segunda-feira, 10 de novembro de 2025

As Reines-de-Course

 

Mumtaz Mahal


O conceito de reines-de-course foi criado em 1985 por Ellen Parker, inspirado em éguas que tiveram grande sucesso nas pistas de corrida e que, subsequentemente, se tornaram reprodutoras excepcionais, produzindo descendentes de alto nível. Sendo que a maioria das reines-de-course se elevaram a categoria de matriarcas, pois suas filhas sustentaram na classe sua linha ventral.  

Essas éguas, como dito acima, são responsáveis por fundar veios maternos que influenciaram de forma consistente o melhoramento do PSI e que, quando se apresentam consanguíneas tendem a fortalecer um pedigree. Mas, não deve-se relacionar consanguinidade sobre as reines-de-course com a teoria Rasmussen Factor (endogamia com fêmeas dentro de cinco gerações) que é uma ideia extremamente abrangente e já comentada em artigo anterior. Em termos práticos não importa o entendimento de Rasmussen para o que seja uma égua "superior", na determinação da eficiência (ou falta dela) do Rasmussen Factor, de fato, endogamia sobre fêmeas só funciona estatisticamente quando elas são reines-de-course

Em estudo compreendendo período de 2003-2007 nos EUA foram encontrados 172 vencedores de stakes com endogamia materna nas cinco primeiras gerações, 144 (83.72%) eram consanguíneos sobre reines-de-course e 28 (16,28%) consanguíneos sobre éguas comuns. 

No sistema de Dosagens de Varola e posteriormente ampliado por Roman, essas éguas de elite, apesar de não formarem parte de sua imagem gráfica, são consideradas fontes cruciais na transmissão de velocidade e resistência para as gerações seguintes e fazem parte do raciocínio de forma off-label. Esse entendimento me foi passado pessoalmente pelo Dr. Varola em 1974 quando estava elaborando sua teoria da Tipologia Funcional que resultou no sistema de Dosagens.

Dr. Franco Varola, que morou no Rio de Janeiro, era um assíduo frequentador das reuniões que ocorriam na residência do Dr. Reynato Sodré Borges, quando este residia no Ed. José Mariano, Copacabana, em monumental apartamento de Mariano Raggio e prestava consultoria ao Haras Sideral.

Os pensamentos de Vuillier, Varola e Parker utilizados para determinar chefs-de-race e reines-de-course são conceitos pragmáticos e consequentemente dentro dessa lógica não se encerraram com os seus falecimentos. Tanto que Roman ampliou Varola e publicou o excelente "Dosage Pedigree & Performance". Qualquer e todo estudioso do PSI pode ampliar para sua utilização ou publicar em qualquer veículo as suas listagens de chefs-de-race e reines-de-course... Alguma dúvida que Tapit seja um chef-de-race brilliant/intermediate? 

Convivi por anos com o Dr. Varola e nunca ouvi de sua voz que ele havia delegado o "direito" de exclusividade para quem quer que seja sobre o seu pensamento em relação a nomear chefs-de-race e perpetuar "oficialmente" sua teoria.



A questão das reines-de-course está diretamente relacionada a herança mitocondrial. Uma compreensão adequada da função do DNA mitocondrial é como a "casa de força" de cada célula, o motor que realmente produz a energia para todas as formas de vida orgânica e essas potências genéticas só são transmitidas pelas fêmeas de quaisquer espécie. 

As reines-de-course desempenham um papel marcadamente mais profundo na produção de campeões e na perpetuação de uma família vencedora  durante gerações.

A última listagem de reines-de-course atualizada por Ellen Parker possui mais de 580 nomes, e não cabe nesse artigo publicar essa extensa listagem já que ela é de fácil acesso a qualquer estudioso do assunto. Em lista própria ampliamos em mais 379 nomes essa listagem original, evidentemente utilizando os critérios de Ellen Parker.



"No final das contas, um bom cavalo é, simplesmente, um garanhão cruzado com uma égua positiva de boa família. Tentar complicar é uma perda de tempo." Ellen Parker




segunda-feira, 3 de novembro de 2025

"Rasmussen Factor" em números.

 



Dentre as inúmeras teorias que circulam no universo da criação do PSI quanto a critérios que objetivam sucesso em um cruzamento, apenas uma foi extensivamente posta à prova na prática. E essa teoria é a metodolgia Vuillier, responsável até o momento em que esse artigo é escrito por 175 provas de Grupo 1 vencidas pela criação Aga Khan, número jamais atingido por outra criação na história do PSI. Sendo que na última década foi responsável por 31 conquistas G1, com 18 distintos atletas.

Em relação a teoria de Dosagens de Varola e atualizada por Roman, ela analisa a prepotência genética de um garanhão elevado a chef-de-race na transmissão de determinada ou determinadas características funcionais que se perpetuam de forma dominante ao largo das gerações de sua descendência e não possui nenhuma relação com a expectativa na obtenção de sucesso. Evidentemente ela pode ser utilizada em uma simulação de cruzamento, para obtenção de uma visão macro da combinação estudada.

