sexta-feira, 5 de junho de 2020

O Movimento Pendular Tesiano - Final






TESIO, em suas anotações legadas a VAROLA, considerava que a preponderância de uma ou outra forma de entendimento quanto a cruzamentos em muitos casos soava como verdadeira, e em muitos outros casos não se aplicava. O fato é que tanto o inbreeding como o livre cruzamento são dois momentos da produção, de igual importância e indispensáveis,  em última análise é o criador que deve julgar se é o caso de orientar-se em um sentido ou no outro. 

Trata-se de conceitos que valem somente se são vistos na perspectiva do momento em que se executa. Por outro lado, não tememos a formar, que de sua mais ou menos rigorosa planificação dos cruzamentos  depende, em última análise, a prosperidade da criação e sua possibilidade de manter-se em um nível de qualidade internacional. Temos visto os mais diversos produtos de 2 anos dos garanhões em atividade no Brasil, e nos indagamos quais critérios presidiram a seleção que originou a esses indivíduos. E também quando o cruzamento é praticado por criadores mais perpicazes, se é fruto do raciocínio formal, isto é, uma investigação de equilibrio entre as qualidades físicas e morais do garanhão e da égua ou se trata de uma solução de momento, sem pensar que aquele cruzamento formará um dia, um esquema mais amplo. 

Acreditamos que essa falta de visão de conjunto leva a um escasso aproveitamento dos garanhões nacionais, ou seja, que já possuem características de adaptação ao meio ambiente, tipos de raia e desenho de pistas dos nossos hipódromos, além de tradições de treinamento, somados ao aspecto moral, e por conseguinte, a ausência de um "tipo" de cavalo que se possa chamar de nacional, como acontece na Inglaterra/Irlanda, Alemanha, Japão, EUA e Austrália. 

Infelizmente a França, a partir dos anos 90, perdeu o seu "tipo" de PSI, pois com a importação de sprinters de inferior qualidade dos EUA, teve a sua base genética desmontada e simplesmente sua produção não conseguiu acompanhar a Inglaterra e Irlanda no quesito alta qualidade. Agora, com apoio da FRANCE GALOP, os criadores franceses tentam voltar ao rumo com novo enfoque criacional.  

O péssimo exemplo francês se viu e ainda se vê no Brasil, onde excelentes animais de pista tem as suas genéticas "nacionalizadas" desprezadas, em detrimento a inferiores que são importados para padrearem nossas matrizes. Esse inconveniente parece destinado a perdurar até jogarmos com inbreedings e cruzamentos livres, sobre uma base genética já adaptada e com pinceladas pontuais de indivíduos de real qualidade, tanto em performance como em pedigree - mesmo que esses não sejam "pedigrees de moda"; seguindo o exemplo de TESIO e que hoje é praticado com sucesso, principalmente pelos criadores japoneses e australianos.


            

Razza Dormello, com apenas 19 hectares foi a base de FREDERICO TESIO.



Ao vermos as estatísticas de vencedores clássicos em qualquer turfe, quanto a inbreeding e cruzamento livre, iremos constatar a dominância de animais "inbreedados". Mas, é muito mais fácil fazer um inbreeding, que evitá-lo, por isso a maioria dos cavalos possuem algum tipo de inbreeding. De fato, essa perspectiva nos chama uma atenção inicial, sem que nos venha à mente as centenas ou milhares de produtos inbred que nunca fizeram nada, nem em corrida  nem na criação. 



Razza Dormello, em Dormelletto, as margens do Lago Maggiore.



Devemos nos atentar a TESIO, quando ele citou a existência de um fluxo e refluxo de grandes linhas de garanhões, e as que encontram-se em hibernação, também necessitam ser exploradas e por tal razão o linebreeding a partir da sexta geração necessita ser perseguido.

  “... embora não possamos reduzir o número de ancestrais em um cavalo, podemos selecionar seus pais de uma forma onde um particular ancestral irá ocupar mais de um lugar em seu pedigree, garantindo assim, uma grande probabilidade que certas características desejadas sejam herdadas”. 

O exemplo clássico TESIANO para FLUXO E REFLUXO é RIBOT, linebreed em ST SIMON 6x7 7x7 6x6 7x6 e 9x7x6x9x8. Com o qual é possível trazer para o presente, a classe de um grande nome do passado. 





Tesio, um arquiteto por formação, criava cavalos como Michelangelo pintava ou Bach compunha, com o requinte de um verdadeiro artista. Seus cavalos foram verdadeiras obras de arte e como tal, são imortais. Quando TESIO pensava em estruturar um pedigree, a ele não interessava se seria inbred ou outbred, o problema não estava no método, mas na escolha errada dos ancestrais com os quais se constrói a linha a ser concentrada, podendo ou não serem emparentados; sendo mais importante o MOVIMENTO PENDULAR do refluxo de garanhões. 


FRANCO VAROLA definiu de forma magistral o trabalho de TESIO:

"A escolha correta é tarefa para os experts, para  aqueles que conseguem ver onde a maioria não enxerga, ou para os artistas como FREDERICO TESIO".