno ser 4° em 2022/21 e 4° em 2021/20. Crimson Tide também é avô materno de Olympic Jhonsnow (1° GP Pres. da República - RJ, Gr.1; 1° GP Pres. da República - SP, Gr.2 e 2 vezes vencedor do GP Gervásio Seabra, Gr.2).

Infelizmente a produção de Crimson Tide paga o preço da esquizofrenia de nossa criação, que se reflete no abandono da descendência de determinados importados que no Brasil funcionaram. Lembrando muito um cachorro que corre em círculos atrás de seu próprio rabo e não consegue chegar a lugar algum.

Diante do pedigree de Planetário os antigos com toda certeza se encantarão em ver que nele perdura o sangue da craquaça DONÉTICA e de seu filho, o craque KENÉTICO. Il Doge também nos brinda com a nobre presença do fantasma negro chileno, o também craque FIGURÓN. 

Cabe destacar que nesse Derby Paulista, os garanhões nacionais também marcaram uma terceira colocação com King Four - Siphon (BRZ) em Bela Val (BRZ) - Andoia (BRZ) - Angra dos Reis (BRZ) - Lark Luciana (BRZ) - Daintiness (BRZ) - Aledana (ARG)

Em segundo lugar ficou Maximum Drive, um HAT TRICK na norte-americana Clerico por ELUSIVE QUALITY em Alvear, essa avó materna do também inexplicavelmente abandonado SILENT TIMES (pai de dois derby-winners brasileiros). 

Hat Trick e Elusive Quality foram duas importações que podem ser consideradas como das mais importantes para a evolução do turfe brasileiro moderno.

Ou seja, estamos diante de um Derby Paulista cujo resultado merece muita reflexão.

Aproveitamos para parabenizar o Stud Red Rafa e a todas conexões envolvidas no sucesso de PLANETÁRIO, um cavalo que dignifica a criação brasileira.