Dito isto, apresentamos artigo sobre o Rasmussen Factor:

O "Fator Rasmussen" (ou RF) é um termo usado para descrever a consanguinidade com famílias femininas superiores através de diferentes indivíduos. Conforme definido pelos idealizadores e desenvolvedores da ideia, o falecido colunista de "Bloodlines" do Daily Racing Form, Leon Rasmussen e seu colega Rommy Faversham, a consanguinidade deve ocorrer através do pai e da mãe (ou seja, em ambos os lados do pedigree) e a duplicação da fêmea consanguínea deve estar dentro de cinco gerações.

Assim, a consanguinidade com irmãos completos ou meio-irmãos dentro de quatro gerações se qualificaria, enquanto a consanguinidade como mesmo filho não. Rasmussen e Faversham afirmam uma vantagem da consanguinidade RF com base em um estudo de participantes nas reuniões de 1996 no encontro Oak Tree em Del Mar. Eles encontraram que 4.0% dos participantes exibiam o RF em seu pedigree, enquanto 6.0% dos vencedores de stakes graduados na década de 1990 apresentavam o mesmo padrão. A conclusão de ambos foi que a consanguinidade RF ocorria mais frequentemente entre os corredores da classe principal do que na população geral. Isso equivaleria a um valor de impacto (IV) de 1.50. Em 2001, o especialista em genealogia Roger Lyons questionou a importância do estudo Rasmussen/Faversham, observando que a consanguinidade não é distribuída de maneira uniforme na população do PSI, sendo que os vencedores de stakes de nível superior possuem mais consanguinidade de quinta geração e além, de todos os tipos, do que os corredores menos talentosos.

Segundo Lyons, isso resulta do fato de que "ancestralidades que se misturam nas margens da raça têm menos em comum entre si do que ancestralidades que são acompanhadas pelo fluxo principal". Em outras palavras, corredores de classe superior descendem de um espectro mais restrito de material genético do que a população em geral. Suas evidências vêm de dados sobre as frequências de RF nas vendas de potros de um ano em 1998 e 1999. Lyons descobriu que a porcentagem de potros de um ano RF nas vendas de julho em Keeneland, agosto em OBS e setembro em Keeneland excedia a porcentagem de potros de um ano RF nas vendas de julho em FTK, agosto no Texas, agosto na Louisiana, agosto em Washington e agosto em CTS. Ele observou que a criação de potros de um ano nas três primeiras vendas, de maior qualidade, era mais típica de vencedores de stakes graduados do que a criação dos potros nas outras vendas, especialmente na venda da Califórnia. Não deveria ter sido surpreendente então que Rasmussen e Faversham tenham encontrado o resultado que encontraram. Infelizmente, eles estavam comparando populações dissimilares, o que torna o IV observado por eles pouco confiável. Ao mesmo tempo, Lyons também foi rápido em apontar que o desempenho superior dos vencedores de corridas por categorias não está necessariamente relacionado ao aumento de  consanguinidade. 

Como RF parece ser de interesse geral para a comunidade do PSI em geral e para os criadores em particular, e porque pesquisas significativas sobre o RF são relativamente limitadas, empreendemos um estudo próprio que examina a importância do RF no pedigree dos garanhões, tanto em sua carreira de corridas quanto, em menor grau, em sua carreira reprodutiva. A população em questão consistiu em todos os garanhões encontrados no Registro de Garanhões anunciados no The Blood Horse Stallion Register de 2003. Embora não seja uma população verdadeiramente aleatória, é certo que a inclusão deles é independente de qualquer associação com a RF. Ao todo, há 817 garanhões incluídos na análise. Destes, 49 apresentam o padrão RF, enquanto 768 não apresentam. Além disso, não compararemos populações separadas e distintas como fizeram Rasmussen e Faversham. Em vez disso, mediremos a distribuição dos efeitos dentro da única população de garanhões anunciados. Dessa forma, esperamos evitar quaisquer problemas potenciais decorrentes do uso inadequado de grupos de controle. Para este exercício, a classe de corrida foi dividida em sete categorias, designando o mais alto nível de sucesso nas corridas:

1 - Vencedor de Grupo 1

2 - Vencedor de Grupo 2

3 - Vencedor de Grupo 3

4 - Vencedor de provas não graduadas

5 - Vencedor de corridas de permissão (allowance)

6 - Vencedor iniciante (maidem)

7 - Não vencedor

Um grupo separado compreendia garanhões que não participaram de corridas.

A Tabela 1 resume os resultados desses garanhões que competiram e inclui informações sobre largadas, ganhos e habilidade em corridas.


As únicas diferenças aparentes estão nos ganhos médios e nos ganhos médios por corrida, onde parece que os garanhões RF têm uma vantagem distinta. No entanto, os valores medianos respectivos são virtualmente idênticos. Se removermos os dois maiores ganhadores de cada grupo, as médias mudam drasticamente para $ 620.554 para os garanhões RF e $ 666.117 para os garanhões não-RF. Claramente, as médias são distorcidas por ganhos incomuns na faixa mais alta. Os dois principais da categoria RF são Fantastic Light e Singspiel, enquanto os da categoria não-RF são Skip Away e Silver Charm. A distorção nos ganhos médios em comparação aos ganhos medianos pode ser atribuída às estruturas de prêmios inflacionadas de várias corridas importantes nos EUA, Japão, Dubai e Hong Kong. No geral, entretanto, os dados indicam que não há diferença na capacidade de corrida entre os garanhões RF e não-RF.

Um exame mais detalhado de RF e da classe de corrida é apresentado na Tabela 2.



A variação em cavalos RF por classe de corrida é mínima, embora a média de 6.3% para vencedores de stakes graduados seja ligeiramente maior do que a média de 5.3% para vencedores de stakes não graduados. No entanto, um teste qui-quadrado envolvendo as duas populações (RF e não-RF) fornece um valor de P de 0.58, indicando que os grupos não são diferentes em um sentido estatisticamente significativo. Além disso,o aumento na % RF de vencedores G1 para G2 para G3 é o oposto do que se espera de um efeito RF que favoreça a performance. 

A última análise de RF e desempenho em corridas para garanhões envolve a distribuição da classe de corrida dentro de cada grupo, como mostrado na Tabela 3.

Mais uma vez, as distribuições são essencialmente indistinguíveis e sugerem ainda que não há efeito sobre o desempenho em corridas decorrente da presença ou ausência de RF. Por fim, examinaremos brevemente a relação entre RF e o desempenho reprodutivo dos garanhões. Nesse caso, isolamos aqueles garanhões de cada subpopulação que possuem um índice de Proficiência (IP) de 2.00 ou mais até 2001. O IP é uma medida do desempenho do garanhão, incluindo um componente de ganhos e de produção em corridas de stakes. Menos de 200 reprodutores norte-americanos normalmente se qualificam com um IP de pelo menos 2.00. 

A Tabela 4 resume os resultados.

Entre os 49 garanhões RF, apenas um (2.0%), Quiet American, possui um IP de 2.0 ou mais. Isso contrasta com 8.7% dos garanhões não-RF. Embora possa parecer que a RF na genealogia de um reprodutor seja prejudicial ao desempenho reprodutivo, observamos mais uma vez, através do teste qui-quadrado, que a diferença não é estatisticamente significativa (valor de P 0.12, que é maior do que o valor P de 0.05 necessário para significância estatística). 

Conclusão: Este estudo confirma que o desempenho em corridas dos garanhões não está relacionado à presença de um RF em sua genealogia. O desempenho em reprodução parece igualmente não ser afetado. Em geral, os resultados corroboram os argumentos apresentados anteriormente por Roger Lyons e, mais importante, levantam sérias questões sobre a real validade do conceito de RF.





"Não tenho bases científicas para o nosso sistema e nenhuma explicação genética sobre os nossos cavalos e seus resultados. Mas ele funciona, pois produz consistentes resultados ao longo dos anos." Germaine Vuillier





segunda-feira, 27 de outubro de 2025

Phalaris e o turfe moderno

 

Phalaris


Vive-se um momento em que as linhagens masculinas no PSI diminuíram apesar de terem circulado livremente entre os diversos países pertencentes ao mundo do turfe. Vários aspectos contribuíram para essa redução, os mais importantes foram o encurtamento das distâncias, a exigência de precocidade e a preferência dos treinadores por animais provenientes de linhagens paternas mais equilibradas em temperamento, que são de mais fácil lida e treinamento. Esses três aspectos separados ou em conjunto sepultaram a descendência masculina de Blandford, Tourbillon, Hyperion, Ribot e muitos outros garanhões que foram fundamentais na gravitação da raça.

Dentro dessa dinâmica, algumas linhagens paternas se fortaleceram, enquanto outras se extinguiram. Algumas que perdem o vigor em um turfe podem prosperar em outro, o exemplo típico é a linhagem de Hail To Reason através de Sunday Silence no Japão. Outras serão simplesmente eclipsadas por uma linha mais dominante, como foi o caso de Northern Dancer no cenário mundial e de Mr Prospector no  turfe norte-americano.

O perfil comprador no turfe de hoje criou um "mercado alvo", ele quer atletas de dois anos de idade com velocidade e que continuem vencendo até a milha aos três anos. O nome que iniciou essa mudança foi Phalaris e seus descendentes, pois entregaram a velocidade e precocidade necessária para retirar muitas linhagens masculinas do mercado. O sucesso da linha de reprodutores Phalaris e sua subsequente concentração foi o principal catalisador para essa situação.

Evidentemente essas outras linhagens masculinas estão representadas nos pedigrees, mas não pelo veio paterno. Como a descendência de Phalaris e de seus filhos trouxeram um rápido retorno financeiro aos investidores o mercado fluiu nessa direção.

Phalaris foi um modesto cavalo de corrida em distância de resistência. Aos quatro anos de idade, seu treinador George Lambton o direcionou às corridas de velocidade, onde venceu sete das nove partidas e Phalaris acabou sendo coroado como o velocista campeão da Inglaterra. Aos cinco anos de idade, ele se tornou conhecido por sua capacidade de carregar mais peso do que seus concorrentes, fazendo isso com velocidade brilhante. Phalaris se tornou um dos principais reprodutores de dois anos, vencendo essas estatísticas em 1925,1926 e 1927. Ele foi o garanhão líder geral na Inglaterra em 1925 e 1928.

No passado, os cavalos eram criados principalmente para competir defendendo os interesses de seus criadores e esses trabalhavam seus plantéis dentro de critérios próprios, objetivando de forma preferencial a distância clássica. O mercado público de vendas tinha que dispor daqueles indivíduos que eram descartados por esses criadores, mas a entrada no mercado de Phalaris e a distribuição de seus filhos pulverizaram essa situação, tornando o acesso a essa linhagem mais democrático.

Algo desse fenômeno ainda existe na Europa, onde alguns grandes potentados detêm o acesso aos garanhões mais poderosos, por serem de suas propriedades, e correm seus produtos com suas fardas. A maioria dos animais oferecidos nos leilões europeus pertencem a outro tipo de criador, aquele que por questões do inviável preço pelos serviços desses garanhões, utiliza majoritariamente iniciantes (Hello Youmzain, Starman, Sergei Prokofiev, Blue Point, Ardad, Soldier's Call, Too Darn Hot, etc) e outros destacados garanhões mais acessíveis (Dark Angel, Kodiac, Mehmas, Havana Grey, etc). Um exemplo claro do difícil acesso do criador comum a determinados nomes está em Woottom Bassett, que evoluiu de €40,000 (Haras d'Etreham) em 2019 para £185,000 (Corporação Coolmore) em 2025.  Nos EUA o acesso ao mercado é mais democrático, desde que o comprador esteja disposto a pagar o preço pela qualidade oferecida nos leilões.



Sergei Prokofiev




Hoje o mercado é dominado pelos criadores comerciais que são guiados pela moda e os garanhões precisam se adequar aos parâmetros comerciais vigentes, atualmente o sucesso inicial e a velocidade são tudo. Consequentemente, as linhagens com mais stamina e classe não são chamativas por não serem brilhantes e, infelizmente, não estão na moda. Portanto, a demanda é baixa e, essas linhagens paternas vão desaparecendo.

É claro que o assunto das linhagens não é tão simples quanto favorecer uma linhagem paterna em detrimento de outra. Cada garanhão representa uma mistura de influências e, como tal, existem oportunidades a serem aproveitadas. Há um argumento que a saúde do PSI não vai se beneficiar da situação atual, a falta de variedade genética de décadas atrás já cobra seu preço no relacionado a durabilidade da raça. E esse é um importante aspecto que deve ser considerado.




terça-feira, 21 de outubro de 2025

Courtier, um esquecido

 


   


Courtier apesar de ser um garanhão de muito sucesso, surpreedentemente não possui seus yearlings devidamente valorizados pelo mercado. Com 7 gerações em idade de corrida entregou: 149 vencedores (55,39%), 232 colocados (86,25%), 19 vencedores Black-type (7,07%) - sendo 10 vitoriosos em provas de Grupo e 47 colocados em provas Black-type (17,83%).                    

Ele é um garanhão dominante que imprime seu tipo físico "rústico", muito semelhante ao de seu bisavô paterno, o chef-de-race brilliant/intermediate Unbridled.


Unbridled


O pedigree de Courtier é moderno e extremamente adequado ao mercado, ele possui em sua linhagem muitos chefs-de-race e descende em linha direta de Almahmoud, da qual igualmente descendem Northern Dancer, Halo, Danehill e outros reprodutores consagrados. Sua facilidade de gerar nos pedigrees inbreedings sobre chefs-de-race deixa claro que para Courtier esse é um grande potencializador genético e o sucesso na classe de seus filhos consanguineos assim o atestam.

Courtier sempre foi dito em alta conta por William 'Bill' Mott, seu treinador. Abaixo a vitória de Courtier no Centaur Stakes (L, 1600m, grama)



- 2ª colocação no Kitten's Joy Stakes (L, 1600m, grama)



- 3ª colocação no National Museum of Racing Hall of Fame Stakes (G2, 1700m, grama).




Seu pai Pioneerof The Nile venceu o Santa Anita Derby e foi segundo colocado no Kentucky Derby, sendo que para muitos não venceu essa prova devido a desastrosa direção de Garret Gomez. Empire Maker, seu avô paterno, também foi segundo colocado no Kentucky Derby, venceu o Belmont Stakes, o Wood Memorial Stakes e o Florida Derby.

Soothing Touch, a mãe de Courtier, é fruto do cruzamento de dois ganhadores do Belmont Stakes, Touch Gold e A.P. Indy. O pedigree de Courtier é repleto de cavalos possuidores de stamina, característica que a sua campanha não demonstrou. Mas, ele possui nos G1 Obataye (Crimson Tide) e Atomic Heights (Know Heights) exemplos de que servindo éguas adequadas ele oferece distância clássica. Não podemos deixar de citar o G2 Gesto Nobre, que mesmo sendo neto do brilhante Impression também chegou com sucesso aos 2400 metros. Courtier entrega em sua produção precocidade, velocidade e versatilidade.
  
Sua quarta mãe Coup de Folie, reine-de-course mare, é considerada uma das 20 mais influentes reprodutoras na história do PSI, pelo amplo impacto de sua descendência em vários continentes. Ela foi uma juvenil de muito talento na França. Produziu 3 vencedores G1, Machiavellian, Exit To Nowhere e Coup de Genie - terceira mãe de Courtier. Sendo que Coup de Genie foi 1993 Champion 2-year-old filly na França. 

Certamente o sucesso de Courtier e de seu irmão materno Hofburg na reprodução, ambos com médias para boas campanhas, sendo que Hofburg foi melhor corredor, deve-se a essa magnífica linha ventral, que é responsável por produzir ótimos garanhões. 







segunda-feira, 13 de outubro de 2025

Depressão por endogamia e durabilidade no Puro-Sangue

 



Prestamos aqui nossa homenagem à Woottom Bassett, é de se lamentar que o destino levou precocemente esse grande melhorador da raça. Foto, maio de 2025, em Coolmore Stud, Fethard, Tipperary, Irlanda.


No caso específico do universo europeu do PSI, fica evidente que ele está cada vez mais competitivo, e é exigido dos grandes potentados do turfe, notadamente Aga Khan, Coolmore, Godolphin, Juddmonte e Wertheimer, que mais ferramentas sejam estudadas e utilizadas para que se mantenham como players positivos na esfera da produção de alta classe. 

Estudar a genética da raça quanto a convergência de consanguinidades e consequente filtragem das linhas que mais combinam entre si, é um dos pilares básicos na indústria do turfe. 

O excelente trabalho transcrito abaixo, faz parte desses estudos que devem ser considerados. Principalmente em um ambiente como a criação brasileira, que possui massiva influência da genética norte-americana.

Boa leitura...


Depressão por endogamia e durabilidade no Puro-Sangue da América do Norte

Resumo:

A proporção do genoma contendo sequências de homozigosidade contínua (ROH) afeta as características de produção em populações de animais. Em Puro-Sangues europeus e da Australásia, a consanguinidade, quantificada usando ROH (FROH), está associada à probabilidade de participar de corridas. Aqui, medimos o FROH usando 333 K SNPS de 768 cavalos PSI nascidos na América do Norte para avaliar o efeito da consanguinidade nas características de corrida nessa região. Entre os cavalos norte-americanos,o FROH não se associou (p = 0,518) com a probabilidade de correr, mas se associou significativamente com o número de participações em corrida (p = 0,002). Entre os cavalos que correram, aqueles com FROH 10% acima da média do coeficiente de consanguinidade foram previstos para ter 3,5 corridas a menos em comparação com cavalos com coeficiente  médio de consanguinidade. Considerando a tendência de aumento da consanguinidade e a diminuição do número médio de participações em corrida por cavalo na América do Norte, mitigar a consanguinidade na população Puro-Sangue norte-americana poderia influenciar positivamente a sua durabilidade nas corridas.

O cavalo Puro-Sangue possui baixa diversidade genética em relação à maioria das outra raças de cavalos, com um tamanho populacional efetivo pequeno e uma tendência de aumento da consanguinidade. Até recentemente, os efeitos da consanguinidade baseadas em pedigree estão associadas a um forte efeito negativo no desempenho em corridas. Em Puro-Sangues europeus e australásicos, a consanguinidade, quantificada com base em sequências de homozigosidade (ROH) determinadas a partir de dados de SNP em todo genoma, está associado a uma menor probabilidade de jamais competir em corridas.

Embora a população esteja distribuida globalmente, o Puro-Sangue é em grande parte geneticamente homogêneo, com considerável sobreposição na variação entre as regiões. Para cada região geográfica, linhagens paternas proeminentes são os principais motores de diversidade genética. No entanto, seleção específica por região para características favoráveis aos diferentes ecossistemas de corrida e variação nas práticas de criação podem impactar as diferenças na genética populacional entre regiões geográficas.

Portanto, examinamos os efeitos da consanguinidade na população de Puro-Sangue norte-americana e comparamos com os resultados obtidos para cavalos europeus e australásicos. Quantificamos a consanguinidade com base em ROH (FROH) usando genótipos de 333 K SNP de n = 768 cavalos (n = 207 machos, n = 561 fêmeas) nascidos na América do Norte entre 2008 e 2016 e genotipados no Axiom Equine Genotyping Array (Axiom MNEC670). Todas as amostras tiveram uma taxa de chamada >95%, e todos os SNPs tiveram taxa de chamada >95% e frequência alélica menor >5%. Chamamos ROH com um comprimento mínimo de 300 kb usando - homozyg no Plink v1.90b. Todas as análises foram realizadas conforme descrito anteriormente.

Os coeficientes de consanguinidade (FROH) foram calculados somando-se o comprimento total de ROH de cada indivíduo e dividindo-se pelo comprimento do genoma autossômico de 2281 Mb.

A distribuição de FROH na América do Norte foi semelhante à distribuição europeia e australásica, com mediana de FROH = 0,28 (figura S1). Houve pouca evidência de estratificação populacional em uma análise de componentes principais usando genótipos das amostras europeias, australásicas e norte-americanas, com os cavalos norte-americanos distribuídos dentro da variação das outras regiões (figura S2). Em média, os animais individuais apresentam 434 (variação de 370 a 670) segmentos de ROH >300 kb, com comprimento médio de 1,4 Mb (o ROH mais longo se estendeu por 42 Mb) e FROH médio variando de 0,16 a 0,34. 

Para os cavalos nascidos na América do Norte e incluídos na coorte de estudo, os registros de corridas foram obtidos para a Europa, Australásia e América do Norte. Entre os cavalos genotipados, 654 tiveram pelo menos uma corrida registrada (correu) e 114 (14,8%) não tiveram registro de corrida (não correu). Os cavalos que correram tiveram mediana de 10 corridas. 

Para testar a hipótese de que a consanguinidade afeta o desempenho em corridas, modelamos os efeitos da consanguinidade nas corridas usando a linha geral de modelos mistos em Ime4. Um cavalo recebeu 0 se nunca tivesse corrido e 1 se tivesse corrido. Entre os cavalos norte-americanos, FROH não foi associado (p = 0,518) com a probabilidade de ter corrido alguma vez (figura S3, tabela S1). Separar ROH em ROH longas (≥5Mb) e curtas (<5Mb) também não mostrou efeito na probabilidade de já ter corrido alguma vez (figura S4, tabela S2).

Além de modelar os efeitos da consanguinidade sobre se um cavalo havia corrido, também ajustamos um modelo para testar se FROH está vinculado a um menor número de corridas entre aqueles cavalos que realmente correram (n = 654). Entre os cavalos que correram, FROH foi significativamente associado (p = 0,002) ao número de corridas (figuras , S5, tabela 1). O número de corridas diminuiu significativamente (p = 0,002) com o aumento do FROH (log da razão de chances: logOR [intervalo de confiança de 95%] = -3,879 [-6,30, -1,46], tabela1). ROH longas e ROH curtas tiveram efeitos semelhantes sobre o número de corridas (figura S6, tabela S3). No geral, espera-se que cavalos com um FROH 10% maior do que a média do coeficiente de endogamia, tenham 3,5 corridas a menos em comparação com cavalos com o coeficiente médio de consanguinidade (tabela S4). O modelo prevê aproximadamente 16 corridas para cavalos com FROH mais baixo (0,18), mas apenas 7 corridas para cavalos com FROH mais alto (0,38). Aproximadamente 9% da variância total no número de corridas é explicada pelo modelo.

Os resultados obtidos para a população da América do Norte contrastam com os resultados para cavalos europeus e australianos. Entre os cavalos europeus e da Australásia, o FROH não estava associado ao número de corridas iniciadas. Para a América do Norte, a depressão por consanguinidade impacta na durabilidade (número de corridas iniciadas) dos cavalos que correm, em vez de influenciar se eles correm ou não. Além disso, tanto ROHs longos quanto os curtos contribuem para a depressão por consanguinidade observada para essa característica na América do Norte. A diferença no efeito da característica pode ser considerada no contexto da variação regional nos ecossistemas de corridas. Uma das principais diferenças entre corridas na América do Norte em comparação com a Europa e a Austrália é a superfície da pista onde os cavalo treinam e competem; na América do Norte, a maioria das corridas ocorre em pista de terra, enquanto na Europa e na Australásia a maioria ocorre em grama. Além disso, na América do Norte, as corridas tendem a ser realizadas durante o ano todo em determinadas pistas nas quais os cavalos também são estabulados e treinados. Na Europa, os cavalos tendem a ser estabulados e treinados em centros privados, afastados das pistas, e  transportados para as reuniões de corridas que acontecem em períodos específicos do ano, e na Austrália há um modelo misto. Além disso, também há uma variação considerável no controle de medicamentos permitidos e proibidos entre as diferentes jurisdições de corrida, tanto entre países quanto entre estados dos Estados Unidos (116º Congresso estadual dos Estados Unidos, 2019-2010).


Figura 1: Contagens previstas de partidas de corrida para diferentes coeficientes de consanguinidade FROH usando o modelo: corrida (>0) ~ FROH + sexo + (ano de nascimento) + (OLRE). Modelo dePoison para o número de corridas entre cavalos que competiram. OLRE é o efeitoaleatório denível observacional que considera a sobredispersão. Os gráficos mostram as mesmas linhas de previsão com (esquerda) e sem (direita) os dados brutos plotados por cima. O gráfico da direita dá um zoom mais próximo na área de plotagem relevante.




Uma possível explicação para a associação na América do Norte entre consanguinidade e número de partidas em corridas, mas não com o fato de já ter corrido, pode ser a prática de treinar e correr no mesmo hipódromo. Cavalos que realizam treinamento de 'exercício de trabalho' de alta intensidade no mesmo hipódromo onde competem podem ter mais probabilidade de participar de uma corrida do que cavalos que são treinados em outro local e que precisam ser transportados por longas distâncias (centenas de quilometros) para competir. Uma segunda possibilidade é que nossa amostra de Puro-Sangue norte-americanos seja pequena demais para revelar um efeito sobre o fato de o cavalo já ter corrido alguma vez, representando apenas 13% do tamanho da amostra usada para cavalos europeus e da Australásia. 

Independentemente da explicação, aqui mostramos que a consanguinidade tem um efeito negativo no Puro-Sangue norte-americano, de tal forma que cavalos com níveis mais elevados de consanguinidade são menos duráveis do que animais com níveis mais baixos de consanguinidade. Considerando a tendência crescente de consanguinidade na população, esses resultados indicam que pode haver também uma trajetória paralela em direção a reprodução de animais menos robustos. De fato, ao longo de um período de 40 anos, o número médio de corridas na América do Norte diminuiu 35%, de 9,21 (1980) para 5,95 (2021) partidas por corredor. Embora considerações comerciais e oportunidade de corridas possam ter influenciado esse declínio, aqui mostramos que a consanguinidade também é um fator contribuinte significativo, presumivelmente como resultado do efeito cumulativo de mutações deletérias em todo o genoma. Portanto, esforços para mitigar a consanguinidade devem ser considerados para a melhoria da raça. Gerenciar a consanguinidade na população, determinando a relação genética entre possíveis parceiros e selecionando animais menos emparentados para reprodução, poderia melhorar a durabilidade em corridas dos cavalos na América do Norte, com efeitos positivos a longo prazo na saúde e sustentabilidade da população.


Emmeline W. Hill
Beatrice A. McGivey
David E. MacHugh


Tradução do inglês: Ricardo Imbassahy




Woottom Bassett









segunda-feira, 6 de outubro de 2025

Um domingo de ouro para a criação Aga Khan

 



Na data máxima do turfe francês, a família Aga Khan confirmou seu poderio no turfe mundial ao vencer com Daryz o seu oitavo Arco do Triunfo e conquistar o título de criação recordista da prova. Ela foi vitoriosa em 1948 e 1952 (S.A. Aga III), 1959 (Pce. Aly Khan), 1982, 2000, 2003, 2008 (S.A  Aga Khan IV) e 2025 (Aga Khan Studs).

E, diante de platéia colossal em ParisLongchamp, o Prix de L'Arc de Triomphe 2025 se apresentou como uma dessas corridas imortais. A prova foi um combate de titãs entre a favorita Minnie Hawk (Frankel) - com a conhecida vantagem de peso oferecida as fêmeas nessa prova- e o jovem Daryz, cujo pai Sea The Stars foi o vencedor do Arco 2009. Não se pode deixar de destacar a apresentação do ótimo Sosie (Sea The Stars) que obteve um excelente terceiro lugar e assim como Daryz também demonstrou notável point de vitesse.

Minnie Hauk foi quem, após uma corrida firme atrás dos líderes Hotazhell (Too Darn Hot) e Croix du Nord (Kitasan Black), abriu a batalha nos 200 metros finais, seguida de perto por Daryz. Os dois campeões travaram uma batalha magnífica, e foi somente na linha de chegada que Daryz se impôs, vencendo por uma cabeça.

Além da vitória de Daryz, outros três inscritos Aga Khan obtiveram excelentes resultados no dia:

1 - Zarigana - 2ª colocada no  Prix de La Foret (G1, 1400m),

2 - Narissa - 3ª colocada no Prix Marcel Boussac - Criterium des Pouliches (G1, 1600m) e

3 - Rayif - 3º colocado no Prix Jean-Luc Lagardere (G1, 1400m).

Também deve-se enfatizar o excepcional trabalho do time Francis-Henri Graffard e Anthony David, que obtiveram nesse ano a sexta vitória de Grupo 1 para o Aga Khan Studs com cinco cavalos distintos (Daryz, Zarigana, Calandagan, Candelari e Sibayan).

Segue para análise dos apreciadores, os pedigrees das estrelas Aga Khan do último domingo:


1 - Daryz





2 - Zarigana






3 - Narissa









4 - Rayif







Obs.: Todos os cruzamentos Aga Khan atendem ao sistema Vuillier.








quinta-feira, 11 de setembro de 2025

Inbreeding no PSI



Marcel Boussac, um dos maiores criadores do PSI, se notabilizou por ser adepto da endogamia e foi reconhecido como o inventor de "uma raça dentro da raça." 

A endogamia é utilizada no melhoramento genético dos animais domésticos com a intenção de concentrar em um indivíduo os genes de um ou mais ancestrais superiores, na expectativa de que um maior volume de seus genes possam ser expressos, ou seja, o principal objetivo na utilização de inbreedings é conseguir condições adequadas para a atividade explorada. De forma geral, precocidade, morfologia e tipo físico são aspectos que se refletem em produção.

Precocidade e morfologia correta são dois aspectos também fundamentais na indústria do PSI e devem sempre serem considerados. Quanto ao tipo físico, ele é pouco relevante na seleção da raça, como exemplo, apenas os turfes dos EUA e Brasil dão maior importância para indivíduos agigantados. 

Tamanho, perfil de cabeça, posicionamento de orelhas, inserção de cauda e pelagem são pontos irrelevantes quanto à expectativa de desempenho. 

O objetivo principal na raça quando se pensa em inbreeding é o de concentrar ao máximo genes de determinados ancestrais na esperança de que suas "genéticas de corrida" se destaquem. 

No PSI os criadores, na sua maior parte, em vez de procurar concentrar genes que se mostram complementares em tipologia funcional, mais misturam do que tentam corrigi-los. Estratégia que basicamente embaralha os genes de forma aleatória, frustrando assim o propósito principal da endogamia.

O grande equívoco de fundamento na utilização de inbreedings no PSI é o de "misturar" em um pedigree descendentes de um mesmo ou vários ancestrais sem considerar a performance de suas descendências. É principio básico sempre se buscar o equilíbrio na convergência das genéticas para se evitar o antagonismo funcional.



Muitos estudiosos da herança no PSI, dentro de entendimento moderno, consideram que a partir da quarta geração também somente é razoável considerar endogamia profunda quando na ancestralidade existir total compatibilidade na transmissão da tipologia funcional dos indivíduos em inbreeding. Consequentemente endogamia além da quarta geração só pode ser considerada efetiva na transmissão da "genética de corrida" se ela vier através do equilíbrio de linhas. E o grande exemplo histórico desse pensamento é RIBOT.



Para esse estudo foi utilizada uma amostra de vencedores, das provas de Grupo 1 do calendário clássico do Jockey Club Brasileiro nos últimos 5 anos. A escolha por provas do JCB está baseada na premissa de que ele é o hipódromo de maior seleção do turfe nacional.

Considerando endogamia até a quarta geração, o número testemunha para vencedores no PSI é de 25%.  Nas 72 provas G1 analisadas era esperado que dezoito desses vencedores fossem endogâmicos. Na realidade, apenas uma dúzia, ou 17%, são endogâmicos, um resultado abaixo da média.

Os ancestrais consanguíneos mais comuns encontrados foram Mr. Prospector (três), com representação de suas linhas através de Forty Niner (um), Fappiano (um) e Northern Dancer (um), com seu filho Danzig (três).

1- Tá Legal - 3x4 (Danzig),

2 - Oryx - 3x4 (Mr.Prospector),

3 - Primeta - 3x4 (Kenético), 

4 - Kenlova - 4x4 (Danzig),

5 - Oberyn - 4x4 (Danzig),

6 - Planetario - 4x4 (Mr.Prospector),

7 - Monanfan - 4x4 (Mr.Prospector),

8 - Jackson Pollock - 4x4 (Forty Niner),

9 - Obataye - 4x4 (Unbridled),

10 - Sinsel - 4x4 (Northern Dancer),

11 - Sparco - 4x4 (Halo) e

12 - Oceano Azul - 4x4 (Secretariat).

Quanto aos vencedores 3 anos das provas G1 de geração temos apenas 6 indivíduos - Oberyn, Planetário, Oceano Azul, Monanfan, Sparco e Sinsel em um universo de 35 vencedores. Percentual de 17% para os endogâmicos contra 83% dos outbreds.

Esses resultados sugerem que os inbreedings praticados na criação brasileira oferecem fins abaixo do esperado mundialmente. Talvez estejamos diante de um indicativo que os responsáveis pela elaboração desses cruzamentos devam reavaliar critérios para a utilização de consanguinidade. Em contrapartida cabe destacar, que o estudo em questão mostrou o acerto do Stud Red Rafa na condução da endogamia em seu plantel, um desempenho equivalente a qualquer haras de ponta em turfe do primeiro mundo.

Apesar da amostragem ter sido muito reduzida esses números ainda indicam o que os resultados mundiais atestam, que é razoável admitir que em uma população cada vez mais consanguínea, um cruzamento outbred até a quarta geração oferece grandes vantagens ao desempenho atlético do indivíduo. 







sexta-feira, 22 de agosto de 2025

Twirling Candy, a máquina gramática norte-americana

 



Twirling Candy, é o único Candy Ride vencedor de G1 na grama e também o com maior número de filhos vencedores em provas de Grupo 1, um total de doze. Sendo que desses doze, oito (67%), venceram na grama: AG Bullet, Concrete Rose, Kilwin, Fionn, Beyond Brilliant, Collusion Illusion, Exaulted e Iscreamuscream.

Ele possui um total de 27 graded blacktype winners e 59 blacktype winners, sendo que sua produção é majoritariamente gramática.

Seu índice ajustado de vencedores blacktype é de 7.15%. Twirling Candy é o atual líder da estatística de grama nos EUA e em 2024 foi o vencedor da mesma, derrotando Justify, Into Mischief e War Front; respectivamente segundo, terceiro e quarto colocados.




A família materna de Twirling Candy é a 23-b, reconhecida por sua combinação positiva com a linhagem do chef-de-race Raise A Native. Como exemplo citamos Mendelssohn, Affirmed, Mine That Bird, I'll Have Another, etc.


Em pistas Twirling Candy foi um parelheiro de primeiro time, 11-7-1-1, com a seguinte campanha:

2 anos:

1º Maiden special weight race em Hollywood Park  (7f, D)

3 anos:

1º Malibu S. (G1, 7fD, Santa Anita Park )

1º Del Mar Derby (G2, 9fT, Del Mar)

1º Oceanside S. (G2, 8fT, Del Mar).

1º Allowance optional claiming race (6.5fD,  Hollywood Park)

4 anos:

1º Strub S. (G2, 9fD, Santa Anita Park)

1º Californian S. (G2, 9fD, Hollywood Park)

2º TVG Pacific Classic S. (G1, 10fD, Del Mar)

3º Hollywood Gold Cup H. (G1, 10fD, Hollywood  Park)


Seu pai Candy Ride é um dos mais influentes garanhões nos EUA desse século e sobre o qual já tratamos no blog. Link abaixo:

Candy Ride

Agora em 2025 a criação nacional incorporou o ótimo G1 Game Winner, um dos melhores filhos de Candy Ride. 

Game Winner possui além de importante campanha ($ 2,027,500), excepcional tipo físico e um pedigree moderno, que se apresenta extremamente atrativo ao mercado brasileiro.

Parabenizamos todas as conexões responsáveis pela chegada de Game Winner, é com a incorporação de garanhões dessa qualidade que um turfe pode aspirar maior reconhecimento internacional.


Game Winner


No mesmo raciocínio de Candy Ride, a criação brasileira deveria olhar com atenção os filhos clássicos de Twirling Candy enquanto ainda possuem valores que a nossa moeda pode comprar.